São cinco e quarenta, e o despertador já está soando. Eu me levanto correndo para o chuveiro. Preciso sair cedo de casa para escapar do trânsito. Preparo um café para despertar e as flores de Benjamin chegam pontualmente às seis e meia da manhã.
Ainda não são sete horas quando estaciono o carro e meu celular começa a tocar.
- Oi, Olívia, te acordei? - Daniel pergunta apreensivo.
- De jeito nenhum, Dan, acabei de parar o carro aqui no estacionamento do hospital.
- Benjamin pediu para eu te ligar, vou passar o telefone para ele.
- Não precisa, eu já estou a caminho do quarto - respondo apressada.
- Tudo bem - ele diz e eu desligo o telefone, seguindo em direção ao elevador.
Quando abro a porta do quarto, Benjamin está sentado à mesa, tomando café da manhã e, exceto pelo curativo na cabeça, ele está com um aspecto de quem acabou de voltar de férias.
Sara estava falando ao telefone, olhando pela janela, mas se virou em minha direção quando abri a porta. Daniel está sentado à mesa, com Benjamin.
- Bom dia - falo para os três e me dirigindo a Benjamin - Como se sente hoje, senhor adoro-salada-de-frutas?
Ele sorri olhando para as peônias que eu trouxe e, em seguida, olha para sua mãe, que sorri para mim e desliga o telefone, se oferecendo para guardar as flores.
Quando eu as entrego a Sara, ela me dá um abraço. Afastamo-nos e tenho a impressão de que ela tinha os olhos marejados, mas não digo nada.
Dou um beijo no rosto de Benjamin e ele se levanta para me abraçar. Daniel e Sara saem do quarto.
- Devia ter trazido um balão? - pergunto genuinamente confusa.
- Não, você sabe que eu gosto desse aroma - ele diz se aproximando das flores que Sara colocou em cima da bancada próxima à janela.
- Mas você não me disse por quê.
- Por que gosto de peônias? Não acha que é uma o preferência máscula? - ele ri.
- Não é disso que estou falando, engraçadinho - eu digo.
- Doutora Ângela esteve aqui e disse que vai assinar minha alta agora pela manhã - ele diz contente.
Sorrio feliz e pergunto:
- Você vai para a casa dos seus pais?
- Acho que sim. Minha mãe insistiu e, embora meu apartamento esteja pronto, ainda não me instalei. Preciso levar minhas coisas e comprar outras.
- Eu posso ir comprar para você, ou podemos ir juntos! - digo entusiasmada.
- Sim, nós podemos - ele sorri - mas eu quero voltar para a praia com você.
- Você precisa se cuidar, Benjamin, não acho que Doutora Ângela vá concordar com isso - digo em tom sério - Além do mais, se bem me lembro, você precisa estar em Recife na quarta-feira, por alguma razão misteriosa.
- Eu não preciso mais - ele se apressa em dizer.
- Não? Por que não? - pergunto no auge da minha curiosidade.
- Já resolvi a questão da quarta-feira.
- É mesmo? Daqui do seu quarto de hospital? - indago surpresa.
- É - ele sorri ciente de que está aguçando minha curiosidade - Vamos fazer o seguinte, nós voltamos para Toquinho hoje e ficamos até o final da semana, quando você teria que voltar, que tal?
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Na chuva com Benjamin
ChickLitQuando Olívia fez as malas para ir à praia comemorar os sessenta anos de casados de seus avós, ela pensou que teria alguns dias para refletir sobre os tropeços de seu relacionamento com seu namorado, tão lindo quanto viciado em trabalho, Téo. Acompa...