Comi a lasanha, acompanhada pelo meu pai. Ele fica impressionado como tão nova, cuzinho assim tão bem. Mas pronto, é sempre bom ouvir um elogio vindo daqueles lados.
Tive de fazer um trabalho de pesquisa ainda hoje antes de ir para cama. Era sobre a segunda guerra mundial, um tema interessante que não me importava nada de o fazer.
O que mais gostei foi de ter adormecido tão rápido que dormi que nem um bebé. Gosto de dormir bem, porque assim no dia seguinte estou bem-disposta.
Era fim-de-semana, posso dormir até mais tarde. "Que bom." Pensei eu assim para mim.
"Dael, olha que eu vou trabalhar o meu chefe chamou-me, tenho de ir. Olha que hoje é feriado a Dani ligou-me para avisar-te como não lhe atendias o telemóvel ligou para mim."
"Huum, tá bem." Tentei dizer alguma coisa, mas o que mais parecia era uma gaga. E o meu hum foi um pouco prolongado.
"Olha que hoje tens de ir às compras, sabes o que tens de comprar?" Eu não estava á acreditar, eram, sei lá, oito da manhã e o meu pai a ter uma conversa comigo, agora! Queria dormir e ele ali a falar á porta do meu quarto como se nada fosse.
"Pai? Não sei se sabes mas hoje é feriado, como disseste ao bocado, estou a tentar dormir mais um bocadinho, claro se não te importares!" Disse num tom irônico dando um tom mais carregado na palavra importares.
"Ei, pronto eu não digo mais nada tem lá calma rapariga eu deixo-te dormir. A lista das compras tá lá em baixo vê se trazes tudo e tem um bom de dia... Rabugenta."
" Está, adeus. Bom trabalho." Tentando formar uma frase minimamente coerente.
Acordei por volta das dez para tomar banho, e tomar o pequeno-almoço. Vi a lista que o meu pai fez, o problema é que a caligrafia do meu pai não se percebe nada, parece letra de médico. Mas o que vale é que eu sei o que falta na despensa. Ouvi a campainha fui ver quem havia de ser, era o carteiro bem que não sabia muito bem o porquê de tocar á campainha.
"Bom dia." Disse eu ainda um bocada rouca por ter acordado á bocado e por ser a primeira vez a falar. Ainda estava com o cabelo molhado, mas pouco.
"Bom dia El? Não me reconheces?"
"Hum, sim sou. Desculpa mas não te reconheço." Ok, esta era a conversa mais estranha que tive até hoje, um carteiro às dez e quarenta na minha porta a perguntar se eu o conheço, bem que as suas feições não me eram estranhas mas não o reconhecia de todo. Ainda me quer raptar é melhor fechar a porta.
"Já te esqueceste de mim, pra quem dizia que não me ia esquecer, nunca nem que fosse para a china." Riu-se, mas riu-se tão alto que juro-vos pensei que ele estivesse bêbado. Esperem lá. Era o Leo? Já não o vejo desde o nosso sexto ano. Que vergonha! Ele foi o meu primeiro namorado, pra dizer a verdade o meu primeiro amor. É normal que não me lembre, ele não me ligou e já se passaram? Quê? Quatro, cinco anos? Nunca pensei que fosse ele!
"Leo?! És tu? Não pode ser?"
"Sim, sou eu ó sua cabeça de vento, deixo-te assim sozinho por meros anos e tu fazes-me isto. Olha que feres os meus sentimentos El!" Corei quando disse a última frase. Ele teve sempre uma queda para o drama e para o sarcasmo. Ele foi-se embora para isso mesmo estudar representação numa escola que lhe desse equivalência ao nono ano.
Sonhos.
"Não tenho culpa, nunca pensei que fosses tu. Foste embora, logo pensei que nunca mais querias ver esta cidade. E vestido de carteiro."
"E não, mas é que a rapariga dos meus sonhos continua nesta cidade. Não conseguia ficar mais tempo longe de ti logo, tive de vir. Emprego part-time, é sempre bom para candidatarmo-nos a uma escola."
