Seis

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Quando Marinette acordou na manhã seguinte, a primeira coisa que surgiu em sua mente foi a conversa que havia tido com Adrien na noite passada. Ela não podia negar, havia gostado de conhecê-lo melhor e de manter pelo menos uma conversa na qual não trocavam farpas entre si. Ela descobriu muitas coisas. Uma delas era que ele queria ter um filho menino no qual colocaria o nome de Louis em homenagem ao seu melhor amigo que morreu durante um assalto em um dos Bancos de Londres. Adrien tinha um gato chamado Plagg. Era filho único. Sua fruta favorita é o pêssego. E seus sonetos favoritos eram os de Shakespeare, em especial o 40.

Antes de se retirar para dormir, Adrien recitou à ela palavra por palavra de seu poema favorito:

"Toma todos os meus amores, meu bem, sim, toma-os todos;
O que mais tens agora que antes já não tinhas?
Nenhum amor, meu bem, que possas chamar de amor;
A mim tinhas por inteiro, antes de me teres mais ainda.
Então, se pelo meu amor tu o recebeste,
Não posso culpar-te pelo meu amor que usaste;
Mas, mesmo culpada, se porventura te enganaste,
Por orgulho do que tu mesma recusaste.
Perdoo-te por teres me roubado, gentil ladina,
Embora roubes de mim toda a minha riqueza;
Ainda assim, o amor sabe, é uma tristeza inda maior
Suportar do amor o erro do que a injúria do desamor.
Lasciva graça, em quem todo o mal se mostra,
Mata-me com teu desprezo, mas não nos tornemos inimigos."

E a cada verso que ele entonava, o coração de Marinette errava os pulos em seu peito.

Agora, relembrando de tudo isso como se fosse um delírio de sua pobre e desventurada mente, sua respiração falhava mais uma vez. Adrien havia feito juras de amor à ela e, mesmo que essa não fosse sua intenção, de realmente fazer com que cada palavra dessas, significasse, ela não evitava as bochechas vermelhas e um sentimento peculiar.

Não, não era amor.

Nem paixão.

Era... Encanto?! Talvez...

Ela não sabia explicar decerto.

Mas quando Marinette relembrou por completo do dia anterior e se recordou que Antony estava lá em sua casa, ela se apressou para se arrumar e colocar um de seus vestidos de seda perolada, na cor carmim, e desceu as escadas rapidamente. Quando viu o relógio no hall de entrada com a marcação de dez horas, ela se espantou. Ninguém havia a acordado. Ela estava atrasada. Era uma vergonha levantar nesse horário. O que Adrien pensaria? Que ela era irresponsável e uma péssima esposa.

Mas afinal, por que queria se mostrar uma boa esposa à ele sendo que queriam dar um golpe no contrato de casamento?

Ela caminhou um tanto desnorteada pelos corredores, desconfiando do silêncio absoluto. Contudo, quando passou de frente ao escritório de seu pai, ele abriu a porta, se assustando com a presença da filha.

- Marinette? - a chamou, levando a mão ao peito, para acalmar o coração - Ótimo. Preciso falar com você.

Marinette assentiu, entrando no escritório do pai. Ele, por sua vez, se sentou em sua poltrona.

- Decidiram o que farão com o garoto? - ele indagou.

Marinette não sabia ao certo o que dizer. Não haviam decidido nada.

- Bom... - ela hesitou - Ainda estamos vendo qual é o melhor lugar para o enviarmos. Um orfanato ou um internato, talvez...

Tom balançou a cabeça, concordando.

- Devo dizer que não esperava isso de vocês dois. - ele murmurou, cruzando as mãos sobre a mesa - Mas apoiarei suas decisões.

Marinette respirou aliviada pela calma do pai. Estava com medo de ele surtar.

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