Era treze de Outubro, quarta-feira, dia em que eu completava dezassete anos.
Faz dois anos neste preciso dia em que o meu irmão gémeo Will morreu. Foi atropelado por um camião enquanto estreava a sua bicicleta nova, que a nossa mãe lhe deu como prenda de anos. Nessa altura eu estava em casa a ouvir musica. Estava muito contente até que ao final da tarde a mãe recebe uma chamada do hospital mais próximo e dizem-lhe que o meu irmão Will estava em coma devido ao acidente. Dois meses depois, ele acabou por não resistir aos ferimentos causados pelo acidente e morreu.
Bem, como é obvio eu ainda continuo muito mal com o que se sucedeu sinto que uma parte de mim desapareceu, podem não acreditar mas sabem aquilo de os gémeos sentirem a dor do outro quando esse está em sofrimento, pronto eu senti que o meu coração tivesse sido desfeito, de um momento para o outro fiquei sem ar e já sabia que se tinha passado algo de muito errado com o will, e então o telefone toca e a minha mãe conta-me a noticia só a confirmar aquilo que tinha acabado de sentir. Eu todos os dias penso nele, penso em quão alegre ele foi em vida e perfeito como irmão. Passado um ano os meus pais decidiram divorciar-se, estavam a ter uma crise emocional muito grande então como a minha mãe não estava aguentar o casamento penoso decidiu pedir o divórcio.
Ela foi-se embora daquela casa deixando-me, a mim e ao meu pai para trás. Mais tarde é que entendi o porquê daquele abandono, ela não queria mais se lembrar do filho perdido, nunca mais queria olhar para a minha cara porque a minha cara era a cara dele. Era por isso que eles tinham esse sofrimento todo. O meu pai já foi mais compreensivo ele foi a umas consultas num psicólogo e agora está muito melhor, o sofrimento não passou mas atenuou um bocado.
Hoje faço anos, não era um dia lá muito bonito mas também tão pouco me importava. Não me apetecia ir para a escola, não pelas pessoas muito pelo contrario eu tenho amigos de quem eu gosto muito, mas sim porque ainda me lembrava do will. O meu pai obrigou me na mesma a ir, ele leva-me todos os dias de carro pois o tempo nunca é certo e ele é muito protetor logo não me deixa fazer muita coisa sozinha, fora de casa… Começo a pensar quando será o dia que ele me deixará "voar" ?
Quando cheguei á escola o Liam estava á minha espera como sempre, cá fora junto ao parque de estacionamento, ele comprimentou-me e deu-me os parabéns e eu agradeci abanando a cabeça e com um sorriso forçado. A Dania é a minha melhor amiga e mal me viu desatou a correr na minha direção e disse logo:
“Parabéns, Dael , como tem sido o teu dia? Como a minha porca passou a sua manhã.” Ela prenunciou a palavra parabéns tão alto que eu tive mesmo de tapar o ouvido direito, nós conhecíamo-nos desde que tínhamos cinco anos, ela sabe de tudo que aconteceu na minha vida porque ela esteve sempre lá nos momentos mais difíceis, ela é a pessoa mais otimista que conheço e é muito divertida já o Liam só o conheci no ano passado no meio do ano letivo, sei muito pouco em relação a ele mas o pouco que sei chega-me. É muito simpático e sincero e pelo que ouvi dizer é um defensor dos animais
“Se não tivesse teste de História estava muito melhor. Mas o que se pode fazer, passei a manhã a estudar história. Então tens uma prenda para mim, para animar o meu dia?” Disse isto como é evidente, num tom de ironia sabia que ela não me tinha comprado nada, ainda.
“Bem, tu sabes como sou nas compras, para além de demorar nem tudo o que vejo é magnífico, logo tenho de procurar em muitas lojas algo que seja digno de presentear a minha melhor amiga é claro!”
“Não o que eu sei é que isso é uma desculpa para Dona Ilda te levar a passear pela avenida, isso sim.” A Dania é aquele tipo de pessoa que adora compras mas que os pais nem tanto logo um acontecimento como o meu aniversário é magnífico para ela.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lei da Vida
Teen FictionPor as nuvens, por o vento, por o fogo, por tudo o que vem naturalmente, naturalmente tudo vai, um dia tudo acaba sem ao menos tu saberes. Tudo que era teu, tudo que tu consideravas importante ou especial desaparece sem dizer adeus, e a única coisa...