Capítulo 21

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No dia seguinte, acordei com o som de conversas e passos se movendo de um lado para o outro, pelo visto, todos já estavam de pé se preparando para nossa viagem.

Dei uma rápida arrumada em minha aparência e saí da tenda me deparando com as pessoas atarefadas enquanto guardavam suas coisas e trocavam palavras entre si. Olhei de um lado para o outro, mas não vi sinal de Vicent em lugar algum. 

— Finalmente acordou, princesa!  — me assustei com a voz de Phillip vindo de trás de mim e me virei em sua direção com certo receio, não sabia se seu humor estava melhor do que no dia anterior — Espero que tenha dormido bem, apesar de seu cômodo não ser tão... confortável, como os que você estava acostumada.

— Dormi perfeitamente bem, obrigada por perguntar  — disse sincera — Na verdade, fazia um tempo desde que eu consegui dormir tranquilamente assim.

Era verdade, desde que eu chegara no palácio de Donsfik estava sempre com medo e preocupada com algum perigo iminente, e por isso, minhas noites de sono eram inconstantes e conturbadas.

— Fico feliz em ouvir isso, alteza. — ele fez uma reverência exagerada e eu balancei a cabeça rindo.

Ali estava o Phillip que eu conhecia, o homem que gostava de brincar e me provocar. Ele estava de volta ao normal e aquilo aqueceu meu coração com uma alegria enorme.

— Vou pedir para que alguém desmonte a sua tenda, mas antes... — ele estendeu as mãos para a frente com algo que pareceu um vestido, olhei para ele em confusão e ele logo tratou de se explicar: — É melhor trocar suas vestes por estas, não queremos que alguém a veja com estas roupas caras e nos atrapalhem, não é mesmo?

— Entendo o que quero dizer, devo me disfarçar de camponesa, certo? — ele assentiu e eu peguei as roupas oferecidas em minhas mãos. — Já volto.

Entrei novamente na tenda e troquei minhas roupas, o vestido caiu perfeitamente bem em mim e me permiti um sorriso ao contemplar o verde que estampava minhas novas roupas.

Quando saí, encontrei Vicent também me esperando do lado de fora, limpei a garganta e ambos perceberam minha presença me fitando com olhares curiosos.

— Então, como estou? — perguntei balançando o vestido de um lado para o outro. Nenhum deles respondeu de imediato ainda me encarando, um pouco envergonhada com a atenção demorada, soltei um suspiro desapontada. — Está tão ruim assim?

— Não, claro que não! — Phil foi o primeiro a falar dando um passo a frente. — F-ficou muito bem em você, de verdade.

— Concorda? — perguntei me direcionando ao soldado ainda sem palavras.

— Sim, está bom. — disse desviando o olhar, mas percebi suas bochechas coradas.

— Podemos ir então. — O líder disse, mas algo me veio à mente.

— Espera! — Os dois olharam para mim surpresos com meu grito repentino. — Oh meu Deus! Como eu sou uma péssima amiga! Esqueci completamente de Amélia!

— Quanto a isso, não se preocupe. — Phil abanou a mão dispensando minhas preocupações. — Ela deve chegar com um de nossos companheiros a qualquer momento.

— Você mandou alguém buscá-la?

— Na verdade, ele já estava lá, então só vai trazê-la junto. — olhei para ele sem entender o que aquilo significava.

— Um espião. — Vicent explicou como se tivesse lendo meus pensamentos. — Foi assim que conseguiram se infiltrar tão facilmente no castelo.

Ele direcionou um olhar afiado para Phillip, que apenas deu de ombros e saiu dando ordens para algumas pessoas. Ficamos em silêncio olhando para a frente, minha mente se voltou para as palavras ditas por ele quando estava amarrado e senti minhas bochechas esquentando com a lembrança.

O Amor PerdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora