É sábado, 20 de fevereiro. Aniversário do Christopher. Eu acordo disposto, a noite tinha sido tranquila, por incrível que pareça. As recomendações da psicóloga não deram muito certo nas primeiras semanas, então precisei ir lá novamente. Foi quando Emma me passou uma medicação, que estava funcionando no momento.
Me levanto da cama e ando até Christopher ─ que dorme calmamente ─ deito em cima dele o forçando a acordar.
─ Feliz aniversário, Chris. ─ Digo em seu ouvido.
─ Grazie, meu bem. ─ Ele diz abrindo os olhos, um tanto sonolento. Christopher tinha pegado o hábito de se referir a mim com apelidos carinhosos, assim como todos os casais fazem, e eu adoro isso. Adoro mais ainda ao saber que ele nunca se referiu a Dylan com algum apelido carinhoso.
─ Dezoito anos, você está ficando velho.
Christopher solta uma risada irônica. ─ O tempo passa tão rápido. Vamos nos arrumar, o metrô sai daqui a pouco.
O rapaz dos cabelos azulados tinha me convidado na noite passada para passar o final de semana com ele em sua casa. E consequentemente, eu aceitei. Me arrumo e pego algumas roupas e coloco na mochila.
Saímos cedo, tempo o suficiente para chegar no metrô. O italiano ainda está muito sonolento, ele dorme encostado no meu ombro, e eu observo o tempo passar rápido lá fora. Fico pensando nas coisas que aconteceram ultimamente, penso na minha mãe, na Suzy, nos meus pesadelos, em Christopher. Minha vida virou de cabeça para baixo quando fui arrancado do armário.
Ele dorme tão naturalmente que até consigo ouvir a sua respiração calma. Algumas pessoas nos olham estranhos e até com nojo. Mas eu não ligo, tudo que importa para mim, está aqui comigo, ao meu lado.
Não demoramos muito para chegar, pois a casa de Christopher não é tão longe do internato. Caminhamos a pé, até um condomínio fechado. É um lugar enorme e bem luxuoso.
Quando chegamos fico surpreso, a casa parece que saiu de Livetopia do roblox de tão perfeita que é. A decoração por dentro, é bonita e moderna.
─ Sua casa é linda. ─ Comento observando tudo atentamente.
─ Obrigado, minha mãe que escolheu a decoração.
─ Onde ela está? ─ Pergunto pensando na ideia de conhecer a mãe de Christopher.
─ Ela está trabalhando, provavelmente não vai aparecer por aqui hoje... ─ Ele diz num tom tristonho.
─ Ah... ─ Me sinto mal imediatamente por ter perguntado sobre a mãe dele. ─ Vamos aproveitar o seu aniversário juntos. ─ Lanço um sorriso sincero pro italiano.
Ele sorri de volta. ─ Quer conhecer o meu quarto?
Faço que sim com a cabeça e ele me leva até o seu quarto no primeiro andar da casa.
Eu imaginaria que seu quarto fosse moderno, assim como a decoração da casa, mas quando entro vejo que é totalmente ao contrário. Em todos os cantos tem alguma pintura de Christopher e obviamente, pôsteres do Bruno Mars, é bem parecido com o quarto que dividimos no internato.
Tudo de seu quarto é bem simples comparado ao resto da casa.─ Seu quarto é literalmente você.
─ Ele reflete um pouquinho da minha alma.
Christopher pede para que eu deixe minha mochila em cima da cama.
─ Está com fome? Vou cozinhar algo para comermos juntos.─ Ele segura minha mão e me guia até a cozinha.
─ Você sabe cozinhar? ─ Pergunto surpreso. O que ele não sabe fazer? Essa deveria ser a pergunta.
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A cor mais quente em Vênus
RomansaBenjamin Casey é um garoto apaixonado por literatura e encontra nos livros o seu maior refúgio. Desde de pequeno sempre teve problemas com o pai, que por não aceitar a sexualidade do jovem, o transfere para um internato frequentado somente por garot...