capítulo 11

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Eu era um garoto de cidade pequena, poderia até mesmo ser considerado alguém ignorante por não conhecer o mundo tecnológico que eram as grandes metrópoles, mas a capital? Parecia que eu havia entrado em outro mundo. Os prédios, a correria, as pessoas gritando na rua vendendo suas mercadorias enquanto as carruagens chiques e cavalos circulavam apressadamente pela a cidade. As pessoas que viviam ali não tinham muito tempo. Não consegui me distrair dentro do carro quando o cenário onde estávamos se tornou tão conhecido, eu estava curioso.

— O que achou? — Jungkook me questionou.

— Diferente... Parece outro mundo. — Ainda estava desnorteado. — É realmente muito grande.

— Espere até ver o castelo. — Jeon falou em um suspiro. Me virei em sua direção.

— Ainda está preocupado pela carta? — Perguntei. Ele massageava as têmporas.

— Estou preocupado com muitas coisas, principalmente como vão lhe tratar. – Encolhi os ombros. Entretanto, sua mão segurou a minha.

— Eles têm consciência que você existe, mas realmente não quero que hajam como se você fosse algo exótico. — Jungkook não falava como se o fato de eu ser ômega macho fosse realmente algo preocupante, meu marido falava com carinho. — Eu gosto de você assim. — Sorri acalmando o meu coração.

Jungkook foi o primeiro a descer quando chegamos ao castelo. Estendendo a sua mão, ele carinhosamente me ajudou a descer, permanecendo com as mãos entrelaçadas a mim e eu agradeci mentalmente por ele ter notado todo o meu acanhamento. Me escondi em suas costas como uma criança se esconde entre as pernas dos seus pais quando vi um homem e uma moça na frente do castelo que esperavam por nós.

— Alteza. — Jungkook se reverenciou e eu repeti, minha mão apertou a sua, e ele me correspondeu no ato, quase como se entendesse que eu estava nervoso.

— É sempre um prazer revê-lo Jungkook, ainda mais agora que está casado. — Senti o ar faltar nos meus pulmões, talvez eu não estivesse pronto para encontrar outras pessoas.

Eu estava atrás de Jungkook, torcendo para que seu corpo conseguisse esconder o meu por completo, mas quando a atenção foi voltada a mim, parecia que nem as minhas roupas eram capazes de me cobrir.

— Altezas, esse é Taehyung, meu ômega. — Jungkook falou colocando sua mão em minha cintura e eu dei um passo para frente. Olhei assustado e envergonhado para os outros, eu seria morto por me apresentar ao rei.

Os lábios dele se entreabriram e depois suas feições mudaram para surpresa. O homem sorriu e eu achei que ele era capaz de trazer um arco-íris consigo. Me curvei mais uma vez.

— Altezas. — Meus dedos estavam tremendo.

— Um ômega macho! — Uma garota finalmente falou, quase como um grito esganiçado, fazendo meus ombros encolherem. Me coloquei atrás de Jungkook, eu queria voltar correndo para casa.

— Anne, cuidado com os modos.

— Eu não posso acreditar, Jungkook! Você escolheu o podre da sociedade.

Aquilo doeu como nunca, senti meus olhos marejarem e eu olhei para meu marido, amuado. Ele estava pronto para rebater, seus lábios se entreabriram.

— Cale-se! — O príncipe levantou a mão — Eu dei a ele a carta branca, Jungkook pode qualquer coisa. Recomponha-se se ele não lhe quis não haja como uma vadia. — As bochechas dela coraram, eu segurei no braço de Jungkook, colando nele.

— Você o intimidou tanto que os feromônios dele ficaram fortes.

— Perdão, alteza. Taehy ainda está aprendendo a controlá-los. — Jungkook se explicou e eu me senti envergonhado por não conseguir fazer uma tarefa tão simples.

Era difícil os controlar, nunca foi necessário que eu escondesse e, principalmente, depois da marca parecia que eu precisava ainda mais os manter ocultos. Estava trabalhando nisso.

— Chega de formalidades, Jungkook. — O rapaz falou. — É apenas Hoseok.

Meu marido sorriu quando o príncipe se aproximou e o abraçou, logo depois, apanhou a minha mão beijando as costas da mesma. Senti as bochechas pegarem fogo.

— É um prazer lhe conhecer.

— Digo o mesmo. — Falei rápido, quase sem respirar. A mão do meu marido tocou a base da minha cintura, me puxando para perto dele, onde eu me sentia seguro.

Os dedos de Jungkook se entrelaçaram aos meus e caminhamos o tempo todo de mãos dadas, em suspiros de alívio eu me sentia mais seguro assim. Mas eu não conseguia afastar o sentimento de ser intruso, aquele lugar era lindo demais, e eu me sentia envergonhado por estar dentro dele. O chão brilhava tanto que eu era capaz de ver o meu próprio reflexo.

— A viajem foi longa, então descansem por hoje. — Hoseok era gentil, a sua voz era tão branda que eu não me incomodaria em o ouvir conversar durante horas. — Tenho certeza que deve estar exausto, Taehyung.

— Eu agradeço. — Falei baixo.

— Não fique com vergonha, Jungkook é como um irmão para mim, você não é diferente.

— Hoseok, não force tanto — Jungkook falou fazendo o outro sorrir compreensível.

— Eu imagino que seja difícil. — Por fim, o príncipe suspirou.

— Eu estou tentando me acostumar. — Fui sincero, o vendo afirmar.

— Me perdoe por Anne. — Hoseok falou, deixando Jungkook e eu em frente a porta do quarto onde ficaríamos.

Entrei silenciosamente, nossas malas já estavam lá, e quando eu parti em direção ao banheiro, Jungkook me segurou pelos ombros, estalando a língua.

— Me desculpe por aquilo. — Ele pediu. Sorri mínimo.

— Está tudo bem, eu soube desde o princípio que não me aceitariam — Falei. Ele me olhou triste, segurando meu rosto.

— Taehy, eu não quero que se sinta inferior.

— Mas eu sou, Jungkook.

— Não é, você é perfeito. — Seus lábios tocaram os meus, segurei em seu pulso. — Não vamos ficar por muito tempo, logo voltarmos para casa.

— Certo.

— Mas preciso que seja forte, amor. — Meu coração sempre palpitava como um louco quando Jungkook me chamava daquela maneira.

— Não me chame de amor — Falei, já sem ar.

— Por que? — Suas sobrancelhas juntaram em confusão.

— Meu coração fica louco quando você faz isso. — Sussurrei, abaixando a cabeça, fazendo ele rir me mantendo colado em seus braços.

— O meu sempre fica louco quando estou com você.

 

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