Capítulo 5 - Amigo novo

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São quatro horas tarde quando acordo, com alguém batendo na porta. Me levanto da cama num pulo e acabo derrubando o meu livro no chão, sujando a capa. Que merda, esqueci que eu dormi com o livro em cima de mim. Limpo a capa rapidamente com a minha camisa e dou uma corridinha para abrir a porta. Ao abrir, vejo a diretora. Meu Deus.

─ Boa tarde, senhor Casey. ─ Ela diz me olhando de cima a baixo. Sinto o meu corpo inteiro arrepiar.

─ Boa tarde. ─ Digo firme, tentando esconder o meu nervosismo.

─ Seus pais estão na recepção, vieram te visitar. ─ Ela diz e uma parte de mim fica aliviado por ela não falar que viu eu e Christopher ontem e a outra parte fica totalmente surpresa. ─ Eles estão te esperando lá embaixo, se apresse em descer. ─ É tudo o que ela diz.

Fico cinco minutos raciocinando e depois desço para recepção. Quando chego na metade das escadas, já consigo ver a minha mãe com um sorriso meigo no rosto e meu pai com uma feição fria. Me aproximo deles e minha mãe me abraça forte, eu retribuo.

─ Filho, quanto tempo! ─ Minha mãe declara me apertando cada vez mais.

─ Oi mãe, também estava com saudades. ─ Digo sentindo uma felicidade adentrar o meu corpo por um segundo. Estava feliz em ver minha mãe. Mesmo quando eu vim parar aqui, a mesma me apoiou, mas não interferiu na atitude do meu pai, porque ela tinha medo do que ele poderia fazer e ela ainda tem. Eu me lembro que eu tive que dizer diversas vezes que estava tudo bem eu vim para o internato, para que ela não se sentisse culpada pela a situação.

Meu pai não diz absolutamente nada, apenas observa a cena.

─ Olha filho, eu trouxe livros pra você e roupas também! ─ Ela me entrega uma sacola com dois livros, duas calças e camisa social. ─ Queria ter comprado mais coisas, mas o dinheiro não deu.

Meu coração dói só de ouvir isso. Minha mãe sempre se esforçou muito para me dar tudo.

─ Mãe, a senhora não precisa gastar o seu dinheiro comigo… ─ Digo triste, ela teria que trabalhar em dobro para recuperar o que ela gastou.

─ É, não tinha que gastar mesmo, mas como é besta! ─ Meu pai diz com uma voz severa.

─ Eu quero falar com o meu filho, será que dá pra você esperar no carro? ─ Ela diz um pouco impaciente, a mesma não gosta que isso transpareça.

─ Eu tenho nojo de você. ─ Meu pai fala me olhando com desprezo e se afasta rapidamente. Tenho vontade de gritar.

Minha mãe suspira me olhando preocupada.

─ Queria que ele não fosse assim.

─ A senhora não pode mudar isso, não é a sua culpa. ─ Eu digo tentando reconfortá-la.

─ Eu sinto muito, filho. Como andam as coisas aqui?

─ Andam bem.

─ Anda estudando muito? Fez amigos? A comida daqui é boa? ─ Ela pergunta soltando tudo de uma só vez.

─  Calma mãe, a senhora sabe, eu não sou o garoto mais estudioso do mundo, mas me esforço pra tirar nota boa. Eu só fiz um amigo e a comida daqui é boa.

─ Ah, filho. Você deveria fazer mais amigos.

─ Eu vou tentar, mãe. ─ Digo para tranquilizá-la, mesmo sabendo que eu não vou tentar.

─ Vou me dedicar para vim visitar você mais vezes nos finais de semana, com ou sem o seu pai. ─ Ela diz segurando os meus ombros.

─ A passagem de metrô é cara até aqui, mãe. E ele claramente veio arrastado pra cá.

A cor mais quente em VênusOnde histórias criam vida. Descubra agora