Capítulo 3 - Jogo de caça

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A manhã chegou, o sol voltou a iluminar a floresta. Deneb mais uma vez acorda, mas dessa vez Vega já havia se levantado primeiro. Ela estava se preparando, fazendo seus exercícios matinais, logo após iria polir seus equipamentos, incluindo a lança que Altair recuperou logo pela manhã. Altair seguia o mesmo exemplo, preparando e afiando sua adaga.

— Como estão os ferimentos, Vega? — Perguntou Deneb.

— Dói um pouco, mas nada demais. — Ela respondeu enquanto faz o alongamento.

Deneb percebe o incômodo em sua testa e ao colocar a mão em sua cabeça, ele sente que a região ainda está sensível e dói ao encostar. Ao olhar sua irmã tão alegre e energética, só lhe resta sentir inveja do corpo de ferro que ela possui.

Pouco tempo depois de levantar e arrumar suas coisas, Deneb percebeu que não tinha comido desde a noite passada. Sua barriga roncava e ele parecia estar com uma leve dor de cabeça. Altair percebendo que seu irmão parecia estar com fome, entrega para ele as frutas que havia coletado e que estavam inteiras ainda. Apesar da casca das frutas ser extremamente dura, o interior ainda é comestível e bem tenro.

A pêra apesar de ter o gosto esperado de uma pêra, possui um gosto mais acentuado e rico. Talvez isso se deva pelo fato de toda a floresta ser uma grande região cheia de nutrientes e bombardeada o tempo inteiro com esse ciclo quase sobrenatural de fertilizantes. Além disso, na fogueira que ainda estava acesa, Deneb podia enxergar alguns pedaços de carne que estavam espetados em gravetos, a carne já cozida cheirava muito bem.

— Onde vocês conseguiram essa carne? — Deneb perguntou temendo já saber a resposta.

— Aprendemos que nem tudo que morre deixa algo para trás. — Disse Vega. — Mas no caso alguns brabuínos deixaram pedaços inteiros de carne.

A cara de Deneb de desconforto juntamente com a curiosidade, estranheza junto com o aroma apetitoso da carne, ele por fim se rendeu e pegou um dos espetos. A carne era dura, bem mais do que ele esperava, mas ainda dava para ser mastigada e engolida. O gosto não era muito diferente do que ele já havia provado antes nos ensopados e grelhados que Ral'Zhakar fazia quando voltava de suas viagens.

— De qual parte do corpo será que vem esse pedaço de carne? — Deneb pensou alto.

— Como ela é dura, deve vir dos braços ou pernas. Alguma região que a musculatura estivesse desenvolvida, mas sem necessariamente ser o músculo. — Tenta responder Altair.

— Isso faz sentido, o gosto é bom também. Eles parecem ser uma espécie que se alimenta prioritariamente de frutas. — Vega também quis participar da conversa.

— Eles caçam mais como esporte do que como meio de se alimentar. — Deneb complementa o pensamento de Vega.

— Nós podíamos fazer o mesmo. — Os olhos de Vega brilhavam novamente. — Não que eu não vá comer se por ventura aparecerem mais carnes pelo caminho. — A saliva transbordava com os pensamentos de Vega sobre carnes que viviam em sua imaginação.

— Eu estive pensando. — Disse Altair. — Desde que entramos nessa floresta, nós fomos emboscados duas vezes. E nessas duas vezes sempre foi próximo a uma das entradas do labirinto subterrâneo dos tatu-toupeiras.

— Você acha que é comum das espécies locais esperarem próximas às saídas para emboscar eles? — Deneb pegou rápido o pensamento do seu irmão.

— Você não faria isso? — Altair começa a elaborar seu pensamento. — Eles são a espécie mais fraca local, seus caminhos se baseiam justamente nessa área segura que eles possuem e você é incapaz de adentrar essa área segura.

Tríplice DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora