Capítulo 29

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Meu pai é um monstro... isso é tudo que posso dizer para resumir quem ele é. Ele agredia e traia minha mãe desde o momento em que casou com ela, ele a estrupou e quase fez o mesmo comigo, duas vezes. E ele poderia ter feito isso com a Mely, minha irmã.
Eu desejava que ele estivesse morto, mas se ficar em um prisão for a única solução para mante-lo longe de mim e de quem eu amo, eu também ficarei satisfeito.

[•••]

Beomgyu estava sentado no sofá da casa de Yeonjun, Melyssa estava tomando banho no andar de cima e sua avó estava conversando com seus amigos no jardim, o garoto de cabelos escuros estava distraído, pensando nas palavras que sairam de seus lábios enquanto falava com os policiais na noite anterior. Haviam se passado nove horas e o moreno ainda não havia dormido, havia olheiras abaixo de seus olhos e um pouco de sangue em suas roupas, ele estava no pior estado que uma pessoa podia ficar.

Psicologicamente e fisicamente.

O moreno não percebeu, mas Yeonjun havia acabado de entrar na sala de estar com uma bandeja em suas mãos, com um prato cheio de comida e dois copos, um com água e outro com suco.

A bandeja foi posta na mesa em frente ao moreno que se assustou ao escutar o som do objeto, Beomgyu virou o rosto para encarar Yeonjun que sorriu para si.

__ Eu não queria te assustar, Beom. Mas você precisa comer um pouco.  - Beomgyu olhou para o prato de comida e em seguida para Yeonjun-

__ Não estou com fome. - respondeu secamente, fazendo o loiro suspirar enquanto se aproximava mais do namorado -

__ Beom, é sério, coma ao menos um pouco ou serei obrigado a bancar uma de mãe exigente e farei o aviãozinho.  - o loiro cruzou os braços e Beomgyu o encarou confuso -

__ Você não faria isso.

Yeonjun não respondeu, ele apenas pegou o prato e a colher, exendo-a com a comida do recipiente, em seguida, olhou para o moreno e sorriu antes de falar.

__ Olha o aviãozinho! - Beomgyu não se segurou e começou a rir enquanto o loiro movia a colher aleatoriamente até os lábios do moreno que olhou para o objeto a sua frente e em seguida abriu sua boca -

Yeonjun sorriu contente enquanto observava o namorado mastigar o alimento, estava a nove horas sem beber e comer qualquer coisa e aquilo o preocupava, o loiro enxeu a colher de comida novamente e levou até os lábios do namorado, sorrindo ainda mais ao ver que dessa vez não havia hesitado em comer.

Eles continuaram aquele processo, até o prato e o copo de suco estarem vazios, agora, Beomgyu estava com sua cabeça deitada sobre o ombro de Yeonjun, apreciando o cafuné que o loiro fazia em seus fios escuros.

__ Eu pensei... que ele poderia mudar.  - o moreno começou a falar tendo toda a atenção de Yeonjun sobre si - Ou ao menos. Fingir que havia mudado, se ele não bebesse tanto, ele iria conseguir mentir, ele mentiu para minha mãe, por quê não conseguiria mentir para os filhos? - o moreno se afastou, olhando no fundo dos olhos do namorado antes de dizer - Eu fui ingênuo em pensar que algum dia poderia chama-lo de pai?

__ Não. Você não foi ingênuo, você apenas queria ter um pai, e isso é algo que todos desejam. Eu nunca te contei isso Beomgyu, mas eu cresci sem minha mãe. - o loiro falou e o menor arregalou os olhos surpreso - Quando eu era criança ela abandonou a mim e ao Soobin, nosso pai criou a gente sozinho e morreu de ataque cardiaco quando eu tinha vinte anos, você desejou um pai, eu desejei uma mãe. Isso é normal, crianças que crescem com a ausência dos responsáveis acabam criando esperanças de que em algum momento no futuro eles iram nos reparar, não importa a idade. Isso é um ciclo da vida.

Amor ao primeiro soco  [YEONGYU-BEOMJUN]Onde histórias criam vida. Descubra agora