Capítulo 6

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Olho para o relógio e são oito e meia. Levanto para abrir a janela e vejo Capitu brincando pelo gramado enquanto ao menos umas duas dezenas de pessoas fardadas estão correndo de um lado para o outro para organizar a festa.

Vou tomar banho irritada, porque Capitu me acordou na hora errada. Fico pensando que seria agradável passear, de verdade, em Porto com Benjamin, mas tenho medo, algo parece querer me impedir. Algo, não. Alguém. Téo. Visto meu biquíni azul e resolvo ligar para Benjamin.

- Bom dia, Olívia! Já está pronta? – ele pergunta contente quando atende a ligação.

- Bom dia, Benjamin – eu digo satisfeita de escutar sua voz exatamente como soava no meu sonho. - Acho que não é uma boa ideia irmos a Porto – digo hesitante.

- Por que não? Eu te disse que vamos de carro, não precisa ficar com medo.

- Eu sei, não tenho medo de andar de moto com você – digo e me arrependo.

- Então vamos de moto – ele diz empolgado.

- Acho melhor não irmos, Benjamin... Tinha me esquecido de que tenho que procurar umas cartas de vovó para a cerimônia e preciso me organizar para a festa mais tarde – digo sem muita convicção.

Ele não insiste e não parece chateado quando responde:

- Tudo bem, Olívia.

Desligo o telefone. Embora estivesse convencida de que o melhor a fazer era não ir, fico aborrecida porque ele não insistiu.

Coloco uma saída de banho amarelo claro e desço para tomar café da manhã. São quase nove horas. Só encontro mamãe, correndo de um lado para o outro, e Joana mexendo no celular. Tomar café da manhã com ela por perto era tudo que eu não queria.

Ela se aproxima de mim e diz se sentando à mesa:

- Bom dia, prima, você dormiu bem?

- Bom dia, Joana, dormi muito bem, obrigada! E você? – pergunto servindo-me de suco de abacaxi.

- Dormi bem sim, mas faz tempo que acordei, já fui ver os rapazes no kitesurf, e brinquei com as crianças na areia. Só estou esperando mamãe e papai chegarem – ela diz enrolando uma mecha de cabelos no dedo indicador. - Vovô e vovó chegaram há pouco! – ela fala como se tivesse acabado de se lembrar.

Joana mencionou os rapazes, mas resisto à tentação de perguntar se Benjamin estava com eles.

- Onde está vovó? – pergunto antes de pôr uma garfada de omelete na boca.

- Ela foi ao quarto telefonar para sua maquiadora e acertar o horário para mais tarde, já deve estar vindo.

- Eu vou lá - digo enquanto me levanto e saio depressa antes que ela possa dizer qualquer coisa.

Bato à porta e abrindo-a, pergunto:

- Vó, você está aí?

- Lili, minha querida - ela diz sorrindo e abrindo os braços. Eu vou ao seu abraço e fico lá, sentindo seu cheiro de aconchego. Não sei explicar, mas minha avó tem um colo sobrenatural, capaz de iluminar qualquer situação.

- A senhora trouxe o que nós pedimos? – pergunto me referindo a mim e a minha prima Isabel, filha de Tio Otávio.

- Trouxe somente algumas cartas, Lili, eu e seu avô temos um verdadeiro arsenal de cartas lá em casa – ela denuncia sorrindo.

- Parabéns pelos sessenta anos de casados, vovó! – digo com uma alegria genuína – O casamento de vocês me ajuda a acreditar que as coisas podem dar certo. – digo com um sorriso amarelo.

Na chuva com BenjaminOnde histórias criam vida. Descubra agora