Saio em direção à praia pela lateral da casa, tentando não ser vista. A conversa parece animada no terraço. Caminho um pouco, sentindo a brisa do mar e molhando meus pés até me tranquilizar.
Tento entender porque fiquei tão perturbada com a presença de Benjamin e reafirmo que ele é um rapaz, repetindo mentalmente, como se fosse um mantra. A sensação que tenho é de que nossa diferença de idades é invencível, quase como se qualquer tipo de relacionamento entre nós fosse proibido. Talvez seja uma defesa. Sei que - oficialmente - tenho namorado, e jamais faria algo para magoá-lo. Ao menos, não propositadamente.
Caminho até o Rio Sirinhaém e volto devagar, à luz da lua cheia. Paro na frente da casa de Benjamin, antes de chegar à minha porque não quero que me vejam entrando. Fico sentada na areia e não consigo ouvir nenhuma voz.
Acho que demorei mais do que imagino na minha caminhada, Daniel e Benjamin já devem ter ido embora e, em casa, todos devem estar se recolhendo. Levanto-me para entrar e vejo uma pessoa vindo em minha direção.
Não reconheço a figura, mas vejo que é um homem e que está sendo seguido por outro homem. Quando eles se aproximam, o luar ilumina o rosto de Benjamin e deduzo que o homem à sua frente é Daniel.
Benjamin caminha em minha direção, desviando do trajeto de Daniel e o chama.
- Dan, essa aqui é Olívia, prima do Rômulo, mas pode chamá-la de Olívia mesmo - ele diz sorrindo.
Daniel passa a mão direita pelos cabelos, jogando charme, e vem me cumprimentar com dois beijinhos, me segurando pela cintura.
Eu sorrio, levemente contrariada, e dou um passo para trás.
- Você não quer ir tomar um vinho conosco, Olívia? - Daniel convida.
Eu recuso, agradeço e me despeço.
Sigo em direção a casa, passando ao lado de Benjamin, e ele segura de leve a minha mão. Sua mão está quente. Eu me viro para olhar para ele e percebo que Daniel já está distante, se aproximando da casa deles.
- Quem é você? - ele pergunta me encarando sem soltar minha mão.
- O que você quer dizer? Acho que você deve ter bebido além da conta. - Digo confusa, recolhendo minha mão e cruzando os braços.
- Não, eu bebi duas taças de vinho, Olívia, não estou bêbado, preciso que você fale comigo - ele diz tranquilo, mas firme.
- Quem sou eu? Eu sou Olívia, você me conheceu hoje mais cedo - ou talvez ontem, não sei bem que horas são.
E ele me interrompe:
- Quero saber o que você quer Olívia. Você olha para mim como se quisesse me dizer mais do que o que sai da sua boca. Eu sinto você me medindo, me analisando o tempo todo e, quando eu me aproximo, você foge.
- Eu não fujo. - retruco de imediato.
- Me parece que você fugiu quando Joana falou do seu namorado - Ele provoca, coçando a nuca.
- Eu... Eu não quero falar sobre isso - digo sem saber como levar a conversa para outro rumo e sem querer ir embora.
- Por que não? Qual o problema de eu saber que você tem um namorado-deus-grego? - ele fala rindo, imitando a entonação de Joana mais cedo.
- Sim, eu tenho namorado, Benjamin. Eu não falei sobre ele porque não tinha sentido - digo um tanto irritada.
- Tudo bem, não precisa ficar impaciente.
- Não estou impaciente, só não quero ser cobrada, entendeu? - digo calmamente.
- Entendi, mas não estou te cobrando nada - ele fala levantando a areia com o pé - Apenas tive a impressão de que você estivesse tentando esconder que tem um namorado, por alguma razão em especial, e ficou frustrada quando Joana contou.
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Na chuva com Benjamin
ChickLitQuando Olívia fez as malas para ir à praia comemorar os sessenta anos de casados de seus avós, ela pensou que teria alguns dias para refletir sobre os tropeços de seu relacionamento com seu namorado, tão lindo quanto viciado em trabalho, Téo. Acompa...