Já estava escurecendo quando Christopher aparece no quarto, com as mãos sujas de tinta e com um longo avental trajado em seu corpo. Segurava uma tela, com uma pintura que eu não conseguia identificar.
─ O que é isto? ─ Pergunto curioso em saber do que se tratava. Ele me entrega a pintura para que eu possa ver melhor e fico surpreendido mais uma vez com o talento que o mesmo tem.
A obra se trata de um olho escorrendo resquícios do universo, invés de lágrimas. As cores que ele
decidiu usar, caíram muito bem na pintura, detalhando as minuciosidades.─ Não tenho nem mais elogios para as suas pinturas. ─ Digo ciente de que Christopher reconhece que, suas artes possuem beleza exuberante.
─ Grazie! ─ Ele diz sorrindo, nunca tinha reparado antes, mas a voz do mesmo fica adorável na língua italiana.
─ Você deveria pendurar na parede também. ─ Sugiro.
─ Se ao menos tivesse espaço... ─ Vejo ele analisar a parede e tenho uma ideia.
─ Pode pendurar no meu lado da parede, se quiser.
─ Sério? você não se importa? ─ Ele pergunta surpreso.
─ Não, está vazio de qualquer forma. Essa parede precisa de mais cor.
─ Legal! Onde você acha que pode ficar legal? ─ Diz empolgado.
─ Naquele cantinho, isso... não! mas pra esquerda, está ótimo agora... ─ Ele posiciona o quadro no canto esquerdo e agora irei dormir observando aquele quadro todos os dias.
─ Quer fazer alguma coisa agora? ─ Ele me pergunta tirando o avental.
─ O que você sugere? já está um pouco tarde, não? ─ Digo olhando o relógio, já se passam das dez horas da noite.
─ Eu sei, podemos apenas conversar, eu tenho vinho.
─ Vinho? Que tipo de Vinho?
─ Vinho branco, eu trouxe do meu país. ─ Ele diz tirando o vinho que até então estava debaixo da cama. Esse cara só me surpreende.
─ O colégio permite isso?
─ Não, mas é pouco álcool. Está tudo bem.
Ele vai até o armário de roupas e retira duas taças de lá e me entrega uma delas, abre a garrafa de vinho e coloca um pouco para mim e para ele.
─ Vamos fazer um brinde à você.
─ Eu? Porquê? ─ Pergunto.
─ De boas vindas!
─ Oh, tudo bem..
Nós brindamos e logo após bebemos um gole do vinho.
─ Então, Ben. Como você veio parar aqui no meio do ano?
─ Ah…eu… ─ Tento falar, mas minha voz falha um pouco e me sinto um tolo, lembrar da situação que me faz parar aqui é desconcertante. ─ Meu pai descobriu uma coisa sobre mim e ficou muita raiva, não queria mais me ver em casa, então me mandou pra cá.
Ele apenas me escuta e não fala nada, agradeço por isso.
─ E você? Como veio parar aqui? ─ Pergunto interessado.
─ Meus pais se separaram, eu vim morar aqui com a minha mãe e meu pai ficou na Itália. ─ Ele diz virando a taça de vinho logo em seguida.
─ Deve ter sido difícil para você.
─ É, foi. Mas eu me acostumei rápido. ─ Ele bebe cada vez.
─ Você sente falta da Itália?
─ Sinto. Eu adoro aquele lugar. ─ Ele diz com um olhar tristonho.
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A cor mais quente em Vênus
RomanceBenjamin Casey é um garoto apaixonado por literatura e encontra nos livros o seu maior refúgio. Desde de pequeno sempre teve problemas com o pai, que por não aceitar a sexualidade do jovem, o transfere para um internato frequentado somente por garot...