Saudações

Vinte e Sete

- Eu não vou aguentar por muito mais tempo... - Marinette grunhiu.

Seus cabelos já grudavam em sua testa pelo suor da quentura que sentia em seu corpo. Não, aquilo não era sintoma por conta da Febre.

Bridgette estava ao seu lado tentando acalma-la, aliás, não é todo dia que se tem um filho e ela mesma entendia que aquilo podia ser bem insuportável e doloroso, principalmente quando a pessoa com quem deveria passar esse momento não estava lá.

Tanto Bridge quanto Félix sabiam que a presença de Adrien ali era importante. Eles sabiam que o loiro ficaria devastado se perdesse o parto do próprio filho por questão de... o que?! HORAS.

Mas não tinha nada que eles pudessem fazer. Seria excelente se existisse algum tipo de carta mágica que assim que você manda, a pessoa recebe na hora e consegue respondê-la em segundos. Mas aquilo não existia (ainda).

Wang Fu havia chegado na casa dos Dupain-Cheng.

Ele não era parteiro, mas era médico e podia ajudar com qualquer complicação que ocorresse. Fora que Marinette era sua paciente e o fato de ela estar em tratamento para a Febre e grávida o intrigava. Ele nunca havia visto coisa igual por todo esse tempo que trabalhou com a doença. Ou seja, Fu queria acompanhar detalhe por detalhe de como o corpo de Marinette reagiria ao parto e como o bebê dentro dela reagiu ao tratamento.

Uma coisa era fato: essa criança resolveu adiantar sua chegada.

Fu não dava que o bebê nasceria antes da próxima semana, mas aqui estavam. Com Marinette sentindo as primeiras contrações uterinas.

- A parteira foi à cozinha pegar a água morna. - Sabine murmurou.

- Água morna? - Tom rebateu com os braços cruzados - Ela deveria estar tirando esse bebê de dentro da minha filha.

- Não funciona assim, pai. - Bridgette deu de ombros - Marinette ainda não está pronta para conceber o bebê.

- Você não ficou tanto tempo assim tendo contrações. - Tom respondeu.

De fato, Marinette estava em trabalho de parto há três horas.

As contrações começaram leves e pequenas, mas agora já tomavam uma proporção maior e estavam moderadas.

A vontade de Marinette de querer segurar aquele neném dentro de seu ventre enquanto seu marido não chegasse estava surtindo efeito. Contanto, ela não sabia que ficar tantas horas tendo contrações seria tão doloroso.

Nesse momento, ela estava quase abdicando desse desejo apenas para cessar aquelas dores.

- Mas cada corpo é diferente, senhor Dupain-Cheng - Félix tentou amenizar.

- Não era para ela estar tão mal assim. - Tom falou.

Ele estava emburrado por ver sua filha no estado que estava. Realmente, se Tom pudesse, ele facilmente matava Adrien Agreste com as próprias mãos por tê-la engravidado e a colocado nessa situação, apenas para que o garoto a abandonasse no pior momento de toda a gestação.

- O garoto tem razão, Tom. - Fu murmurou - Marinette tem uma anatomia diferente de Bridgette ou de qualquer outra mulher no mundo. - ele hesitou - Fora que ela está com a Febre. Não sabemos os efeitos que isso terá no parto.

E assim, é claro que todos se silenciaram. Ninguém queria confessar que estavam com medo de perder Marinette naquele dia por conta dessa maldita doença. Já era, certamente, comum perder uma mulher em perfeito estado para parto normal, mas,  para uma mulher debilitada com a Febre, as chances eram altas.

- Argh... - Marinette berrou, o que distraiu  todo mundo - A-Adrien... Eu preciso do A-Adrien...

Todos a olharam com piedade no olhar e Marinette odiou isso tudo. Ela não queria piedade, ela queria a força de vontade de seus pais para dar um jeito de trazer seu marido até ela.