Capítulo 10

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Acordei um tanto desorientada. Lembro-me imediatamente da Carol. Acho que sonhei com ela... Estávamos na casa da árvore e ela sorria para mim e dizia se referindo a Benjamin: foi por mim, mas para ele. Não sei o que ela quis dizer, mas a lembrança do nome de Benjamin me leva a outro lugar.

Demoro alguns segundos para me dar conta de que desmaiei quando o reconheci na areia. Ele estava sangrando! Eu não vi nenhum ferimento. Estou confusa. Olho ao redor para me situar no espaço. Sento-me no sofá, estou dentro da casa.

Tenho a sensação de que dormi por muito tempo, por conta da lembrança de Carol, mas não sei dizer. Não há ninguém por perto, devem estar todos na areia.

Levanto depressa e sinto tudo girar. Sento e procuro meu celular. Lembro que o entreguei a Roberta. Respiro um pouco e me sinto melhor. Subo para o meu quarto para procurá-lo. Quando o encontro, em cima da mesa de cabeceira, ligo para Benjamin.

Atende, Benjamin, atende, Benjamin! Eu fico repetindo mentalmente, quase em oração, e começo a chorar. Ele deixou o celular no quarto. Não vai atender. E eu não tenho o número do Daniel.

Desço apressada e encontro vovó sozinha no térreo.

- Olívia? Você está bem? - Ela pergunta apreensiva.

- Quanto tempo eu dormi, vovó?

- Acho que pouco mais de meia hora, você está melhor?

- Vovó, onde está o Benjamin? O que houve com ele? - Pergunto aflita, olhando para os lados como se procurasse uma resposta.

- Ele está sendo levado ao hospital em Recife, querida, tenha calma.

- Calma? O que houve com ele, vovó? Não minta para mim, por favor! - Imploro.

- Eu não sei, minha filha. Ele sofreu um acidente no barco, não sei ao certo o que houve. Mas o Téo o socorreu e eles foram para o hospital de helicóptero, já devem estar chegando lá.

- Vovó, peça ao Fausto para descobrir o número do celular do Daniel para mim, por favor, enquanto eu visto uma roupa. E diga-lhe que deixe o portão aberto.

- Olívia, você não acha melhor esperar por notícias aqui e, quando souber algo concreto, você vai para Recife com seu pai ou com Davi?

- Não, vovó - respondo chorando e tentando me controlar - eu deveria estar naquele helicóptero com ele agora, não aqui!

Subo correndo as escadas, coloco uma calça jeans e uma blusa por cima do biquíni, pego minha bolsa e desço depressa.

Quando chego ao térreo, Roberta tenta me impedir de ir a Recife dirigindo e eu respondo impaciente:

- Não posso ficar aqui, Roberta, sei que vocês não querem me dizer o que aconteceu, mas eu preciso ver o Benjamin!

- Olívia, eu não estou te escondendo nada, eu realmente não sei o que houve, acho que o Daniel viu o que aconteceu, mas ele foi como o Benjamin e o Téo no helicóptero.

- Eu preciso ir, Beta - digo me despedindo.

Saio e, quando chego à garagem, Fausto me entrega a chave do meu carro e diz:

- Mandei o número do telefone para o seu celular.

Agradeço, entro no carro e conecto meu celular ao painel.

- Abrir mensagem - digo o comando.

- Mensagem Fausto: Contato Daniel Valverdi, número nove oito quatro nov.. - aperto a tecla para parar e a leitura é interrompida.

- Chamar Daniel Valverdi - digo.

Piso no acelerador e Daniel não atende. A estrada está congestionada, domingo à tarde não é o melhor horário para dirigir por aqui.

Na chuva com BenjaminOnde histórias criam vida. Descubra agora