– O que está olhando? – Bia aproxima-se curiosa.
– Aqueles dois estão aprontando alguma... – mostro Henrique e Luciano na arquibancada rindo enquanto escrevem no caderno.
– Não vi nada demais, parece que só estão conversando. – Bia dá de ombros sem interesse, bebe a água da sua garrafa de uma só vez e volta a correr para jogar futebol.
Para mim é suspeita a atitude dos garotos, porque estão mais interessados em escrever que jogar bola? São sempre os que reclamam de ficar em sala, para os dois Educação Física é descer para quadra.
Tenho que pegar aquele caderno para saber o que estão fazendo, provavelmente é mais uma lista estúpida sobre as garotas da turma.
Decidida me levanto indo até Felipe, vou pedir para o meu amigo chamar os dois e então quando estiverem distraídos pego a prova do crime.
– Marcela! – Ouço o grito de advertência, porém antes que possa ter alguma reação sou atingida.
A bola bate violentamente no meu rosto, o impacto me derruba, ouço as perguntas dos rostos assustados sobre mim, contudo não consigo responder, tomada pela dor que nubla minha mente.
– Caramba, você machucou ela, seu perna de pau! – Bia xinga irritada.
– Se afastem deixem a garota respirar. – o professor Nelson se aproxima – Como você está? Sente tontura, enjoo, visão turva, zunido no ouvido? – alarmado me bombardeia de perguntas.
– Minha cabeça dói – me queixo chorosa ainda deitada no chão.
– E tem como não doer depois de uma pancada dessas – Felipe resmunga.
– Me desculpe, foi sem querer – Matheus surge me estendendo a mão, aceito sua ajuda. – Licença – Ele pede e para minha surpresa o garoto envolve minha cintura me conduzindo pela quadra.
Atordoada com a pancada mal consigo aproveitar a sensação de
seu toque que logo desaparece assim que senta do meu lado preocupado.– Vou te arrumar gelo. – Felipe avisa saindo.
– Acho que tenho analgésico na mochila – Bia pisca para mim e vai procurar o remédio deixando Matheus e eu a sós.– Não quis te machucar, foi mal – sinto a sinceridade em suas palavras.
– Não foi sua culpa, eu que sou azarada com esportes. – confesso querendo aliviar sua ação – Já levei bolada no estômago, susto, ataque de formiga.
– Ataque de formiga!?– questiona divertido.
Conto sobre o dia que sentei no formigueiro, minha humilhação serve para o seu entretenimento, contudo rio também, foi mesmo um incendente peculiar.
– Hahaha, você é muito engraçada.
– Zomba do meu sofrimento, mesmo. – fingi ficar ofendida
– Não tem como não rir. Que bom que a bolada não afetou seu humor.
– Muita sorte, porque você é um péssimo jogador, pancada na cabeça é perigoso. Podia ter morrido, mas se eu virasse um ser de luz, você seria o primeiro que ia eletrecutar. – o nervosismo faz as palavras saírem.
– Fiquei com medo agora, vai tentar se vingar?
– É melhor tomar cuidado – uso um tom de voz sério na melhor tentativa de ser intimidadora.
Matheus observa meu rosto analítico, seus olhos dourados feito mel derretido são lindos, meu coração erra as batidas agitado demais com sua presença, de repente a risada divertida escapa pelos seus lábios quebrando nosso contato visual.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Delírios de Marcela
Fiksi RemajaMarcela é uma garota romântica e sonhadora que encontra nos livros o seu refúgio particular. Sem julgamentos, é na literatura onde ela pode ser quem quiser: uma mulher empoderada e dona da própria empresa, uma super-heroína, uma grande atleta ou até...