Capítulo 15

26.4K 2.4K 383
                                    

Terminamos de almoçar e Benjamin vai lavar os pratos enquanto eu tento não parecer surpresa. Acho que é só um resquício da vida em Viena. Ou eu estou apenas sonhando que ele existe.

- Você deveria estar indo trocar de roupa para sua reunião – ele diz e eu olho para o relógio - já passa das duas horas.

- Você quer ficar com o meu carro? Pode deixar sua moto aqui.

- Eu aceito, mas eu vou te buscar assim que a reunião terminar – ele decreta.

Vou correndo tomar banho e me perco pensando em Benjamin. Em como em poucos dias minha vida se transformou em algo colorido. Ele me deixa segura, me acalma... Ele desperta meus melhores sentimentos, e ainda é divertido, bonito, sagaz...

Saio do banho apressada e coloco um vestido soltinho roxo escuro, com mangas, com comprimento na altura dos joelhos. Escolho um colar de bolinhas amarelo-mostarda e calço o meu par de oxford no mesmo tom.

Quando chego à sala Benjamin não está lá, olho pela cozinha e nada. Percebo que o seu capacete não está no sofá, onde ele havia deixado, mas a sua mala está junto à porta.

Pego o celular e vejo que não ouvi a mensagem de voz que ele deixou mais cedo. Seleciono reproduzir:

Olívia, eu não sei o que a Filipa te falou, mas eu não tenho mais nada com ela. Eu estou indo te encontrar. Eu já te disse isso, mas acho que você esqueceu: eu quero você, Olívia, mesmo!

Fico me culpando por não ter ouvido a mensagem na hora em que ele mandou, e então eu poderia ter evitado sentir aquela dor dilacerando o meu peito e, então Benjamin abre a porta, me trazendo de volta à realidade.

- Coloquei a moto na sua garagem, atrás do seu carro. – Ele diz satisfeito.

Eu sigo em sua direção e o abraço, preciso dizer que estou apaixonada por ele, que não quero me afastar nunca, que não me importo com nossa diferença de idades, que ele transformou minha vida, mas outras palavras simplesmente saem da minha boca:

- Eu te amo, Benjamin! – eu digo e arregalo os olhos quando escuto minha voz dizendo aquelas três palavrinhas.

- Eu te amo, Olívia. – ele responde naturalmente, carinhoso, passando as mãos pelos meus cabelos. Não consigo acreditar que eu disse isso. Como eu posso ter pensado uma coisa e falado outra? E para tudo! Como assim ele disse que me ama?

- Por que você está surpresa? – ele pergunta calmamente.

- Eu não estou... eu estou... eu não... a gente se conhece há uns cinco dias, Benjamin. Como eu posso te amar?

- Por que você precisa racionalizar tudo, Olívia? – ele me acalma – Não existe um prazo mínimo, você não precisa justificar seus sentimentos. Aceite o meu amor por você, como eu aceito que você me ama.

Tem como não amar uma criatura dessas? Fico me perguntando até meu celular tocar e me lembrar de que estou atrasada.

- Alô? Oi Pâm, eu estou a caminho. Desligo e digo a Benjamin que precisamos ir. Saímos pelo corredor e eu sinto como se meus pés não estivessem tocando o chão. Benjamin segura minha mão e entramos no elevador em silêncio.

Posso sentir meu coração batendo acelerado. Acho que não é um bom momento para uma reunião. Benjamin percebe o quanto estou aérea e me chama.

- Olívia, chegamos! – ele diz segurando a porta e saímos do elevador.

Entramos no carro e Benjamin pergunta onde fica meu escritório.

- É naquele casarão ao lado do shopping, na Rua Bruno Veloso - ele acena com a cabeça e começa a rir.

Na chuva com BenjaminOnde histórias criam vida. Descubra agora