─ Esse lugar está uma bagunça. ─ Resmungo tentando limpar o chão da cozinha numa falha tentativa.
O relógio mostra que faltam cinco minutos para uma hora da tarde e eu preciso correr. Arrumei um emprego de meio período na biblioteca da cidade, o que é bem vantajoso porque posso ler os livros de graça. Esse é o Ben de vinte anos, mora em um apartamento pequeno e barato, o dinheiro que ganha mal dá para pagar o aluguel direito e não faz faculdade. Incrível.
Mas em compensação, algumas coisas tinham melhorado muito. Minha mãe pediu divórcio do meu pai e ele se mandou de vez, agora vivo lá quase todos os dias, tanto para visitar minha mãe e ajudá-la na venda de bolos, como também para economizar saboreando a sua comida.
Suzy abriu a própria sorveteria e faz muito sucesso por aqui. Nunca estive tão orgulhoso por ela e pela minha mãe. Eu só queria estar orgulhoso de mim também.
Pego minha mochila e desço as escadas do prédio correndo.
─ Esse garoto, sempre atrasado! ─ Diz a senhora Amélia, a dona do prédio que me lança um olhar de negação. Pisco para ela e volto a correr.
Quando estou quase chegando na biblioteca paro de correr e me olho num espelho de um carro por impulso. Estou um pouco suado, mas estou bem. Meu cabelo está mais curto, comecei a cortá-lo depois que saí do internato e gosto assim. Ajeito meu óculos.
─ Você está sete minutos atrasado. ─ É a primeira coisa que escuto da boca de Emmy quando chego na biblioteca.
─ Desculpa! Pode ir agora. ─ Falo fazendo questão de abrir a porta para ela.
Ela solta um grunhido e vai embora.
Emmy é a garota que cuida do lugar pelo o período matinal e eu fico até o resto da tarde.
Me sento na cadeira e pego um livro qualquer da estante me preparando para mais um dia de trabalho.
São quase seis horas e meu turno está acabando. Guardo o livro na estante e estico as pernas. Hoje eu passei muito tempo sentado. Penso comigo mesmo, quando meus ossos estalam. Poucas pessoas apareceram por aqui, algumas folhearam alguns livros e se mandaram, outras compraram. Checo o local para ver se está tudo certo, guardo o dinheiro do caixa, vejo se os livros estão em seus respectivos lugares, arrumo o balcão onde fico e logo após pego minha mochila, fechando o local e indo embora.Vou andando direto para casa da minha mãe animado com a ideia de comer um bolo. Observo o céu ficando nublado, provavelmente irá chover. Não gosto de dias chuvosos, se algum dia eu já gostei, hoje em dia não gosto mais. Simplesmente me bate uma depressão terrível, onde só consigo pensar nele. É, já faz realmente muito tempo que não vejo Christopher e pensar nele me causava uma angústia terrível. A última vez que nos falamos foi no ano passado, quando ele me parabenizou pelo o meu aniversário. Trocar mensagens com ele não é o suficiente, nunca é. Eu queria ele aqui comigo, eu queria senti-lo.
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A cor mais quente em Vênus
RomanceBenjamin Casey é um garoto apaixonado por literatura e encontra nos livros o seu maior refúgio. Desde de pequeno sempre teve problemas com o pai, que por não aceitar a sexualidade do jovem, o transfere para um internato frequentado somente por garot...