Capítulo 15 - Christopher

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Já faz um tempinho que estou morando na Itália, residindo junto com o meu pai. Diferente da minha mãe, ele mora em um apartamento simples, onde passei uma boa parte da minha infância, antes de ir embora. Eu gosto do lugar, é confortável e adorável. Eu trouxe várias pinturas para o meu pai e ele elogiou todas elas. Ficou muito feliz com a minha evolução.

Eu mandei mensagens para Benjamin durante todo o tempo que pude, mas é difícil manter uma comunicação a distância. Muitas noites eu chorei sentindo falta dele, do beijo, das carícias, dos abraços...eu não podia acreditar que não iríamos terminar o ensino médio juntos.

Eu frequento todas as manhãs a academia de artes do Senhor Stefano. Ele me ensinou várias técnicas novas, e sinto que estou criando um bom relacionamento com ele. À tarde vou para colégio e volto à noite. Meu pai e eu jantamos todos os dias em uma cafeteria perto do trabalho dele. Às vezes frequento uma academia perto da minha casa também.

Meu pai sabe praticamente tudo sobre mim, nós não costumamos guardar segredos. Contei para ele sobre Benjamin e ele se sentiu mal por mim.

Eu penso no Benjamin o tempo todo, como ele não responde muito as minhas mensagens, costumo falar com Henry, para saber como ele está, mas ele não me conta muitos detalhes. Sinto que está escondendo algo de mim, talvez algo sobre Benjamin.

─ Ele mal responde as minhas mensagens, estou preocupado.

─ Ele deve estar ocupado filho, não se preocupe com isso. ─ Meu pai diz numa tentativa de me reconfortar, mas isso martela muito na minha cabeça.

─ Você já tentou ligar?

─ Já, mas ele não atende as minhas ligações.

─ Então, deve ter algo de errado.

Isso só confirma a certeza que eu tenho, é óbvio que tem algo de errado e vou descobrir o que é. Aviso pro meu pai que vou voltar para casa mais cedo, ele assente e fica na cafeteria. Está muito frio na Itália, portanto apresso os meus passos segurando o casaco com força. Ao chegar ao apartamento, a primeira coisa que faço, é ligar para Henry, estou impaciente.

Ligo uma vez, duas, três e ele só atende na quarta ligação.

O que aconteceu, cara? ─ É a primeira coisa que ele fala ao atender.

Me conta a verdade. ─ Digo direto.

Que verdade?

Sobre o Benjamin, eu sei que você está escondendo algo de mim. Ou talvez, várias coisas.

Há uma hesitação do outro lado da linha, ouço a respiração pesada de Henry.

O que exatamente você quer saber?

Tudo. Porque ele não atende quando ligo, porque não responde as minhas mensagens, porque você não me conta praticamente nada sobre ele. O que porra está acontecendo, Henry? Eu estou desesperado.

Se acalma, por favor. É um assunto delicado.

Ao ouvir isso sinto uma pontada no peito.

O Ben, ele está passando por um momento frágil emocionalmente e me pediu para não contar nada para você. Mas, vou contar já que você insiste tanto, só não conte a ele que eu contei para você. ─ Ele diz quase sussurrando.

Tudo bem, eu não vou contar nada, só preciso saber...

Depois que você foi embora, o Benjamin ficou muito abalado, cara. Não parava de chorar, não comia, não tinha ânimo pra nada e ainda continua assim, só que está melhorando. Ele está indo para terapia frequentemente e acho que já fica bem óbvio pra você o porquê disso.─ Henry faz uma pausa esperando que eu diga algo, mas estou perplexo que nenhuma palavra sai da minha boca. ─ Benjamin tem dependência emocional em você e está tentando passar por isso.

A cor mais quente em VênusOnde histórias criam vida. Descubra agora