Um passo de cada vez | 1.0

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Han Jisung sempre teve uma vida ruim. Seu pai tinha problemas com bebidas e sua mãe vivia - não sabia como - a base de remédios. O homem já bateu na mulher várias vezes, até aconteceu com ele, que tinha apenas 7 anos. Era horrível estar naquela casa, mas conseguiram ajuda antes que a situação piorasse mais do que já estava, por conta de seus vizinhos. Enquanto o homem estava preso, a mulher recebia ajuda em um hospital psiquiátrico e Jisung ficou aos cuidados de sua tia. Ela também não era muito legal e praticamente nem ligava para sua existência. Fazia o necessário: dava comida e uma cama para dormir; para ela, isso já era mais do que suficiente para ele precisar agradecer sem reclamar. Óbvio que ele nunca reclamou, mas queria um pouco de atenção e carinho, algo que sentiu muito pouco em sua vida, ele era só uma criança. Havia poucas recordações boas de sua mãe, menos ainda de seu pai. 

Sempre se esforçou na escola para aprender tudo que o interessava, suas notas sempre foram boas até o ensino médio, o grau que estava no momento. Não tinha ajuda com isso em casa e sempre tentou fazer sozinho, algo que preocupava sua professora quando era menor. Bom, já havia passado alguns anos, mas isso de resolver as coisas sem ajuda continuou. Não queria morar na casa de sua tia pelo resto da vida, mas para se mudar teria que arrumar um bom emprego, o que seria bem difícil se continuasse os estudos em uma faculdade, pois iria ficar exausto e morar em um apartamento barato. Quanto mais crescia, mais parecia pior ficar naquela residência. Tinha menos liberdade, não podia fazer qualquer coisa e ainda teria que aturar a mulher levando um namorado a cada semana, sempre bêbados. Tinha sempre que ficar dentro de seu quarto, desenhando qualquer coisa enquanto usava seu fone de ouvido barato, com suas músicas favoritas no volume máximo para não precisar escutar os barulhos que vinha do cômodo praticamente de frente ao seu. Mas às vezes, apenas ouvia a música deitado, abraçando seu urso de pelúcia que sua mãe havia dado quando era menor. Era seu único e melhor amigo.

Para não se sentir um incômodo, limpava a casa sempre, antes que ouvisse reclamações sobre isso. Também fazia sua própria comida agora. Já era "grande o suficiente" para fazer todas as tarefas domésticas e retribuir o favor de ter recebido um teto para dormir e comida. Fazer o que, ele realmente não queria se sentir um inútil como algumas certas pessoas, trabalharia o máximo possível. Com essa sua decisão, sua tia acreditava que havia mostrado quem mandava naquele lugar, acreditava que estava impondo respeito.

Nos dias atuais, Jisung procurava um emprego de meio período, ainda estava nos seus 16 anos. Limpar a casa sozinho toda vez, era super cansativo, poderia pelo menos ajudar nas contas e ter um pouco de dinheiro próprio, sem precisar se contorcer de agonia ao pedir para a mais velha, sabendo que praticamente cuspiria coisas em sua cara, mesmo que desse o que precisava.
Achou uma vaga de balconista em uma confeitaria chamada Momo e conseguiu, um pouco depois de começar os estudos do terceiro ano. Era uma loja até que bastante movimentada, talvez porque fosse organizada e bonita. Sempre elogiavam as comidas e bebidas também.

Eu serei útil, senhor, não vai se arrepender. — O moreno dizia, inclinando seu corpo para frente de forma educada.

— Espero que não, Han, mas não precisa de tanta hospitalidade. Reconheço que você é educado, parece ser um bom garoto.

Apenas assentiu e arrumou sua postura.

— Bom, eu vou chamar o Lee, ele vai te ajudar no treinamento e com o que precisar. É meu melhor atendente, mas se houver problemas, pode me dizer. O mesmo vai acontecer com ele.

— Não vou causar problemas, prometo.

Expirou rapidamente, em um tom de risada. Acenou com a cabeça e saiu daquela sala, provavelmente a procura do rapaz citado. Han fez o mesmo e ficou esperando por esse alguém.

— Olá, você é o Han, não é?

Uma voz suave e rouca acabou com aquele silêncio de repente. Esperava que fosse alguém bem mais velho, ou alguém que tivesse uma certa intimidação. Quando se levantou e virou para ele, era um rapaz fofo, que mantinha um sorriso gentil no rosto e seus fios negros ressaltavam todas as sardas espalhadas por ele. Ignorou a situação rapidamente e inclinou seu tronco mais uma vez.

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