Capítulo 22 - Aquele que administra as coleiras

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- No vigésimo andar -

Canopus estava na pilastra, levemente atordoada pelo golpe que havia levado. O homem que causou o impacto se aproximou de Deneb preocupado com os gritos de dor.

— Está tudo bem? — Maurice perguntou. — Me desculpa, mas eu precisava ter certeza. Não podia deixar a luta cair em um impasse por conta de um blefe.

Deneb ainda recuperava o fôlego e só foi capaz de anuir com a cabeça.

— O que faremos agora?

— Você consegue remover essas correntes?

Maurice balançou negativamente a cabeça respondendo a pergunta. Nesse instante, Deneb se lembrou do momento no elevador, quando Maurice falou sobre a própria afinidade mutável. Diferente do dia em que ele ajudou a libertar Volaris, hoje ele não tinha o elemento que parecia sugar a luminosidade do local. A elfa estava tossindo por conta do golpe que recebeu no abdômen, mas instantes depois ela se aproximava calmamente dos dois. Ela sabia que não seria mais uma vez atacada, caso fosse, Deneb corria o risco de morrer ali mesmo.

A próxima instância da maldição se aproximava, a elfa estava animada vendo Deneb inutilmente lutar para não transparecer a dor que estava prestes a sentir. O jovem mago teve mais uma vez sua mente açoitada, seus pulmões pareciam em chamas depois de implodir. Estava difícil de respirar, sua boca estava completamente aberta tentando sugar o ar para dentro de seus pulmões, mas nada adiantava. Lágrimas surgiam em seus olhos, sua visão estava ficando turva, pontos pretos apareceram nas extremidades de sua visão.

Ele sabia que tudo isso não passava de algo na sua cabeça, seu corpo não estava realmente sendo lesionado, mas a dor era real demais para ser ignorada. Seu corpo parecia reagir a dor intensa e ele estava prestes a desmaiar, mas ele precisava se manter consciente. Cinco minutos, apenas cinco minutos era o tempo que ele tinha até a próxima ativação. Nesse meio tempo, ele precisava vencer a luta de vontades contra aquela elfa.

— É inútil tentar resistir, eu consigo perceber sua consciência se esvaindo — Canopus falava orgulhosa pelo feito.

Maurice mais uma vez cerrou os punhos.

— Nã-nã-não — Ela balançava o indicador na direção do homem. — Mais um golpe como aquele e o garoto morre dessa vez. Você foi precipitado, não confiou em minhas palavras e veja que fim teve.

A elfa pegou uma das cadeiras do local e colocou bem em frente a Deneb, ela se sentou e cruzou as pernas, apreciando o show de agonia que o garoto estava performando. Seu rosto estava corado, ela não conseguia conter a sua expressão de excitação.

— Vamos, resista mais um pouco, só mais alguns minutos.

— Por q... — o jovem mago tossia incessantemente. — Por que diabos você está fazendo isso?

— Eu já não te falei? Ou toda essa dor fez você esquecer? — Ela apoiou seu queixo em uma das mãos. — Eu quero quebrar o discípulo daquela que maculou o meu rosto.

Deneb conseguia ver as cicatrizes de queimadura por baixo do fino véu negro e da máscara que Canopus usava. A ferida parecia profunda e irreversível, eram roxas como o brilho da magia de Morea e pareciam até agora estar queimando a pele da elfa.

— Por que não pediu para o seu todo poderoso marido lhe curar? Ou conseguir alguém que o faça?

— Ele está ocupado agora, graças a vocês, insolentes.

— Seria esse realmente o motivo? — Deneb se esforçava para mostrar um sorriso cínico em meio a tanta dor que sentia.

— O que você está insinuando com isso? — Canopus alterou o próprio tom de voz, sua raiva transparecia em sua frase.

Tríplice DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora