09|Inocência

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Os raios do sol atingem meus olhos me fazem despertar. Me mexo tentando sair dos braços de Gabriel mas ele só me puxa para mais perto.

— Fica aqui — Gabriel sussurra rouco.

— Eu preciso ir. Você vai treinar daqui a pouco — respondo virando de frente para ele.

— Hoje só tenho treino a tarde. Posso passar a manhã inteira com você.

— A manhã inteira? Isso é muito tempo pra eu conseguir te aturar — acaricio o rosto dele que ri.

— Você vai é sentir saudade quando eu sair.

— Eu não. Vou é agradecer — balanço a cabeça negativamente e ele beija minha bochecha.

— Mente mais garota!

— Eu não minto, Coração! — ele arqueia a sobrancelha — O quê não significa que a minha verdade seja a verdade absoluta.

— Isso quer dizer que você realmente acredita que não vai sentir minha falta? — pergunta sorrindo.

Sento na cama me espreguiçando.

— Nesse caso não. Mas para minha reputação é melhor eu dizer que não vou sentir falta — dou de ombros.

— Quem vê tua marra na internet nem imagina que tá caidinha por mim — zomba se sentando também.

— Vai sonhando Gabriel. Você que tá caidinho por mim — afirmo me levantando para procurar minhas roupas.

— Você deveria passar o dia todo assim. Fica linda com a minha camisa — sorri de canto me olhando da cabeça aos pés — Aliás, como conseguiu tão rápido a camisa que usou ontem?

— Meu pai — Gabriel me olha confuso — Ele me deu de presente quando soube que eu viria para o Catar.

— Ainda não explica como ela foi parar na sua mala.

Sinto minhas bochechas esquentarem e desvio o olhar dele.

— Pode ser que eu tenha tido a intenção de trazer ela — falo sem olhar para ele.

— Tava amarradona em mim antes mesmo de me conhecer pessoalmente, né?! — levanta e caminha até onde estou — Olha pra mim coração.

Gabriel segura meu rosto me fazendo olhar no fundo de seus olhos. O brilho no olhar dele é de longe uma das coisas mais bonitas que eu já vi. O brilho de quem correu atrás de seus sonhos e sabe que está conseguindo.

— Você é tão incrível que eu sinto vontade de socar a sua cara.

— Pra quê tanta agressividade? — pergunta antes de selar nossos lábios em um beijo rápido.

— Você me deixa agressiva.

— Para de por a culpa em mim — morde meu lábio.

— Então para de me deixar agressiva — faço beicinho e ele ri.

— Você deveria deixar mais pessoas conhecerem esse seu lado. Você é incrível demais para que só poucas pessoas te conheçam de verdade.

Não consigo evitar sorrir. É a primeira vez que alguém além da minha família e amigos diz que sou incrível. No geral as pessoas só me chamam de mimada, antipática e insensível. Mas por algum motivo não consigo ser eu mesma com qualquer pessoa.

— É mais fácil ser outra pessoa quando estou perto de quem não tenho intimidade. Diminuí a chance de eu sair machucada — dou de ombros.

— O quê fizeram com você coração? Por que você se protege tanto? Nem todos serão babacas com você.

Suspiro olhando para ele. Tenho uma dificuldade enorme em me abrir com as pessoas. Mas por algum motivo, basta um olhar dele e eu já me sinto a vontade.

— Eu me apaixonei uma vez. Antes do Pedrinho. Antes ainda de eu ir morar sozinha. E foi uma das coisas mais dolorosa que já aconteceram comigo. Se não a mais dolorosa.

— Por quê? — pergunta quase sussurrando.

— Eu era uma garota de quinze anos apaixonada. E ele o professor de educação física de vinte e sete — Gabriel trava o maxilar — Eu prometi para mim mesma que nunca mais deixaria alguém me machucar da mesma forma.

O maior erro da Carolina adolescente foi acreditar que seu professor de educação física estava realmente apaixonado por ela. Eu me entreguei de corpo e alma para um cara doze anos mais velho que dava em cima das alunas sem nem se importar com as consequências. Ele tirou a inocência da Carolina de quinze anos que sonhava em encontrar um príncipe encantado. Se eu pudesse voltar no tempo daria um chute bem dado no meio das pernas dele. Mas isso é impossível. E sei que a surra que meu pai deu nele por machucar sua garotinha deve estar doendo até hoje. Eu só gostaria de não ter passado pela dor de ser forçada a fazer algo que eu não queria por alguém que eu achava que me amava. Agradeço muito por ter tido o apoio dos meus pais. E fico feliz por saber que minha irmã não vai passar por isso. Porque eu não vou deixar um cara como ele se aproximar dela.

— Por isso você nunca tem relacionamentos sérios.

— Sim. Pedro foi o cara que mais gostei depois do João. Mas eu não conseguia me entregar — suspiro — Mas aí eu conheci um certo atacante do Arsenal de quem eu já falei muito mal. Mas por algum motivo eu me sinto extremamente a vontade quando estou com ele. Mesmo que eu passe grande parte do tempo que estou com ele sentindo vontade de meter um soco na cara dele.

— Que bom então que você encontrou ele. Ele parece ser um cara realmente incrível — sorri.

— Ele é o melhor. Mas não conta para ele que eu disse isso — sussurro colando nossos lábios.

É a primeira vez que sinto um sentimento além da atração beijando Gabriel. E por incrível que pareça não me sinto assustada. Não tem a insegurança que João me transmitia. Nem a pressão de corresponder aos sentimentos de Pedro. Sinto que meus sentimentos por Gabriel são correspondidos na mesma intensidade. E que não importa o fato de que ele mora em Londres e eu em São Paulo. Nós podemos fazer dar certo. E é bizarro o fato de que eu me apaixonei em menos de um mês. Mas é de Gabriel Martinelli que estamos falando. Ele é o cara perfeito para mim. Eu posso não estar com ele daqui a dez anos. Mas sei que ele ainda estará no meu coração. Porque ele é o cara que me fez voltar a acreditar no amor. E eu sou grata pra caralho.

•Gabriel já se tornou o porto seguro da Carol e nem sabe

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Gabriel já se tornou o porto seguro da Carol e nem sabe.

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