o retorno

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  Uma música clássica ressoava de forma suave pela sala de estar da casa da família Lecter. Sentado sobre uma poltrona bege do local, estava o doutor Hannibal Lecter. Suas longas pernas cobertas por uma calça de alfaiataria cinza, estavam dobradas. Em uma mesa de canto revestida em vidro, estava um copo de Whisky apoiado.

  Normalmente, Lecter tomaria um vinho branco, devido ao sabor adocicado e suave, mas o seu humor não estava dos melhores, logo, algo mais forte parecia ser o ideal para o momento.

Em suas mãos estava um livro de Edgar Allan Poe, Lecter não era muito fã do escritor, mas após ver sua jovem filha passar quatro meses seguidos lendo todos os títulos do autor, Hannibal resolveu dar uma segunda chance para o mesmo. " O Conto do Gato Preto", esse era o livro em questão. Esse conto estava mexendo com as suas fantasias sexuais, mesmo não sendo um livro erótico, Hannibal se sentia excitado ao lembrar que era casado com uma " Gata Preta ". A mamãe Lecter com certeza receberia cócegas internas naquela noite.

Ao ouvir passos há metros de distância, Lecter fechou os seus olhos ... Saltos agulha e Tênis Vans Old School, captou Lecter. Eram respectivamente sua esposa e filha. Os sons de sacolas acompanhavam os passos, com isso, o homem caminhou até a entrada da casa para ajudá-las com as sacolas de compras.

— Ganhei a aposta! — Festejou Alice ao ver seu pai pegando uma sacola de sua mão.

Elizabeth abriu um sorriso divertido e respondeu com a sua voz naturalmente soprosa e aveludada:

— Sim, ele ouviu os nossos passos. Você ganhou a aposta, lhe devo um sorvete.

Ao adentrarem a casa, Elizabeth anunciou que ficaria na biblioteca da casa estudando alguns casos de clientes do seu trabalho, o  que fez Hannibal não perder tempo e chamar sua filha para lhe ajudar a preparar o jantar.

— O que acha de aprender a fazer cassoulet?  — Perguntou o pai enquanto retirava o seu paletó e tocava os ombros da filha em seguida.

— Pai, tudo bem se eu for para o meu quarto? Não me sinto bem — Respondeu a filha com um olhar cansado.

— Posso te ajudar com um chá? Eu fazia ele quando você tinha cólicas menstruais fortes na pré adolescência, lembra? ... Você relaxava — Ofereceu o mais velho enquanto tocava os cabelos da filha.

A menina recusou o chá e resolveu ajudar seu pai, apesar de não estar se sentindo bem. Ao andar pela enorme cozinha de seu pai, Alice notou que havia um anel sobre a bancada. Ao caminhar até ele, a menina sentiu que já havia visto a peça em algum lugar.

— Papai!? — Chamou a filha.

O homem não respondeu, apenas continuou de costas enquanto deixava alguns alhos. Mas a menina sabia que ele estava lhe ouvindo.

— Esse anel, ele é do senhor? — Perguntou a menina.

Hannibal deixou um sorriso escapar de seus lábios e se virou para sua filha.

— Algum amigo seu deve ter deixado aqui em casa, filha — Respondeu o pai.

— Eu já vi esse anel antes, só não me lembro de quem é — Disse a menina enquanto deixava o anel sobre a bancada e se aproximava do pai.

— Logo logo você se lembra e devolve — Respondeu o pai.

— O senhor quase não tem sotaque — Comentou a filha de forma aleatória.

O pai tocou os cabelos da menina e rebateu:

— Estou há muitos anos aqui, estudei aqui, tive filho aqui, namorei ... Casei ... Fui perdendo o sotaque aos poucos.

— Sente falta da Lituânia? — Perguntou a filha.

O homem deu de ombros e se virou para voltar a realizar a sua função.

Um som de grito abafado soou, o que fez a filha gritar.

— Merda, pai. Esse anel é do James ... Você pegou o James para preparar o jantar.

Hannibal se virou para a filha com uma faca na mão e indagou ainda com a sua voz suave:

— Não, ele está vivo ... Você sabe que eu não gosto de te dar mau exemplo, nunca matei com você em casa.

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⏰ Última atualização: Apr 05 ⏰

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Senhorita LecterOnde histórias criam vida. Descubra agora