Capítulo 14 - Experiência

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- Altair -

Antes mesmo que elas pudessem ter uma conversa, outras duas sombras apareceram do outro lado da rua. Dessa vez, Altair tinha certeza que seriam hostis, ele era capaz de sentir uma sede de sangue. As duas sombras bastante confiantes abriram mão de sua camuflagem nas sombras e adentraram a luz. Eram dois bestiais, com rostos e corpos completamente cobertos por vestes negras, ainda assim era possível ver suas garras e o formato de sua cabeça não parecia humana.

— Que sorte! — Era uma voz rouca e masculina. — Viemos atrás de uma ovelha e encontramos uma elfa foragida. E esse não é aquele do cartaz de procurados?

— Sim, ele mesmo — a outra voz também era masculina, mas parecia menos ruidosa. — A sombra noturna.

— Que seja, vamos terminar logo com isso! — Ele arremessou uma adaga para cima das duas que estavam ajoelhadas.

Altair estava longe das duas e não seria capaz de chegar a tempo mesmo se utilizasse o impulso mágico. Ainda que ele alcançasse, ele prefere guardar seus truques na manga. Para impedir a adaga que vinha voando na direção de Hirut, ele arremessou uma de suas próprias facas para interceptá-la. O barulho metálico junto com a faísca do encontro das duas lâminas foi breve, logo após isso as duas armas sumiram para dentro da escuridão, uma para cada lado.

O jovem ladino não perdeu tempo, ficou entre as duas que estavam indefesas e os dois bestiais que as ameaçavam. Ele estava em menor número, além disso ele precisava proteger duas pessoas, as chances não estavam ao seu favor.

— Vamos, levante-se Crystal — Hirut estava tentando levantar a criança rapidamente.

— Mas, e ele? — A voz da elfa parecia genuinamente preocupada.

— Vai ficar tudo bem, apenas vamos.

Durante esse período, Altair não teve tempo para verificar se as duas tinham levantado. Os dois bestiais vieram ao mesmo tempo para cima dele. Em uma combinação de golpes, eles traziam lâminas ao pescoço e a barriga de Altair simultaneamente, uma vinda de cada direção. A percepção e os instintos de Altair fizeram ele aparar uma das lâminas com a sua própria adaga, enquanto se abaixava desviando da outra.

Utilizando do momento e dos seus joelhos flexionados, ele levantou tentando golpear o queixo de um dos assassinos. Infelizmente ele já havia previsto o contra-ataque de Altair e apenas se curvou para trás evitando o golpe.

As duas estavam correndo e pareciam conseguir escapar em breve, Altair só precisaria comprar tempo para que elas continuassem a se distanciar dos dois. Isso não seria fácil, para cada segundo uma lâmina potencialmente fatal passava próximo de seu corpo. Ele desviava, saltava para trás e contornava o aço afiado como podia, mas estava ficando cada vez mais complicado.

— Vá atrás delas, eu cuido dele. — O rouco falava para o companheiro.

— Tudo bem, voltarei em breve.

Em um piscar de olhos o bestial havia saltado em direção às duas, a velocidade que ele havia se distanciado foi enorme. Altair não seria capaz de alcançá-lo se ele permanecesse veloz daquele jeito.

— Não tire seus olhos de mim, criança. — A voz rouca parecia ter vindo de trás da orelha do jovem.

No momento que Altair se distraiu para acompanhar o outro assassino com os olhos, aquele que ficou se movimentou habilmente para o ponto cego dele. Quando o jovem ladino voltou os olhos para onde seu adversário estava, ele já não podia ser encontrado. Juntamente com o frio na espinha veio um incômodo nas costas, ele havia sido apunhalado. Seguido da dor nas costas um braço veio dando a volta em seu pescoço, a força do bestial curvava Altair estrangulando-o.

Tríplice DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora