Com a expressão de puro desgosto, Jeongguk olhou para a sopa que fora servida em seu prato. Só de olhar, o estômago se revirava. Era óbvio, não estava com a mínima vontade de tomar aquilo.
A sopa estava sem cor alguma e aguada, sem contar que o cheiro também não estava agradável. O garoto tinha certeza de que prepararam qualquer coisa sem o menor capricho só para preencher seu estômago, assim como o de todos aqueles garotos ao seu redor.
A comida do orfanato era tão repulsiva que Jeon Jeongguk desejava ser adotado só para ter a oportunidade de comer algo melhor. Já tinha ouvido falar que mães sabem cozinhar de um jeito quase mágico e, pensando nisso, sem que pudesse controlar, seus olhos se encheram d'água.
Park Jimin, sentado ao seu lado na mesa do refeitório, compreendeu o descontentamento do amigo. Ele sempre compreendia. Antes que uma das cozinheiras percebesse, enfiou sua colher no prato do mais novo, tirando toda a "sopa" de lá o mais rápido possível com várias colheradas, e passava para seu próprio prato.
Mesmo naquela correria, Park tomava cuidado para não fazer sujeira na mesa. Era terminantemente proibido deixar o prato cheio quando o horário do almoço chegasse ao fim, e Jeongguk realmente não estava disposto a obedecer a regra. Não tomaria aquela sopa, então nem ao menos tentou impedir a ação de Park.
Jimin sabia que faltou muito amor no momento em que prepararam aquela refeição, mas estava tão faminto que só pensava em um jeito de fazer seu estômago parar de roncar. A governanta tirou seu café da manhã naquele dia ao pegá-lo perambulando pelo jardim do orfanato durante a madrugada.
Havia outra regra que Jimin achava um absurdo: era extremamente proibido estar com os olhos abertos depois das onze horas da noite.
Porém, era raro o garoto conseguir pegar no sono antes desse horário. Se fosse descoberto acordado em seu quarto, talvez não tivesse recebido castigo. Talvez, levasse uma bronca, onde o fariam pensar que jamais seria adotado, afinal, ninguém gostaria de adotar alguém desobediente. Mas, não conseguiu resistir à vontade de tomar um pouco de ar fresco no jardim – seu lugar favorito naquele pequeno inferno.
Kim Taehyung, um dos órfãos, começou a engolir aquela sopa desprovida de sal contra a sua vontade e, quando percebeu a ação dos dois garotos, os olhos dobraram de tamanho. Se fossem pegos, provavelmente receberiam castigos, e isso não seria nada legal. As cozinheiras se dirigiram para a cozinha depois que terminaram de preencher todos os pratos, e Jimin voltou a olhar para Jeongguk quase veladamente.
— Você não vai mesmo querer? — perguntou, desviando o olhar para o prato vazio do garoto.
— Não. Essa água nem deveria ser um almoço. — A resposta veio recheada de repulsa.
— Você vai sentir fome mais tarde. — O mais velho alertou.
— Não é um problema.
Uma cozinheira alta, de olhos encovados, retornou para o refeitório com seus passos silenciosos. Jimin voltou fingir que estava concentrado na refeição, torcendo para que ela não notasse que o seu prato estava mais cheio. Mas, para a sua sorte, a mulher com cara de poucos amigos passou direto e nem lançou o olhar para a grande mesa, enquanto todos os outros órfãos tomavam a sopa ruidosamente.
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Preciosa Liberdade • jjk + pjm
FanfictionCansados de tantos maus-tratos, Jeongguk e Jimin resolvem fugir do lugar esquecido pelo resto da humanidade; o orfanato solitário no centro da cidade. Entre descobertas e desafios, os garotos começam a perceber que o mundo real não era exatamente co...