Águas do Passado | 3.1

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- Mamãe, mamãe, olha o que eu fiz! - O garotinho de 7 anos correu pela casa, entregando uma folha de papel para a mulher que estava sentada na cadeira com uma expressão preocupada.

- Oi, querido. - Ela pegou e olhou para o desenho, dando um pequeno sorriso sincero.

- Gostou, mamãe? É eu e você.

- Tá lindo, Ji-Ji. Vem cá. - Ela colocou a folha na mesa e deixou o garoto subir em seu colo, acariciando sua cabeça.

- Mãe, eu não quero ficar morando aqui.

- Eu também não meu bem, mas não tem pra onde a gente ir...

- Eu não gosto do papai...

- Eu também não... Filho, a mamãe não tá se sentindo muito bem, pode pegar um copo de água..? Por favor...

- Tá dodói de novo, mãe? - O menino fez uma expressão triste e saiu desceu rapidamente de cima da mulher, pegando o banquinho que tinha em um canto para ele. Subiu, pegou o copo e encheu de água do filtro, levando com cuidado até sua mãe. Ela bebeu a água e beijou sua cabeça antes de entregar de volta. Ambos se assustaram com a porta abrindo. O fedor de álcool já impregnava pela casa.

- Tão olhando o quê? - O homem dizia, fechando a porta com força. A mais velha desviou olhar e disse para o garoto sair baixinho. - Eu escutei, vagabunda! Você não ouse sair daqui, Jisung. Pega um copo de água pra mim, agora!

Han começou a chorar em silêncio e saiu para a cozinha, pegando água da geladeira. Voltou limpando o rosto, entregando para ele. O homem pegou e quebrou o copo no chão. - Eu não pedi água gelada! Nem pra isso você serve direito! - Deu um soco no rosto dele.

- Para! Não encosta nele! - Correu até eles e entrou na frente do garotinho.

- Você tá querendo apanhar também?!

- Ele é só uma criança, olha o que você tá fazendo!

- Cala boca sua puta! - Fez o mesmo com ela e puxou seus cabelos, para que levantasse a cabeça. - Filha da puta, por que tá chorando, hein? Não aguenta um soco e quer gritar comigo. Vadia. - Jogou ela no chão e foi para o quarto.

Se sentou e abraçou o pequeno, pedia desculpas sem parar. Os dois choravam com o desespero e a dor que sentiam. Ela se sentia culpada por não ter dado um bom lar para o seu filho, se sentia culpada por não conseguir protegê-lo.

Uma voz ecoava no vazio profundo. Cada vez que citava o nome, se tornava mais alta...

"Jisung..."

"Jisung..."

"Jisung..."

"Jisung..."

"Jisung..."

ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ

- Jisung!

Felix sacudiu um pouco Han, fazendo ele voltar para a realidade. Nisso, até seu ar tinha voltado, por isso estava ofegante, olhando em volta. Estava tudo muito claro.

- Jisung, o que aconteceu?!

- O-O quê...?

- Eu ouvi alguém gritando e quando cheguei aqui você tava chorando muito. Tá tudo bem? O que aconteceu?

- E-Essa mulher...

- Ela fez isso com você? - Segurou uma de suas mãos e o levantou com cuidado.

- N... Não...

- Você é o gerente daqui?! - A mulher finalmente disse alguma coisa, olhando para eles com desprezo, como se fossem algum inseto nojento.

- Não, senhora, eu trabalho com a produção na cozinha. Pode me dizer o que houve?

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