Capítulo 14

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Meu coração dói tanto agora. É uma dor física, dói de verdade. Eu nunca senti isso, achei que fosse só modo de falar. Não é. Sinto uma dor excruciante no meu peito. O interfone começa a tocar interrompendo meus devaneios.

- Pois não? - Atendo.

- Benjamin está subindo.

- O quê? Está subindo? - Pergunto num susto.

- Está, você quer que eu o impeça? - Arnaldo pergunta preocupado - Ele disse que é seu namorado, que você está esperando por ele... me desculpe! Vou atrás dele!

Arnaldo trabalha na portaria do meu prédio há uns dois ou três meses e é provável que nunca tenha mesmo visto o Téo para se confundir com meus namorados.

- Não, Arnaldo! Está tudo bem, pode deixá-lo subir.

Abro a porta e Benjamin está lá, ofegante.

- Benjamin, o que você está fazendo aqui? - Pergunto.

- Eu entendi tudo. - Ele diz sorrindo.

- Como você sabe onde eu moro? - Pergunto.

- Olívia, você está fazendo a pergunta errada. Mas meu pai já te trouxe aqui, se você não se lembra.

Só então me dou conta de que Benjamin está com um capacete na mão.

- Você veio de moto, Benjamin? Eu não acredito! - Digo assustada e brava ao mesmo tempo.

- Você não vai me deixar entrar? - Ele pergunta sem cerimônia.

- Desculpe, pode entrar - Digo abrindo espaço para ele passar.

- Eu vim de moto, Olívia. Como você queria que eu viesse atrás da minha namorada teimosa, que me deixou lá na praia sem carro?

- Atrás de quem? - Eu pergunto para ter certeza do que ele disse.

- Atrás de você, Olívia. Minha namorada.

- Benjamin, eu... - interrompo a frase sem saber bem como terminá-la.

- Você é muito cabeça-dura, eu sei - ele completa debochando - E eu também sei que Filipa falou com você - ele diz, sério.

- Agora eu meio que acho que deveria ter te contado, mas não queria estragar a surpresa dela, Benjamin. - Digo magoada.

- Olívia, eu e Filipa não estamos mais juntos há meses. Tudo a respeito dela é ultrapassado para mim. Ela praticamente largou os cachorros comigo, acho que queria manter algum tipo de vínculo entre nós. A gente terminou quase dois meses antes de ela voltar. Não tínhamos promessa de reencontro no Brasil. Quando o Dan me ligou avisando que ela estava em Recife, eu não imaginei que ela fosse aparecer lá na praia... Eu não sei o que ela te disse, mas a minha namorada é você.

- Você está me pedindo em namoro, Benjamin? - Pergunto confusa.

- Não. - Ele diz sucinto.

- Não? - Indago ainda mais confusa.

- Não, Olívia. Nós estamos namorando desde que nos beijamos na sua casa da árvore, durante a festa dos seus avós. Não estou te pedindo em namoro. Você já é minha namorada.

Benjamin fica me encarando e eu não sei o que dizer.

- A menos que você não queira ser - ele diz reticente e eu fico calada por alguns segundos.

Os olhos de Benjamin me invadem, parece que conseguem me ver por inteira. É como se eu não tivesse como esconder o que sinto, e não tenho vontade de esconder, quero que transborde!

Na chuva com BenjaminOnde histórias criam vida. Descubra agora