Estou numa floresta, tem neve pra todo lugar. Ouço a voz da minha mãe me chamando e corro até a direção de onde escuto. Meu sorriso some quando vejo o lobo. Eu fujo dele, mas tropeço num galho. Me levanto correndo em direção a uma lagoa, mas está tudo congelado e escorregadio. Eu não tenho para onde fugir e o lobo, ele....
─ Benjamin!
Acordo de madrugada assustado, Christopher está me encarando preocupado, ele me analisa tocando no meu rosto.
─ Meu Deus, você está bem? ─ Ele pergunta segurando as minhas mãos. ─ Você está suando muito.
─ Não se preocupe, eu estou bem. ─ Digo pegando os meus óculos rapidamente e indo até o banheiro. ─ Eu só…preciso lavar o rosto. ─ Tento ignorar o sonho. Eu estou ficando louco. Encaro o meu reflexo no espelho, meu corpo todo suado. Passo uma água rapidamente.
Christopher aparece na porta do banheiro.
─ Ben, o que aconteceu? ─ O italiano pergunta, e eu consigo perceber o tom de preocupação na sua voz. Penso em mentir, em inventar algo, mas sinto que compartilhar isso com alguém, possa me ajudar.
─ Eu…ando tendo uns pesadelos com o meu pai. Pode parecer infantil, mas são realmente assustadores, porque eu sempre morro no final, de alguma forma, a morte me persegue nesses pesadelos.
─ Com o seu pai? A quanto tempo você anda tendo esses pesadelos?
─ Sabe o curativo? Foi o meu pai que causou. Na noite de véspera de Natal, ele chegou em casa bêbado e jogou uma garrafa de bebida na minha cabeça. Eu desmaiei e acordei no hospital, foi quando os pesadelos começaram. ─ Desvio o meu olhar para o chão. Me sinto envergonhado, por ter medo de pesadelos.
─ Meu Deus, isso é horrível…e como são esses pesadelos?
─ O meu pai é um lobo que corre atrás de mim e pra fugir dele, eu me mato nos pesadelos. No primeiro eu me afoguei, no segundo eu me queimei e no terceiro você me salvou.
─ Eu?
─ Sim, você me salva quando me jogo do terraço do hospital. ─ Digo sentindo a minha voz falhar por um momento. ─ A verdade é que eu estou com medo, eu odeio admitir isso, mas… ─ Encosto minha cabeça no espelho abatido.
─ Ben, vamos ao psicólogo do colégio amanhã, ok? Isso não é normal, a psicóloga pode te ajudar a lidar com isso, para que você pare de sonhar com essas coisas. ─ Ele se aproxima de mim.
─ Eu nunca fui num psicólogo antes.
─ Está tudo bem, ela só irá te fazer algumas perguntas para entender a situação, e depois irá lidar possíveis opções, para tentar resolver o seu problema. ─ Ele fala quase sussurrando.
─ E se não der certo?
─ Você tenta de novo. Eu vou estar aqui com você pra te ajudar em tudo que você precisar. Vai ficar tudo certo, meu bem. ─ Christopher me abraça e eu me permito abraçá-lo também.
─ Obrigado por me ouvir. ─ Agradeço o segurando mais forte.
─ Eu que agradeço por compartilhar isso comigo, deve ter sido tão difícil pra você. Nunca guarde essas coisas só para si, não é saudável. ─ Christopher acaricia o meu cabelo e seu toque me acalma.
─ Que horas são?
─ Não sei, acho que em torno das quatro da manhã. Porque?
─ Vou ficar acordado até a hora da aula. Não quero dormir mais. ─ Declaro voltando pro quarto, Christopher vem logo atrás.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A cor mais quente em Vênus
RomanceBenjamin Casey é um garoto apaixonado por literatura e encontra nos livros o seu maior refúgio. Desde de pequeno sempre teve problemas com o pai, que por não aceitar a sexualidade do jovem, o transfere para um internato frequentado somente por garot...