Os dias passaram rápido o suficiente para as aulas voltarem. Saí do hospital no dia seguinte e passei o resto da semana e o ano novo na casa de Suzy. Meu pai apareceu em casa três dias depois do que tinha me feito. Eu ganhei um celular de presente da minha mãe.
─ Tenha uma boa aula, filho. ─ Minha mãe diz se despedindo de mim na porta do internato. ─ Ligue sempre que puder.
─ Obrigado, mãe. Vou ligar. ─ Digo vendo ela se afastar.
Uma pena que eu só poderia usar o celular nos finais de semana.
Entro no internato cumprimentando a senhora da recepção e subo as escadas ansioso para ver Christopher.
Quando entro no quarto, o vejo distraído mexendo em algo na sua cama, e encontro a oportunidade perfeita para vingar todos os sustos que ele me deu. Me aproximo sem fazer barulho e belisco a perna dele. O italiano sobressalta e me olha assustado.
─ Ben? Você me assustou. O que aconteceu com a sua testa? ─ Ele pergunta e eu demoro pra entender que ele está falando do curativo que estou usando.
─ Ah, isso daqui? Não é nada demais. ─ Digo passando a mão pelo local um pouco frustrado.
─ Tem certeza? ─ Ele me analisa preocupado.
─ Tenho, está tudo bem.
─ Ben, você pode contar comigo sempre que precisar, se quiser conversar, eu estou aqui. ─ Ele diz segurando os meus ombros.
─ Obrigado, Christopher. Eu digo o mesmo.
Ele sorri.
─ Sua mãe gostou do presente? ─ O italiano pergunta.
─ Ela gostou muito. Obrigado pela a paciência de ter me ajudado.
─ Não tem porque agradecer.
─ Como foi o seu Natal e o ano novo? ─ Pergunto desarrumando a minha mochila.
─ Foram legais. Ganhou alguma?
─ Ah, ganhei um celular que recusei várias vezes. ─ Digo ao relembrar a minha reação quando vi o celular.
─ Por que?
─ Porque eu não esperava algo caro, não gosto que minha mãe gaste dinheiro comigo. ─ Explico ao terminar de arrumar as minhas coisas.
─ Entendi, agora você pode adicionar o meu número. ─ Ele comenta.
─ Sim, e você ganhou algo? ─ Questiono.
─ Ganhei uma paleta de tintas novas que eu queria muito.
─ Que legal, depois quero ver.
Christopher assente. Ouço o sinal tocar e me jogo na cama de uma forma dramática.
─ Se eu ficar o dia inteiro dormindo, eu vou ser punido? ─ Pergunto me recusando a me levantar da cama.
─ Conserteza.
─ E se eu fingir uma doença? ─ Indago lembrando que isso sempre funcionava na minha escola antiga.
─ Eles vão mandar uma enfermeira vim te ver.
─ Eu não acredito. ─ Digo indignado.
─ Se quiser testar, é só ficar aí. ─ Christopher diz rindo.
─ Eu não quero estudar hoje, olha o tempo lá fora, vai chover! ─ Aponto para janela, dá pra ver claramente as nuvens cinzas se formando no céu.
─ Temos que estudar, Benjamin. Faça sol ou chuva. ─ Ele me puxa pelo o braço, me obrigando a me levantar. ─ Coloca um moletom.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A cor mais quente em Vênus
RomansaBenjamin Casey é um garoto apaixonado por literatura e encontra nos livros o seu maior refúgio. Desde de pequeno sempre teve problemas com o pai, que por não aceitar a sexualidade do jovem, o transfere para um internato frequentado somente por garot...