"Ah! Uma escola? Aqui? Estás a brincar só pode?"
"Não. Sem ser esta semana, para a outra eu vou para a tua escola." Disse isto com um sorriso de orelha a orelha.
"Olha Leo, muita coisa mudou, eu... eu..."
"Eu sei, quando pensei em vir para aqui não esperava que continuasses apaixonada por mim mas o problema, El, é que eu ainda estou logo vim para ficar e para reconquistar esse coraçãozinho."
Estou em estado de choque, um Deus Grego a dizer-me que ainda está apaixonado por mim, ele deve estar a gozar com a minha cara só pode. Mudou imenso, agora está mais alto mesmo muito. Quê? Deve ter um metro e oitenta e sete para aí, está com o cabelo mais claro não é loiro mas quase, os olhos continuam iguais grandes e pretos. A maneira de falar, a maneira de ser expressivo em tudo o que faz continua lá. Eu sempre gostei imenso dele não por ser lindo como é óbvio mas por ser aquele rapaz que podes considerar amigo e namorado que está lá sempre para te apoiar e nunca dúvida de ti.
"Hum... hum... Espero que sejas paciente e que tenhas muita sorte também." Sorri quando disse muita sorte num de isentivo não lhe ia estar a dar sempre para trás. Ele continuava a ser meu amigo e eu confio nele plenamente.
"Bem El, tenho de ir depois fala-mos melhor."
"Sim, claro vai lá."
Fechei a porta, fui a correr pegar no telemóvel para ligar á Dani. Eu tinha de lhe contar isto.
"Estou chuchu, espero que não fiques chateada por ligar para o teu pai, mas tinha de ser tu não me atendias os telefonemas."
"Sim, claro na boa. Olha nem vais acreditar quem passou aqui por casa?!"
"Quem? O Liam, a dizer que me amava!?" Disse quase aos gritos.
"Não parva, o Leo!"
"Pera lá. O Leo? Leo? Que era teu namorado no quinto e sexto ano?"
"Sim passou mesmo agora por aqui e disse que ia para a nossa escola e que veio porque não conseguia ficar longe de mim!"
"Ele disse isso? Então quer dizer que ainda está apaixonado por ti!"
"Ele diz que sim, agora se está mesmo não sei."
"Amor, agora a sério. E o Luke?"
"Não sei, eu estou sim senhor apaixonada por o Luke mas nós não passamos de meros colegas de turma, se o Leo conseguir dar-me a volta não me importo, porque o Luke também não faz esforço nenhum para falar comigo..."
"Olha que lindo, para quem não tinha coragem de falar com ele... Já imaginas-te que ele pode ter vergonha de falar contigo?"
"Tás a gozar certo? O Luke vergonha de falar comigo, desde quando? O problema dele é a Bree isso sim aquela cobra um dia vai se dar mal é por causa dela que ele mal me fala."
"Coisa linda tu é que sabes, vais algum lado hoje?"
"Não, quer dizer, vou ao supermercado fazer umas compras."
Sabia que ela não iria se fosse ao supermercado, mas tudo bem.
"E... se formos ao centro comercial fazias as tuas compras metia-las no carro e depois ia-mos ver umas montras. Ah? Que achas?"
"Hum pode ser. Mas não é para chegar-mos tarde."
"Sim, sim chega-mos ceadíssimo." Disse ela toda contente, assim já tinha algo para fazer durante a tarde.
Fui arrumar a cozinha para á tarde poder sair e talvez tivesse sorte e encontrasse o Leo por aí, ele não é de ficar em casa o dia todo.
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Lei da Vida
Teen FictionPor as nuvens, por o vento, por o fogo, por tudo o que vem naturalmente, naturalmente tudo vai, um dia tudo acaba sem ao menos tu saberes. Tudo que era teu, tudo que tu consideravas importante ou especial desaparece sem dizer adeus, e a única coisa...