Acordei numa cama de hospital. Estava confusa não me lembrava ao certo do que aconteceu, será que tinha desmaiado? Não estava a entender porquê que estava a soro e com o oxigénio, se do que me lembro, foi só um corte na cabeça. Não tinha nada partido, não tinha nenhuma contusão, acho eu.
Mexi-me, mas havia alguma coisa no meu lado esquerdo que não me deixava, algo muito pesado, olhei para lá e vi o braço do meu pai. Ele tinha passado lá a noite. Tentei de novo, mas desta vez ele acordou com os movimentos.
Olhou para mim com os seus olhos vermelhos e com umas olheiras muito vincadas. De certeza que tinha adormecido ali, e ainda aposto que deve ter tomado uns quantos cafés para ficar acordado durante a noite para ver se eu dava sinais de vida.
"El, oh meu amor estás bem? Sentes-te bem? É melhor ir chamar um médico, não, não, é melhor a enfermeira." Disse todo apreçado e preocupado.
"Não pai, sinto-me bem, estou é um pouco confusa. Porquê que estou a soro?"
"El, tu desmaias-te á vinda para cá, o médico disse que foi de teres batido com a cabeça no volante, fizeram-te exames mas não disseram nada de mal amor. Acabou por concluir que pode ter sido do sangue, ou então de teres sentido dores que não suportas-te." Com os olhos cheios de lagrimas, mas mesmo assim ainda a tentar esconde-las, a tentar fazer-se de forte.
"Oh pai, desculpa mas eu estava mesmo bem, eu não estava a sentir nenhuma dor." – Menti-lhe pois eu nem sabia que tinha ido para a ambulância, não me lembrava do que acontecera mas era melhor assim, para o meu pai não se preocupar mais. – "Pai, já estou bem não te preocupes."
"Eu sei, eu vou chamar alguém para te examinar, já venho."
Saiu da sala, cabisbaixo e com um passo pesado, ainda estava cansado não deve ter conseguido dormir.
Soltei um suspiro. Não gosto de ficar amarrada a uma cama sem me puder mexer decentemente e muito menos no hospital. Odeio hospitais, fazem-me lembrar a morte do meu irmão quando nós tivemos de vir para aqui, não sabiam se ele podia reagir bem ou mal aos tratamentos de socorro. Mas ele estava muito fraco e por causa disso não resistiu.
O meu pai entrou com o medico, ele viu como estava a minha cabeça voltou a fazer o curativo, pôs gaze e uma pequena ligadura com fita-cola. Olhou para mim e disse para eu olhar para os olhos dele, e com uma pequena lanterna viu os meus olhos.
"Dael sabe que mês é hoje?" Perguntou ele com uma cara seria, não percebi porquê que ele me estava a fazer perguntas.
"Hum, Dezembro."
"Muito bem, e que dia é?"
"Vinte..."
"Certo, eu estou-lhe a fazer estas perguntas para ver se não perdeu memória nenhuma devido ao desmaio querida. Em que dia faz anos?"
Ok, e por quanto tempo ia-mos demorar nisto.
"Hum... treze de Novembro."
"Sim, e o que recebeste nos anos?"
"Nada, a minha prenda de anos é sempre junta com a do Natal."
"Ah. Muito bem. Dael, eu acho que a menina está bem, só precisa de arranjar essa ferida. Vou-lhe dar alta."
"Já tão cedo, Doutor?!" Disse o meu pai meio preocupado.
Por acaso também fiquei um pouco surpreendida.
"Sim, a sua filha esta muito bem pode ir para casa repousar, e o senhor pode muito bem mudar-lhe o curativo. Por isso não vejo motivos para a Dael continuar aqui." Deu um sorriso quando disse o meu nome. Bem pelo menos estava a ser muito atencioso.
O médico e o meu pai saíram do quarto a falar e enquanto o meu pai assinava os papeis do hospital, eu estava a preparar-me, sai da cama mas estava um pouco ourada, nada de mais. Vesti-me.
Alguém bateu á porta.
"Sim, podes entrar já estou vestida." Disse com a maior naturalidade do mundo pensando que seria o meu pai.
Ao virar para a porta vejo o rapaz de ontem, a olhar para mim com um olhar de culpa.
"Ah? Kyle? O que fazes aqui?" Agora envergonhada com o que tinha dito.
"Vim ver se estavas bem, como desmaias-te fiquei preocupado, tinha medo de que te tivesse acontecido alguma coisa."
"Ah! Não estou melhor o médico deu-me alta e tudo!" Disse eu rindo-me para ele para não se sentir tao mal.
"A sério El, desculpa eu devia ter ido mais devagar e... e... Desculpa a sério."
"Tem calma, eu já estou melhor, o que aconteceu podia acontecer a qualquer um." Disse com muita calma para ele perceber que eu desculpava-o mesmo. Não precisava de um rapaz que mal conhecia, começar a andar atrás de mim.
Ele deu um sorriso de través, olhou para mim e começou a andar na minha direcção e abraçou-me.
"Hum... Kyle... Está tudo bem." Disse meia desconfortável.
Mesmo assim abracei-o, ele parecia mesmo mal e arrependido, nos olhos dele deu para ver que se o arrependimento matasse ele estaria morto. Mas algo nele fê-lo parecer muito familiar. Não me lembrava ao certo, mas eu sentia que eu já o conhecera. Onde? Não me lembrava. Mas sabia que o conhecia, agora de onde...
"Sei que isto vai suar super estranho, mas tu fazes-me lembrar alguém. Nós já nos conhecemos?"
Fiquei mesmo chocada por ele dizer aquilo que eu estava exactamente a pensar, fiquei a olhar para ele durante um minuto.
"Hum, não, mas a tua cara também não me é estranha."
Ficamos parados a olhar um para o outro, até que o meu pai interrompeu aquele momento extremamente estranho e silenciosa.
"El, vamos já preenchi o raio daquela papelada toda e..."
Nós os dois olhamos para ele que entrava de uma maneira esquisita, estava de costas e com a mão nos olhos.
"Pai, já estou vestida."
"Ah! Já pronto então ainda bem vamos." Deu um salto ao virar-se para nós.
"Oh não sabia que estavas com visitas."
"Não faz mal nós já tinha-mos acabado de falar." Olhei para ele sorri-lhe e dirigi-me á porta.
"El espera!" Começou a correr na minha direcção, pegou na minha mão abriu-ma e disse.
"Em caso de quereres ir tomar um café ou falar."
Olhei para a mão e vi um papelinho com o nome dele e com o número de telemóvel. Não disse que não. Não sei porquê, achei que manter contacto com ele seria importante. Acenei com a cabeça e fui-me embora do hospital. Meti-me no carro do meu pai que era mil vezes melhor que o meu.
"Bem El, sei que saíste agora do hospital, mas como não tens carro, pensei que podia-mos ir ao stand ver um carro para ti. Já tenho o dinheiro e até era melhor irmos agora."
Não acredito finalmente iria ter um carro decente onde poderia ter á escolha cem estações de radio, e que não precisava de beber carradas de gasolina, que não tinha a tinta desbotar e que podia andar a mais de cem quilómetros por hora.
Fiquei radiante.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Lei da Vida
Teen FictionPor as nuvens, por o vento, por o fogo, por tudo o que vem naturalmente, naturalmente tudo vai, um dia tudo acaba sem ao menos tu saberes. Tudo que era teu, tudo que tu consideravas importante ou especial desaparece sem dizer adeus, e a única coisa...