Capítulo 8

20.3K 3.1K 678
                                    

Eu sinto todo o sangue do meu corpo nos meus pés e Benjamin olha contrariado para mim.

- Eu tenho que ir lá – digo e ele solta minha mão.

Téo continua falando ao microfone.

- Eu gostaria de parabenizar Dona Olga e Doutor Aurélio Bianco pelos sessenta anos de casados – eu olho furiosa para Téo, que parece se deleitar com seu pequeno show – Ressalto que além de médico e professor extremamente competente, Doutor Bianco é um exemplo do marido que eu quero ser para você, Olívia! – O quê? O que ele pensa que está fazendo?

Eu subo depressa no palco e o abraço:

- O que você pensa que está fazendo, Téo? – digo furiosa e ele me beija.

- Porque você está irritada? – Ele pergunta enquanto coloca a mão no bolso e vejo o formato de uma caixinha por fora da calça.

Em pânico, eu faço sinal para os músicos, que voltam a tocar, entrego o microfone que Téo segurava ao cantor e dou um sorriso para as pessoas que estão aplaudindo. Puxo-o para a parte de trás da casa, onde fica a minha casa na árvore.

Olhei de relance na saída do palco, mas não vi Benjamin onde o deixei. Fico ainda mais exasperada.

- O que você pensa que está fazendo, Téo?

- Por que você está tão irritada? – ele pergunta confuso.

- Por que eu estou irritada? Por quê? Você não sabe por quê? – Não consigo me controlar.

- Achei que você fosse ficar contente de me ver aqui. Você queria tanto que eu viesse. – Ele parece ainda mais confuso.

- Queria, Téo. Queria que você viesse e me acompanhasse nesse momento importante para minha família, como queria que você estivesse comigo tantas outras vezes em que você arrumou mais um paciente "precisando de você". Eu queria. Mas isso não te dá o direito de invadir a festa para falar as coisas que você falou, com essa caixinha aí no bolso. Em quê você estava pensando?

- Eu quero casar com você, Olívia - Ele tira a caixinha do bolso e abre, me deixando ver as alianças.

- De onde você tirou isso, Téo? – digo ainda mais impaciente.

- Você não gostou? Você queria que eu tivesse pedido as alianças antigas dos seus avós? Eu devia ter feito isso! Foi tudo muito rápido, não tive tempo de me organizar melhor.

- Téo, de onde você tirou essa ideia maluca de casamento?

- Ideia maluca? – ele ajeita os óculos.

- É, maluca! Você sabe muito bem que não estamos bem e felizes como um casal que resolve casar, e você decide isso assim "tudo muito rápido"?

- Olha Olívia, eu sei que não temos tido muito tempo para nos encontrarmos, mas quando estamos juntos é sempre tão bom, e quando a Joana me ligou hoje cedo...

- A Joana ligou para você? – interrompo, chocada.

- Ligou, ela falou que você estava triste por eu não ter conseguido vir. Disse que vocês conversaram e você falou que você sente muito a minha falta por conta do meu ritmo de trabalho intenso, que se nós morássemos juntos, teríamos mais tempo um com o outro, e sugeriu que eu viesse te fazer uma surpresa. Então eu resolvi comprar as alianças e quando cheguei, pedi à sua mãe para interromper a música para que eu pudesse dizer a todo mundo que eu quero que você seja minha esposa – ele diz com um olhar esperançoso.

- Téo, eu não falei nenhuma dessas coisas para a Joana. Ela é uma dissimulada, que não deveria ter falado nada com você – digo tentando me acalmar - Eu vim para cá decidida a terminar nosso relacionamento quando voltasse a Recife, Téo. Não consigo viver dessa forma. Agora entendo melhor que o seu trabalho é a prioridade maior da sua vida, que isso preenche noventa por cento do seu tempo e te faz feliz. Compreendo, mas não é o que eu quero para mim. Eu quero mais.

Na chuva com BenjaminOnde histórias criam vida. Descubra agora