Acordei um tanto desorientada. Lembro-me imediatamente da Carol. Acho que sonhei com ela... Estávamos na casa da árvore e ela sorria para mim e dizia se referindo a Benjamin: foi por mim, mas para ele. Não sei o que ela quis dizer, mas a lembrança do nome de Benjamin me leva a outro lugar.
Demoro alguns segundos para me dar conta de que desmaiei quando o reconheci na areia. Ele estava sangrando! Eu não vi nenhum ferimento. Estou confusa. Olho ao redor para me situar no espaço. Sento-me no sofá, estou dentro da casa.
Tenho a sensação de que dormi por muito tempo, por conta da lembrança de Carol, mas não sei dizer. Não há ninguém por perto, devem estar todos na areia.
Levanto depressa e sinto tudo girar. Sento e procuro meu celular. Lembro que o entreguei a Roberta. Respiro um pouco e me sinto melhor. Subo para o meu quarto para procurá-lo. Quando o encontro, em cima da mesa de cabeceira, ligo para Benjamin.
Atende, Benjamin, atende, Benjamin! Eu fico repetindo mentalmente, quase em oração, e começo a chorar. Ele deixou o celular no quarto. Não vai atender. E eu não tenho o número do Daniel.
Desço apressada e encontro vovó sozinha no térreo.
- Olívia? Você está bem? - Ela pergunta apreensiva.
- Quanto tempo eu dormi, vovó?
- Acho que pouco mais de meia hora, você está melhor?
- Vovó, onde está o Benjamin? O que houve com ele? - Pergunto aflita, olhando para os lados como se procurasse uma resposta.
- Ele está sendo levado ao hospital em Recife, querida, tenha calma.
- Calma? O que houve com ele, vovó? Não minta para mim, por favor! - Imploro.
- Eu não sei, minha filha. Ele sofreu um acidente no barco, não sei ao certo o que houve. Mas o Téo o socorreu e eles foram para o hospital de helicóptero, já devem estar chegando lá.
- Vovó, peça ao Fausto para descobrir o número do celular do Daniel para mim, por favor, enquanto eu visto uma roupa. E diga-lhe que deixe o portão aberto.
- Olívia, você não acha melhor esperar por notícias aqui e, quando souber algo concreto, você vai para Recife com seu pai ou com Davi?
- Não, vovó - respondo chorando e tentando me controlar - eu deveria estar naquele helicóptero com ele agora, não aqui!
Subo correndo as escadas, coloco uma calça jeans e uma blusa por cima do biquíni, pego minha bolsa e desço depressa.
Quando chego ao térreo, Roberta tenta me impedir de ir a Recife dirigindo e eu respondo impaciente:
- Não posso ficar aqui, Roberta, sei que vocês não querem me dizer o que aconteceu, mas eu preciso ver o Benjamin!
- Olívia, eu não estou te escondendo nada, eu realmente não sei o que houve, acho que o Daniel viu o que aconteceu, mas ele foi como o Benjamin e o Téo no helicóptero.
- Eu preciso ir, Beta - digo me despedindo.
Saio e, quando chego à garagem, Fausto me entrega a chave do meu carro e diz:
- Mandei o número do telefone para o seu celular.
Agradeço, entro no carro e conecto meu celular ao painel.
- Abrir mensagem - digo o comando.
- Mensagem Fausto: Contato Daniel Valverdi, número nove oito quatro nov.. - aperto a tecla para parar e a leitura é interrompida.
- Chamar Daniel Valverdi - digo.
Piso no acelerador e Daniel não atende. A estrada está congestionada, domingo à tarde não é o melhor horário para dirigir por aqui.
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Na chuva com Benjamin
ChickLitQuando Olívia fez as malas para ir à praia comemorar os sessenta anos de casados de seus avós, ela pensou que teria alguns dias para refletir sobre os tropeços de seu relacionamento com seu namorado, tão lindo quanto viciado em trabalho, Téo. Acompa...