Meu coração dói tanto agora. É uma dor física, dói de verdade. Eu nunca senti isso, achei que fosse só modo de falar. Não é. Sinto uma dor excruciante no meu peito. O interfone começa a tocar interrompendo meus devaneios.
- Pois não? - Atendo.
- Benjamin está subindo.
- O quê? Está subindo? - Pergunto num susto.
- Está, você quer que eu o impeça? - Arnaldo pergunta preocupado - Ele disse que é seu namorado, que você está esperando por ele... me desculpe! Vou atrás dele!
Arnaldo trabalha na portaria do meu prédio há uns dois ou três meses e é provável que nunca tenha mesmo visto o Téo para se confundir com meus namorados.
- Não, Arnaldo! Está tudo bem, pode deixá-lo subir.
Abro a porta e Benjamin está lá, ofegante.
- Benjamin, o que você está fazendo aqui? - Pergunto.
- Eu entendi tudo. - Ele diz sorrindo.
- Como você sabe onde eu moro? - Pergunto.
- Olívia, você está fazendo a pergunta errada. Mas meu pai já te trouxe aqui, se você não se lembra.
Só então me dou conta de que Benjamin está com um capacete na mão.
- Você veio de moto, Benjamin? Eu não acredito! - Digo assustada e brava ao mesmo tempo.
- Você não vai me deixar entrar? - Ele pergunta sem cerimônia.
- Desculpe, pode entrar - Digo abrindo espaço para ele passar.
- Eu vim de moto, Olívia. Como você queria que eu viesse atrás da minha namorada teimosa, que me deixou lá na praia sem carro?
- Atrás de quem? - Eu pergunto para ter certeza do que ele disse.
- Atrás de você, Olívia. Minha namorada.
- Benjamin, eu... - interrompo a frase sem saber bem como terminá-la.
- Você é muito cabeça-dura, eu sei - ele completa debochando - E eu também sei que Filipa falou com você - ele diz, sério.
- Agora eu meio que acho que deveria ter te contado, mas não queria estragar a surpresa dela, Benjamin. - Digo magoada.
- Olívia, eu e Filipa não estamos mais juntos há meses. Tudo a respeito dela é ultrapassado para mim. Ela praticamente largou os cachorros comigo, acho que queria manter algum tipo de vínculo entre nós. A gente terminou quase dois meses antes de ela voltar. Não tínhamos promessa de reencontro no Brasil. Quando o Dan me ligou avisando que ela estava em Recife, eu não imaginei que ela fosse aparecer lá na praia... Eu não sei o que ela te disse, mas a minha namorada é você.
- Você está me pedindo em namoro, Benjamin? - Pergunto confusa.
- Não. - Ele diz sucinto.
- Não? - Indago ainda mais confusa.
- Não, Olívia. Nós estamos namorando desde que nos beijamos na sua casa da árvore, durante a festa dos seus avós. Não estou te pedindo em namoro. Você já é minha namorada.
Benjamin fica me encarando e eu não sei o que dizer.
- A menos que você não queira ser - ele diz reticente e eu fico calada por alguns segundos.
Os olhos de Benjamin me invadem, parece que conseguem me ver por inteira. É como se eu não tivesse como esconder o que sinto, e não tenho vontade de esconder, quero que transborde!
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Na chuva com Benjamin
ChickLitQuando Olívia fez as malas para ir à praia comemorar os sessenta anos de casados de seus avós, ela pensou que teria alguns dias para refletir sobre os tropeços de seu relacionamento com seu namorado, tão lindo quanto viciado em trabalho, Téo. Acompa...