Infinito.

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Um ano depois

Se Jeongguk fechasse os olhos, conseguia se lembrar perfeitamente do dia em que pulou o muro do orfanato com uma coragem inabalável.

Era uma de suas memórias favoritas. Havia uma incerteza, um friozinho brincando na barriga, o coração batendo tão forte no peito e uma curiosidade irrefreável.

Foi o seu primeiro ato de coragem.

Existia uma vontade de explorar o desconhecido, de se livrar daquele tormento que enfrentava no orfanato. Existia o peso da mochila em suas costas, a brisa fresca que sussurrava liberdade a cada segundo, e a sensação inexplicável do poder que Jeongguk poderia alcançar. Quando finalmente tomou coragem para pular, descobriu o mundo de verdade ao lado de Jimin.

Era impossível não sentir vontade de sorrir ao perceber quanto tempo já havia passado, considerando todos os problemas que enfrentaram.

Olhou para a tela à sua frente e se concentrou nos últimos detalhes.

Era uma pintura bonita, realista e que transmitia sentimentos intensos, tanto para ele, quanto para qualquer pessoa que parasse para admirá-la.

Depois de assinar a obra e soltar um suspiro que indicava "missão cumprida", escutou os aplausos de Kim Seokjin, seu professor de artes e, definitivamente, o melhor que poderia existir na face da terra. Isso não se devia ao fato de ser um pintor em ascensão, mas porque ele tinha paciência no olhar, vontade de ensinar e mostrar que a arte era uma das melhores coisas que existe em um mundo tão perdido.

— A tonalidade das cores me deixa apaixonado. O quadro está maravilhoso! — Seokjin exclamou.

A tinta na tela ainda estava molhada, provando que Jeongguk acabara de finalizar a obra.

Jeongguk era um aluno impecável; aprendia todas as técnicas com rapidez, e geralmente sabia o que fazer ao se deparar com uma tela em branco.

Um garoto sonhador com um pincel na mão.

Quem poderia pará-lo, afinal?

Jeongguk moveu a cabeça de um lado para o outro devagar e depois deixou o pincel no suporte. Ele demorou meses até se sentir satisfeito com o trabalho, e, agora, olhando a tela finalizada, respirou fundo.

— Acho que este é o melhor quadro que já pintei até hoje — comentou.

No ateliê da escola de artes de Seokjin, vários alunos também tentavam finalizar suas obras. Jeongguk observou os pintores que preenchiam a sala. Era muito confortável estar cercado de pessoas que valorizavam a arte.

Há meses, quando teve a sua primeira aula — mesmo que tivesse sido bem recebido e até conversado com alguns alunos —, sentiu-se muito intimidado. Além do receio de se enturmar, temia não ser bom o suficiente. Mas, suas preocupações passaram rápido quando se deu conta de que ele também era um ser humano, e que estava lá para aprender. Apesar de ser apaixonado por arte, tinha um longo caminho pela frente.

Conforme comparecia às aulas da Escola de Artes Kim Seokjin, a timidez amenizou, e, às vezes, até sentia coragem para falar em voz alta sobre suas inspirações. Todos prestavam atenção nele.

Jeongguk se sentia em casa.

— O Jeongguk terminou! — Irene, uma das alunas mais antigas de Seokjin, informou.

Todos os olhares foram direcionados ao quadro do pintor.

Jeongguk sorriu ao escutar elogios dos novos amigos e agradeceu em voz baixa. O coração vibrava no peito.

Preciosa Liberdade • jjk + pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora