Capítulo 9

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Acordo sentindo minhas costas doloridas, protestando pelo sono no piso de madeira, mas ainda assim não consigo evitar esboçar um sorriso. O sol ainda não apareceu, mas deve faltar pouco para o amanhecer. Olho para Benjamin dormindo ao meu lado. Ele está sem camisa, e noto que ele tem uma cicatriz na barriga. Acaricio com cuidado para não acordá-lo, mas ele desperta mesmo assim e veste a camisa, rapidamente.

- Bom dia, Benjamin! - Eu digo e ele sorri.

- Bom dia! Vamos dar um mergulho no mar? - ele diz empolgado.

- De jeito nenhum! Vamos dormir mais um pouquinho, em uma cama? - Peço fazendo manha.

- Tudo bem, vamos dormir, mas quando acordarmos, vamos dar um mergulho, fechado? - Ele propõe.

- Fechado!

- Vou descer para ver se não tem ninguém por aí e volto para te buscar - ele diz e me dá um beijo no rosto antes de abrir a escotilha para descer.

Eu tento deixar meu vestido e meu cabelo em ordem e Benjamin me chama. Desço e nós vamos para a casa dele pela praia. Só há algumas pessoas trabalhando, retirando equipamentos utilizados na festa, mas ninguém conhecido.

Quando atravessamos a cerca, Benjamin me conduz em direção ao mar. Encaro-o desconfiada e ele diz convidativo:

- Não vamos mergulhar, ainda, mas que tal apreciar o amanhecer?

- Já estamos aqui de qualquer jeito - eu dou de ombros e ele me puxa pela mão.

Sento na areia com as costas apoiadas no peito de Benjamin e ele fica alisando minhas mãos, examinando-as. Quando os primeiros raios do amanhecer começam a nos tocar, Benjamin se afasta, olhando de frente para mim.

- O que houve? - Pergunto.

- Queria te ver com essa luz - ele fica me encarando de joelhos na areia.

- Despenteada e com a cara amassada? - Pergunto sem acreditar e ele concorda balançando a cabeça sorrindo.

- Eu tenho um amigo fotógrafo, o nome dele é Andreas, e ele diz que a hora de ouro da fotografia é o amanhecer, que este é o momento em que a luz está mais propícia para se fazer uma boa foto - ele diz tirando o celular do bolso.

- Você não vai me fotografar assim, Benjamin. - Digo colocando as mãos na frente do meu rosto.

- Por que não? Você está ainda mais linda - ele diz e fica disparando a câmera do celular.

- Eu vou apagar tudo isso - digo quando desisto de me esquivar da lente.

- Não vai, não! - Ele diz afetuoso e dispara mais uma vez antes de guardar o telefone no bolso. - Agora podemos ir dormir.

- Agora eu posso dormir aqui mesmo - protesto preguiçosamente.

- Nada disso! - Benjamin estende a mão e eu me apoio para levantar.

Ele me envolve com o braço e seguimos em direção à casa dele. Entramos e, quando chegamos ao quarto, eu paro à porta do banheiro.

- Preciso tomar um banho, acho que tem mais areia no meu vestido que na praia - completo.

- Eu acompanho você! - Ele me beija e vai entrando no banheiro comigo.

Durante o banho eu tenho a impressão de que ele fica apreensivo com a cicatriz na barriga, mas mesmo assim eu resolvo perguntar o que houve.

- Nada demais - ele diz - eu estive protegendo a honra de uma donzela indefesa num beco escuro e acabei ganhando essa marca - ele finaliza querendo fazer graça e me beija embaixo do chuveiro.

Na chuva com BenjaminOnde histórias criam vida. Descubra agora