Capítulo 8

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Os olhos de Hannibal se voltaram para o celular e assim o homem indagou:

— Atenda.

Alice piscou algumas vezes e sentiu um arrepio subindo pelas suas costelas. Ao atender o telefone, a menina respirou devagar e quase vacilou ao dizer:

— Olá, pois não?.

Hannibal possuía uma audição aguçada, e por esse motivo conseguia ouvir tudo o que a mulher do outro lado da chamada dizia.

" Olá, por favor diga ao seu pai que eu vou aceitar o cargo de secretária." — disse a voz do outro lado do telefone.

Alice murmurou um " Uhum" e assim desligou o telefone.

— Então?. — Questionou o doutor.

A jovem sabia que o homem havia escutado tudo o que a mulher havia dito ao telefone, e por isso também sabia que ele estava apenas a testando para ver o quanto ela aguentava ficar sem perguntar sobre a mãe biológica.

— Uma moça disse que aceita o cargo de secretária. — respondeu Alice.

Hannibal deu um leve aceno e apontou para o sofá da sala alegando:

— Antes do jantar, Alice, eu preciso conversar.

Alice então franziu o cenho e perguntou:

— O que eu fiz?.

Hannibal deu um meio sorriso e se sentou perigosamente sobre o sofá.

— Vamos, não se acanhe. — ordenou o pai.

A menina se aproximou devagar, ao se aproximar, a jovem foi jogada de bruços sobre o colo do mais velho enquanto ouvia:

— Nos anos em que eu te criei, não lembro-me de tê-la ensinado a roubar coisas ou pessoas. Não entendo o motivo pelo qual a senhorita achou prudente roubar um cadáver.

— Pensei que o senhor fosse gostar do presente, Desculpa. — murmurou a menina tristonha.

O homem então levantou a saia da jovem e despejou alguns tapas fortes sobre o traseiro da menina. Ao permitir que a mesma se levantasse, Hannibal observou os olhos da filha e indagou:

— Você sabe que eu faço isso porquê te amo.

A menina respirou profundamente e rosnou:

— Você é uma droga de psicopata canibal, não possui a capacidade de amar. Eu nunca me senti amada por você, você me odeia e me faz sentir odiada ... Consequentemente eu me odeio por sua culpa. Tudo de ruim que acontece comigo é por culpa sua, tudo de bom que acontece na minha vida não passa de um teatro armado por você. Tô cansada de ser controlada o tempo todo, eu quero que você me interne em uma clínica. Só assim ficarei livre de você.

Hannibal arqueou uma sobrancelha e respondeu suavemente:

— Você está muito nervosa, garotinha ... Não sabe o que está dizendo. Suba, durma e amanhã conversamos melhor.

A menina então bufou e subiu as escadas. Ao chegar no topo da mesma, Hannibal declarou ainda do sofá da sala:

— Mesmo assim, eu ainda amo você.

A filha deixou uma lágrima escapar dos seus olhos e respondeu com a voz falhada:

— Eu odeio amar você.

Hannibal continuou inexpressivo como na maioria das vezes. Mas quando a sua filha seguiu caminho para o quarto sumindo do seu campo de visão, o homem deixou uma lágrima escorrer de seus olhos castanhos.

Senhorita LecterOnde histórias criam vida. Descubra agora