Eu nem acreditava que ele me tinha dito que gostava de mim, eu nem tinha pensado muito bem naquilo que tinha acabado de fazer. Como é que ele sabia que a minha mãe me tinha deixado e que o meu irmão morrera? Eu não lhe tinha contado nada, ou tinha? Eu já nem me lembro ao certo das nossas conversas, tenho de me alhear dele por uns bons quinze minutos, e se tiver sucesso, conseguir-me-ei lembrar de tudo.
Eram cinco da tarde, tinha acabado de lanchar, fui ao computador para ver se a Dani estava online para falar com ela do que me tem acontecido ultimamente. Tenho sentido muitas saudades dela, faltam mais três dias e ela está cá ainda, bem porque estas férias sem ela não seriam o mesmo.
"Olá Dani, eu queria falar contigo." - Bem, logo que eu disse-se o que iria acontecer ela iria logo, mas mesmo logo me responder. - "Eu e o Helliot... Namoramos. Mal saíste de cá, e acontece logo este tipo de coisas não é? Mas bem se quiseres saber mesmo o que realmente se passa, apressa-te na tua chagada, estou a morrer de saudades tuas e espero que esta semana esteja, pelo menos, a ser boa. Beijos da tua M.A."
Demorou cerca de dez minutos a responder.
"O quê?! Como pode ser isso possível?! Tu e o Helliot?! E então o Luke? Ele já sabe? Sabes perfeitamente que isso não é justo, El, não posso apreçar mais a minha chegada, eu estou em casa às três da tarde de sexta."
Ri-me.
"O Luke ainda não sabe, porque ainda não estive com ele. Eu e o Luke somos melhores amigos, ele de certeza que vai entender a minha decisão. Espero eu."
"Pois esperas tu e espero eu, que não despedaces o coração ao Luke. Tu sabes que ele está caidinho por ti, só tu é que não o vês."
"Oh, lá vens tu com essa história, eu e o Luke estamos perfeitamente bem. Só tenho medo que ele não aceite que eu namore com o Hel por causa de não ter gostado do Hel, naquela noite do concerto. Não por o Luke gostar de mim dessa forma que tu dizes."
"Já o tratas por Hel, muito bem! Olha, tu é que sabes mas era bom que falasses com o Luke o mais rápido possível pois nunca se sabe quando certas pessoas possam ir cravar os dentes venenosos e lixar por completo a tua relação com o Luke, é só o que eu acho."
"E achas bem, eu vou fazer isso e se calhar ainda hoje. Obrigada pelos teus sábios concelhos."- Agora estava a ser um pouco irónica. -"Volta rápido, estou cheia de saudades tuas."
"Oh, de nada já sabes que eu sou um Einstein nesta matéria!"
"Pois só nesta matéria!"
"Oh tu sabes que eu sou muito inteligente, bem tenho que ir que os meus primos estão a chatear-me, beijos, fica bem."
"Beijos, tu também."
Decidi ligar ao Luke para lhe contar que eu gostava do Helliot e que eu e ele namoramos, quer dizer, acho eu.
Tocou, tocou, tocou até que no sétimo toque ele atende.
"Estou, quem é?"
Ah? Como assim quem é? Tipo, ele não tinha o meu número no telemóvel dele? Será que apagou?
"Estou, Luke, sou eu a El."
"Ah El, desculpa mas não vi que eras tu. Passa-se alguma coisa?"
"Não, não, não é nada de mais. Eu só queria falar contigo, pessoalmente. Podes vir ter comigo ao café?"
"Sim, claro que posso. Mas tens a certeza que não é nada? É que pareces nervosa."
"Hum, não é impressão tua. Então às cinco e meia no café?"
"Sim, pode ser. Até já então, beijos, linda."
"Hum, beijos."
Desliguei o telemóvel, agora estava aficar nervosa o café ficava cerca de quinze minutos de carro, o meu pai deixou-mo na garagem por isso seria melhor ir tirá-lo de lá. Peguei nas chaves do carro que estavam no balcão, e dirigi-me á garagem. Tirei o carro dentro de segundos. Saí do carro e voltei a casa, vesti o meu casaco verde tropa com pelo no carapuço, e por prevenção peguei no me guarda-chuva. A minha mala já estava no carro, por isso fui para dentro do carro. Estava frio e os vidros embaciados, teria logo, logo de ligar o ar condicionado, mas não me apetecia nada, estava nervosa, e só queria perlongar mais este momento. Estava nervosa pois não sabia como ele iria reagir ao que eu lhe ia dizer, e não queria perder o meu melhor amigo, que eu amava. Mas eu tinha de dizer, tinha de lhe contar.
Liguei o carro, fez um barulho gigante como sempre, segui a autoestrada fria, molhada e cinzenta, algo que não me fazia mais feliz ou incentivada para o que eu ia fazer, mas mais nervosa e amedrontada. Via os pinheiros altos e verdes a passarem por mim a uma velocidade média, via os pássaros a esconderem-se na floresta diante de mim, e quem sabe até os ursos fortes e vigorosos se tenham escondido nas suas tocas. Estava arrepiada. Pensei para mim, "Quando quero consigo ser mesmo pessimista e demasiado obcecada."
Ainda ia demorar a chegar. Dei-me conta de que o radio estava desligado, por isso liguei-o na minha estação favorita da qual eu estava reduzia a quatro estações. Sim o meu carro é um máximo. E estava a dar a música i knew you were trouble da Taylor Swift.
Eram cinco e vinte e cinco, já tinha chegado ao café, estacionei o carro num lugar de vago que havia perto de um fiat amarelo. Procurei o carro do Luke mas ele ainda não tinha chegado, por isso saí do carro e dirigi-me ao café. Sentei-me numa mesa perto da janela, dei uma olhadela pelo café e no balcão vi o Luke.
Ele chegou primeiro que eu, e já estava a beber o seu capuchino, e pelo que eu reparei ele já tinha bebido todo, logo devia estar já algum tempo. Eu estava a olhar demasiado, pois ele como se sentisse o meu olhar, rodou o banco e os nossos olhares cruzaram-se. Desviei o olhar mas pelo conto do olho vi que ele vinha na minha direção. Sentou-se á minha frente e sorrindo muito docemente disse.
"Então El, o que tens para me contar?!"
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Lei da Vida
Genç KurguPor as nuvens, por o vento, por o fogo, por tudo o que vem naturalmente, naturalmente tudo vai, um dia tudo acaba sem ao menos tu saberes. Tudo que era teu, tudo que tu consideravas importante ou especial desaparece sem dizer adeus, e a única coisa...