Em um piscar de olhos o tempo passa rápido, agora já fazem quatro meses que estou no internato. Christopher está discutindo comigo porque não sou fã de pizza, ele parece revoltado.
─ Ben, eu esperaria tudo de você…mas não gostar de pizza? ─ Ele me olha abismado.
─ Eu não gosto de comidas triangulares.
─ Você só pode estar brincando comigo! Isso nem é um motivo plausível. ─ Ele remexe a cabeça pra lá e pra cá.
─ Fica quieto! se não, eu não vou conseguir te ajudar. ─ Digo mexendo na tinta azul, tinha me oferecido para retocar a cor do cabelo de Christopher.
─ Pizza é simplesmente a melhor comida que existe!
─ Você é italiano. É óbvio que pra você é a melhor comida que existe.
─ Qual é? A massa é gostosa, o queijo é delicioso e o pepperoni então! ─ Ele literalmente berra inclinando a cabeça para trás.
─ Olha, eu não sou totalmente hater de pizza, eu só não gosto de comer muito. ─ Digo repartindo o cabelo dele no meio, que por sinal é muito macio.
─ Seu cabelo tem cheirinho de bebê. ─ Comento ao sentir o aroma, o mesmo que senti naquela noite, mas não tive a oportunidade de falar.
─ Eu só uso shampoo infantil. ─ Ele diz e eu nem me surpreendo, Christopher é totalmente diferente do que ele aparenta ser por aparência. Aliás, ele está usando as minhas pantufas de panda, que incrivelmente estão combinando com seu pijama xadrez.
Começo a passar a tinta pela raiz do cabelo dele e mesmo com o pincel, a minha mão já está toda azul.
─ Eu deveria ter comprado luvas, desculpa.
─ Está tudo bem, vai sair algum dia. ─ Digo rindo.
Passo a tinta por uma boa parte do cabelo de Christopher com muito cuidado, pois seu cabelo é uma mistura louca de um preto falhado quase cinza, e de azul. E, eu acho muito charmoso, porque é sempre o azul que precisa ser retocado.
─ É muito satisfatório fazer isso. ─ Digo finalizando. ─ Seu cabelo é tão diferente do que eu imaginava.
─ Como assim? ─ Ele pergunta se olhando no espelho.
─ Tipo, você usa tinta a muito tempo e eu achava que seu cabelo não seria ameno.
─ É tudo questão de cuidado, eu hidrato o meu cabelo frequentemente e faço de tudo para manter ele caprichoso.
─ Dá pra perceber. Admiro o seu esforço. ─ Declaro me jogando na cama. ─ Parece que eu assassinei um smurf. ─ Digo encarando as minhas mãos.
Christopher solta uma risada. ─ Muito obrigado por ter feito isso por mim.
─ Isso não é nada, faria muitas outras coisas por você.
Ele sorri pra mim agradecido, consigo perceber isso pelo o seu olhar.
─ Quer ler alguma coisa? ─ O italiano pergunta vindo até mim.
─ Hum? Ler? ─ Fico surpreso por um momento, Christopher gosta de ler?
─ Sim, tenho até quarenta cinco minutos. ─ Ele diz se referindo a tinta do cabelo.
─ Você agora gosta de ler? ─ Pergunto me sentando na cama, deixando espaço para que ele possa sentar também.
─ O que eu não faço por você? ─ Ele indaga me observando, esperando que eu pegue algo para lermos juntos. Pego um dos meus livros de poemas.
─ Ler poemas é bom e rápido. ─ Digo abrindo o livro: "o que o sol fez com as flores da rupi kaur." Eu adoro esse.
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A cor mais quente em Vênus
RomanceBenjamin Casey é um garoto apaixonado por literatura e encontra nos livros o seu maior refúgio. Desde de pequeno sempre teve problemas com o pai, que por não aceitar a sexualidade do jovem, o transfere para um internato frequentado somente por garot...