QUANTA HUMILHAÇÃO

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A minha mente apenas pensou: "isso não está acontecendo". Não pode ser que ela seja a aluna, o universo só pode estar brincando com a minha cara.

- O que você está fazendo aqui, Valentina? – Foi a única coisa que consegui falar.

- Vim cuidar da limpeza do estúdio. – Disse séria e em seguida soltando uma gargalhada, óbvio que ela estava achando tudo muito divertido e quanto mais ela ria mais irritada eu ficava. – É brincadeira, eu faço aulas aqui todo domingo com a Lucia, ela me disse que haveria uma nova instrutora.

- Você fez de propósito, não é?! Fala. – Falei mais grosseira do que jamais tinha falado com ela.

- Claro, Luiza, segundo a sua teoria eu peguei a minha bola de cristal, consultei os astros e percebi que se eu começasse a dançar seis meses atrás hoje você iria substituir a minha instrutora. Realmente, genial. Eu sei que você não gosta de mim, que eu te dei motivos, mas de verdade, cansei, pra mim chega, eu vou embora.

Virou as costas e saiu batendo a porta, me deixando ali, perplexa, realmente não fazia nenhum sentido o que eu tinha dito a ela, e ela não tinha como adivinhar que era eu, merda, merda, merda, minha família precisa do dinheiro, a Lucia precisa de mim, se eu deixar assim ela não vai mais me passar nenhum aluno, é, eu vou ser obrigada a encarar essa garota de uma vez por todas.

Em um ato completamente impulsivo sai correndo atrás dela antes que fosse embora. Corri pelo estacionamento e a vi já ligando a moto. Quanta humilhação, Luiza!!!

- Valentina, espera! – Pedi. Ela me olhou ainda com indignação e desligou a moto.

- Veio me esculhambar um pouco mais? Fazer teorias de que eu vivo a minha vida correndo atrás de você? – Questionou ao tirar o capacete.

- Não, me desculpa, eu fui idiota.

- Foi. – Aí, por essa eu não esperava.

- Eu posso te ensinar. – Ela soltou uma gargalhada irônica ao me ouvir, percebi que tinha mandado mal.

- E eu deveria agradecer? Dobrar seu cachê? Entender que é difícil pra você passar tempo com alguém tão insuportável quanto eu? – O que eu ia fazer pra convencer ela?

- Não, desce dessa moto, vamos conversar. – Ela permaneceu imóvel. – Por favor, Valentina, me escuta, eu sei que tenho sido uma pessoa horrível pra você, mas só me ouve.

- Eu não quero mais aturar as suas patadas, Luiza, e você, pelo jeito, não conhece outro tipo de comunicação. – Mas quem ela pensa que é para falar assim comigo? Respirei fundo, contei até dez de olhos fechados mentalizando os motivos pelos quais eu precisava que ela voltasse atrás.

- Valentina, por favor, desce dessa moto e vamos conversar civilizadamente, eu estou te pedindo. – Falei calma e lentamente.

Ainda de cara fechada, ela atendeu meu pedido de desceu da moto, o olhar dela me fuzilava, eu na realidade nem sabia o que dizer para ela, mas eu precisava achar um jeito de ter uma relação aluna/professora com essa mulher, e antes disso ainda precisava convencê-la de que isso era possível, considerando que nem eu mesma sabia se era.

- Fala. – Falou parecendo o próprio Saara de tão seca.

Eu não sabia o que dizer, não ia implorar para ela ser minha aluna mesmo sabendo que ela estava brava e com razão, mas eu tinha falado sem pensar, era óbvio.

- Eu não posso abrir mão desse trabalho, Valentina.

- E por isso você vai fazer o sacrifício de me dar aulas? Me poupe, Luiza.

Verdade ou Desafio?Onde histórias criam vida. Descubra agora