Capítulo 4

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Saio em direção à praia pela lateral da casa, tentando não ser vista. A conversa parece animada no terraço. Caminho um pouco, sentindo a brisa do mar e molhando meus pés até me tranquilizar.

Tento entender porque fiquei tão perturbada com a presença de Benjamin e reafirmo que ele é um rapaz, repetindo mentalmente, como se fosse um mantra. A sensação que tenho é de que nossa diferença de idades é invencível, quase como se qualquer tipo de relacionamento entre nós fosse proibido. Talvez seja uma defesa. Sei que - oficialmente - tenho namorado, e jamais faria algo para magoá-lo. Ao menos, não propositadamente.

Caminho até o Rio Sirinhaém e volto devagar, à luz da lua cheia. Paro na frente da casa de Benjamin, antes de chegar à minha porque não quero que me vejam entrando. Fico sentada na areia e não consigo ouvir nenhuma voz.

Acho que demorei mais do que imagino na minha caminhada, Daniel e Benjamin já devem ter ido embora e, em casa, todos devem estar se recolhendo. Levanto-me para entrar e vejo uma pessoa vindo em minha direção.

Não reconheço a figura, mas vejo que é um homem e que está sendo seguido por outro homem. Quando eles se aproximam, o luar ilumina o rosto de Benjamin e deduzo que o homem à sua frente é Daniel.

Benjamin caminha em minha direção, desviando do trajeto de Daniel e o chama.

- Dan, essa aqui é Olívia, prima do Rômulo, mas pode chamá-la de Olívia mesmo - ele diz sorrindo.

Daniel passa a mão direita pelos cabelos, jogando charme, e vem me cumprimentar com dois beijinhos, me segurando pela cintura.

Eu sorrio, levemente contrariada, e dou um passo para trás.

- Você não quer ir tomar um vinho conosco, Olívia? - Daniel convida.

Eu recuso, agradeço e me despeço.

Sigo em direção a casa, passando ao lado de Benjamin, e ele segura de leve a minha mão. Sua mão está quente. Eu me viro para olhar para ele e percebo que Daniel já está distante, se aproximando da casa deles.

- Quem é você? - ele pergunta me encarando sem soltar minha mão.

- O que você quer dizer? Acho que você deve ter bebido além da conta. - Digo confusa, recolhendo minha mão e cruzando os braços.

- Não, eu bebi duas taças de vinho, Olívia, não estou bêbado, preciso que você fale comigo - ele diz tranquilo, mas firme.

- Quem sou eu? Eu sou Olívia, você me conheceu hoje mais cedo - ou talvez ontem, não sei bem que horas são.

E ele me interrompe:

- Quero saber o que você quer Olívia. Você olha para mim como se quisesse me dizer mais do que o que sai da sua boca. Eu sinto você me medindo, me analisando o tempo todo e, quando eu me aproximo, você foge.

- Eu não fujo. - retruco de imediato.

- Me parece que você fugiu quando Joana falou do seu namorado - Ele provoca, coçando a nuca.

- Eu... Eu não quero falar sobre isso - digo sem saber como levar a conversa para outro rumo e sem querer ir embora.

- Por que não? Qual o problema de eu saber que você tem um namorado-deus-grego? - ele fala rindo, imitando a entonação de Joana mais cedo.

- Sim, eu tenho namorado, Benjamin. Eu não falei sobre ele porque não tinha sentido - digo um tanto irritada.

- Tudo bem, não precisa ficar impaciente.

- Não estou impaciente, só não quero ser cobrada, entendeu? - digo calmamente.

- Entendi, mas não estou te cobrando nada - ele fala levantando a areia com o pé - Apenas tive a impressão de que você estivesse tentando esconder que tem um namorado, por alguma razão em especial, e ficou frustrada quando Joana contou.

Na chuva com BenjaminOnde histórias criam vida. Descubra agora