SAUDADES

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No caminho até o estacionamento onde encontraríamos Igor e Duda ela me contou que a sala que ela estava com a chave pertencia ao diretório acadêmico, que ela tinha ficado para entregar para um colega que coincidentemente não foi a faculdade, eu não comprei muito bem essa história, mas preferi não prolongar o assunto.

Duda e Igor estavam bem casal, abraçadinhos nos esperando perto do carro da Duda, fomos os encontrar porque era de praxe até porque Duda sempre me dava carona a noite, considerando que Valentina não falou nada sobre me levar, segui o plano de sempre.

- Cara, onde vocês estavam? Rodamos a faculdade atrás de vocês.

Claro que nos atrapalhamos toda, Valentina tentou explicar, eu também e no fim Duda percebeu porque cada uma disse uma coisa, riu muito da nossa cara e encerramos o assunto. Igor é que continuava mais na dele perto de mim, agindo com desconfiança, como se a qualquer momento eu fosse ferir a irmã dele e depois do que eu tinha dito no intervalo a situação estava um pouco pior.

- Você vai comigo, Lu? – Duda questionou se despedindo de Igor.

- Sim. – Respondi de imediato, não queria ficar esperando ela dizer que ia me levar e parecer uma abusada.

- Porque? Não quer que eu te leve? – Questionou fazendo a maior cara de cachorro que caiu da mudança.

- Não é isso, só não quero abusar.

- Se você quiser passar mais tempo comigo, é só aceitar a minha carona, se não quiser tudo bem, não tem problema. – Deu de ombros mudando de postura e tentando fazer a indiferente.

- Hey, é claro que eu quero passar mais tempo com você, como disse antes, eu só não quero que você se sinta obrigada a me levar, eu sei que é longe.

- E se eu quiser...

- Se você quiser, eu quero.

- Então fala para a sua amiga, que a última vez quem falou foi eu. – Piscou e foi indo em direção a moto que estava em uma vaga mais afastada do estacionamento.

Me aproximei de Duda que seguia parada esperando que terminássemos de conversar na companhia de Igor, me encarava com cara de "E aí?".

- Eu vou com a Valentina, tudo bem? – Falei timidamente esperando a reação dela.

- Quem é que não sabia?! – Rolou olhos dando mais uma risada. – Vai deixar o tio Augusto de cabelo em pé.

- Puta merda, tem isso também. – Bati a mão na testa, tinha esquecido completamente do surto do meu pai.

- Vê se não se afeta com isso, seu pai vai se acostumar, só não ficar de pegação na frente de casa.

- Eu não fico de pegação. – Respondi colocando as duas mãos na cintura.

- Me engana que eu gosto, dá pra ver na cara de vocês esse fogo, duas safadas.

- Cala a boca, Eduarda, ó o irmão da garota ali ouvindo esse monte de bobagens. – Repreendi morrendo de vergonha, aposto que estava vermelha, pois senti meu rosto quente. – Boa noite pra vocês, tchau. – Saí em direção a Valentina que ouvia tudo e parecia estar achando muito divertido.

- Boa noite, amiga, aproveita. – Gritou de longe.

Ao me aproximar, peguei o capacete que ela segurava me esperando.

- Olha só, é melhor a gente não se beijar muito se o meu pai estiver acordado. – Ela ergueu as sobrancelhas ao escutar.

- Da última vez quem começou de safadeza pra cima de mim foi você, mas pode ficar tranquila, minhas mãos ficarão bem distantes desse corpo.

Verdade ou Desafio?Onde histórias criam vida. Descubra agora