Capítulo 4 - Sentimentos

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Percebi que eu cedia a todos os lugares que Christopher desejava ir. E quando ele me disse que teríamos que sair no meio da noite do internato, sem que ninguém percebesse, eu obviamente disse não.

Mas Christopher é simplesmente o cara mais teimoso que existe. E me fez ceder mais uma vez, mesmo sabendo que isso seria muito perigoso.

Já se aproximava da noite e eu nem tinha ideia do que vestir, todas as minhas roupas eram simples demais. Eu vasculhei o armário atrás de algo, até encontrar uma camisa branca cintilante, eu tinha ganhado de presente no meio aniversário 14 anos, mas como eu nunca tinha oportunidade de sair de casa, eu acabei nunca usando. Decidi vestir a camisa com uma calça jeans e um all star azul.

Uma camisa de 14 anos, num corpo de 16.¹

Christopher se arrumara no banheiro, ele aparece vestindo uma calça cargo preta, um coturno e uma camisa de gola alta. Seu cabelo está solto e mais azul na raiz, provavelmente ele tenha retocado a cor. O italiano nunca larga os acessórios pratas.

─ Você está lindo. ─ Ele diz ao me ver.

Fala sério, ele é que está lindo, eu nem sei me arrumar.

─ Obrigado, você também está.

Christopher sorri. ─ Está pronto?

Faço que sim com a cabeça.

─ Então vamos.

Quando saímos do quarto são mais ou menos meia noite. Andamos da forma mais lenta possível. O internato é um lugar velho, então não têm câmeras de segurança e essa é a nossa sorte. Como os portões estão trancados, Christopher tem a brilhante ideia de pular, subindo em cima das árvores.

─ Isso não vai dar certo. ─ Aviso vendo ele analisar a árvore.

─ Eu sei subir em árvores.

─ Você? ─ Digo um tanto sarcástico.

─ É sério! Na Itália eu subia em árvores para chegar nas casas dos vizinhos e roubar flores.

Christopher faz um esforço e consegue subir até a árvore e logo em seguida desce pelo o portão.

─ Eu disse, não é difícil.

Me vejo na obrigação de fazer o mesmo. Subo na árvore me apoiando nos galhos e quando já estou lá em cima uma luz se acende na porta principal do internato.

─ Droga, pula no meu colo! Temos que correr. ─ Christopher fala. Fico receoso em pular no colo dele, mas eu não tenho muita opção, então desço rapidamente e pulo sem nem ao menos usar o portão como apoio.

O italiano me segura no colo e eu espero ele me colocar no chão para que possamos correr, mas ele sai correndo comigo no colo.

Depois que já estamos numa distância boa do internato, ele me coloca no chão.

─ Por que você não me deixou correr?

─ Me desculpa, mas você não corre tão rápido, Ben.

─ Ah, Deus. Quem você acha que era?

─ Provavelmente a diretora, ela dorme tarde e deve ter ouvido a gente na árvore. ─ Ele diz limpando a sua roupa.

─ Jesus! isso foi tão arriscado. ─ Solto.

─ Pelo menos ela não nos viu. Até que foi engraçado. ─ O mesmo diz bagunçado o meu cabelo. Odeio quando ele faz isso.

─ Você é louco! ─ Declaro dando soquinhos no abdômen do italiano.

A cor mais quente em VênusOnde histórias criam vida. Descubra agora