Capítulo 8

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— Continuo achando que essa é uma péssima idéia, senhorita — Amélia murmurou pela terceira vez desde que saímos do quarto e caminhávamos pelo castelo.

— Vai ficar tudo bem, Amélia, só precisamos ter muito cuidado — falei mais para mim mesma.

— Bem, já que está tão decidida, mesmo que eu não entenda muito bem o porquê, eu vou lhe ajudar.

— E eu agradeço por isso, Amélia — dei-lhe um sorriso.

O plano estava todo arquitetado em minha mente. No dia anterior, em meio ao tédio e à saudade de casa, tive a brilhante idéia de sair escondida para visitar o vilarejo do reino. O único problema era que o palácio era altamente guardado pelos soldados e seria muito difícil sair sem ser notada.

Para tal feito, pedi a ajuda de Amélia que não gostou nada disso, mas concordou em me ajudar, já que ela estava familiarizada com várias servas do castelo. Ela passou a tarde inteira pedindo informações e procurando por uma rota segura e discreta, e acabou descobrindo uma por onde chegavam os mantimentos e produtos para a cozinha, e por onde os empregados saíam para suas casas.

— O portão que fica nos fundos é guardado apenas por dois soldados, agora temos que torcer para que eles não a reconheçam. — avisou Amélia.

— Com essas roupas acho difícil que isso aconteça. —Amélia conseguiu um vestido com uma das serviçais que me serviu perfeitamente, para que ninguém desconfiasse de quem eu realmente era. — Vai dar tudo certo, eu acredito.

Seguimos nos esgueirando pelos corredores até chegarmos na parte exterior, logo estávamos perto o bastante do tal portão.

— Basta ficar calma e fingir que faz isso todos os dias. — ela sussurrou tentando inutilmente me deixar tranquila.

Eu assenti, mas meu nervosismo só aumentou quando vi os dois soldados observando enquanto nos aproximávamos.

Prendi a respiração e passamos por eles, agora era só passar pelo portão e estaríamos livres. Só mais alguns passos e...

— Esperem aí... — ouvimos a voz de um deles e apreensivas nos voltamos para ele.

— Algum problema? — minha amiga perguntou sem alterar sua expressão.

— Sim. Eu nunca vi nenhuma das duas por aqui antes. — ele era ruivo, alto e parecia ter trinta anos de idade.

— Sou da comitiva da princesa de Aravilly e esta ao meu lado é uma das serviçais do castelo, ela me acompanhará até o vilarejo para que eu possa adquirir alguns produtos pedidos pela princesa.

Fiquei impressionada com a capacidade dela de se sair tão bem assim, enquanto eu estava surtando por dentro.

— Bem, isso explica a sua presença, mas não a dela. — falou se referindo a mim. Olhei desesperada para Amélia, mas ela continuava neutra.

— Isso é porque ela é nova no castelo, com a chegada da princesa foi pedido que uma serviçal fosse contratada para atender apenas as necessidades de minha senhora.

— Ah, é? Eu não sabia que tínhamos uma serva tão linda por aqui — ele se aproximou de mim e me olhou de cima a baixo. — E qual é o seu nome, boneca?

Senti meu sangue fervendo, detestei muito a forma que ele me olhava e falava comigo.

— Quem você pensa que é? — disse indignada e ele arqueou a sobrancelha — Se soubesse quem eu sou, não ousaria falar desse jeito comigo.

— E quem você é? — ele riu junto com seu companheiro que observava a cena entretido. — Adoraria descobrir isso de outra forma...

— Ora, seu...

O Amor PerdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora