Metal Boyfriends

✎🎸„01 .ཻུ۪۪⸙͎

Hunter sentia-se livre, leve e, finalmente, andava sem a ajuda das muletas. Havia retirado o gesso há uma semana e alguns dias. Também, por mais que o médico recomendou-lhe o uso dos objetos de amparo durante a fisioterapia, o mesmo abandonou-as por completo; afinal, em sua mente, ele já tinha sido um peso para o pai e o melhor amigo, Kevin Schlieb, este último que, inclusive, acabou por deixar a namorada um pouco de lado, para cuidar do mais velho durante esse mês. Não que Emily estivesse brava, muito pelo contrário, a garota entendia a situação e até o acompanhou algumas vezes, junto de Kevin, até a clínica. Ela tentava constantemente ser amigável com Hunter, para que o mesmo começasse a gostar, de fato, dela. Por mais que eles andassem juntos e fossem da mesma banda, Spector sentia que ele não ia muito com a sua cara –o que não está totalmente errado.
Para Sylvester, se ele mostrasse que era capaz de se virar, os três ficariam mais aliviados e assim largariam de seu pé, até no sentido literal. Bom, seu pai não costuma demonstrar preocupação e, talvez, nunca tenha se importado o suficiente, mas a visão de seu rosto após um gemido de dor expressado por Hunter depois de subir as escadas, por exemplo, provava que o mais velho não era tão insensível assim quanto o rapaz imaginava; claro, o Sr. Sylvester ainda estava raivoso pela compra meses antes, nada barata, do filho. No entanto, os dois pareciam estar em “harmonia”, para dizer o mínimo.
Então, lá estava o mais alto saindo do carro, para sua última sessão de fisioterapia, quando Kevin, de prontidão, saiu do veículo também e posicionou-se ao lado do amigo.

ーO que você está fazendo? –perguntava o mais alto.
ーTe acompanhando. –dizia o outro como se fosse óbvio, sendo que das outras vezes não havia feito isso.

Hunter nada disse além de um breve “ok”, e entrou com ele, o deixando na sala de espera, enquanto rumou para a sala do especialista. No fim da consulta, o de cabelos compridos se deparou com o menino de óculos e olhos azuis segurando um sanduíche de queijo e presunto com requeijão extra, o que o fez mostrar um sorriso singelo.

ーComprei o seu favorito… –Hunter abriu a boca para fazer uma réplica, mas logo foi cortado por Kevin. ーEu sei que está bem e, não, não estou te tratando como uma criança… Só queria fazer um agrado.

Hunter respirou fundo para não derreter de vez ao avistar o sorriso do menor, que, mesmo não sendo a intenção, era incrivelmente fofo demais para si.

ーObrigado. –o respondeu, logo segurando o lanche e se deliciava com ele, andando na direção do estacionamento.

Kevin sentou no banco do motorista, enquanto Sylvester sentou no do passageiro, dando partida no carro e dirigiu até a casa do mesmo ao seu lado. O trajeto foi mais silencioso do que o normal, mesmo que Hunter fosse introspectivo ele não ficava mais de três minutos sem abrir a boca. O mais novo o olhou, percebendo que estava quieto demais, então, decidiu quebrar o gelo.

ーVocê… Ainda vai faltar na escola? Sabe, mesmo você tendo ido em algumas aulas, sinto falta de você… Estar lá comigo… –Hunter mordeu o lábio inferior, contendo um sorriso com o simples comentário do amigo, mas esse sorriso sumiu assim que ele completou a fala. ーA Emily também sente a sua falta.
ーFico feliz em saber. E, não, não vou mais faltar. –respondeu seco.

Quando chegaram na residência Sylvester, ambos se olharam e Hunter se pronunciou.

ーEu queria que você ficasse aqui e passasse a noite comigo, sabe? Como nos velhos tempos… Assistindo uns filmes, jogando um pouco, tocando um som irado…
ーEu não posso… Combinei de me encontrar com a…  –o de óculos parou de falar quando o amigo o olhou chateado.
ーEmily…  –Hunter respirou fundo, todavia, antes de sair do carro, se aproximou do rosto de Kevin, que na mesma hora se afastou num pulo. ーVocê adora dizer que sente a minha falta e, quando te convido para a minha casa, diz que não pode cancelar o seu outro compromisso. O ‘casal de ouro’ sempre tem um compromisso.
ーNão é bem assim… Ela é minha namorada e gosto de passar o tempo com ela. Pensei que entendia isso e aceitava.

O de cabelos longos, se afastou um pouco ao perceber que havia levantado a voz para o menor, abaixando levemente o rosto. Ele queria entender, de verdade, mas o ciúmes falava por si só.

ーEu deveria aceitar? –Sylvester se aproximou de Schlieb de novo, dessa vez sem hostilidade. ーÉ idiota… Eu pensei que teria um tempo para mim, digo, sem estar se preocupando com a minha saúde. O que custa você desmarcar hoje…?

O mais alto o olhou de um jeito intenso, o que contradisse sua ação de pôr a mão sob a coxa do menor e dar-lhe uma carícia leve. O outro desviou seu olhar daquelas pérolas negras que quase o faziam mudar de ideia e quando sentiu o toque em sua pele, seu corpo estremeceu automaticamente, ficando arrepiado e suas maçãs do rosto começaram a enrubescer.

ーHunter… Desculpa, eu posso te recompensar depois, eu juro.

Não é como se estivesse contente, porém sorriu mesmo assim e assentiu com a cabeça, saindo do carro em seguida e, sem olhar para trás, foi direto até a porta de sua casa e entrou.