capítulo 31

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Quando uma ômega dava à luz a um ômega macho, a família costumava colocá-los na roda dos rejeitados para servirem a igreja, fazendo parte do couro ou eram mortos por debaixo dos panos e dito que a criança não havia sobrevivido. Não eram comuns, faziam parte de uma pequena classe rebaixada. Não podiam engravidar porque mesmo entrando no cio, não possuíam órgãos reprodutores. Eram um erro genético. Não era considerado crime algum matar um ômega macho.

E eu era um.

Eu havia crescido acreditando que não haviam sonhos e esperanças para mim. Eu estava sozinho e eu me sentia um ninguém. Eu vivia sobre a tempestade, e ela estava me afogando.

Quando Jungkook me comprou, eu acreditei que nada poderia piorar. Porém, não importava o tamanho da tempestade, o arco-íris sempre vinha. Ele enfeitava o céu nublado, dando novos ares e trazendo esperanças.

Quando eu olhei para Jungkook, eu achei que ele seria a minha tempestade. Entretanto, ele foi o meu arco-íris.

Haviam coisas dentro de mim que eu nunca fiz questão de pôr em ordem, mas quando eu estive com Jungkook, foi como se ele colocasse tudo em seu devido lugar. Eu havia cuidado de seu coração e ele havia cuidado do meu. Eu sabia que nem sempre as coisas poderiam estar de fato no lugar porque o amor é um sentimento, você não pode viver dele, apenas sentí-lo, e eu o sentia.

Era um fato que nunca iríamos conhecer ninguém por inteiro, e pouco a pouco, eu ia descobrindo mais de Jungkook, e Jungkook descobria mais sobre mim, e era assim que as coisas eram, lentamente, Jungkook e eu nos reerguíamos aos poucos.

Éramos diferentes e haviam buracos em nossos peitos em lugares diferentes. No entanto, mesmo com nossas diferenças, com nossas falhas e fracassos, ainda sim, conseguíamos completar um ao outro.

Ninguém é de fato perfeito, e não era necessário perfeição. Eu conseguia ser imperfeito ao lado de Jungkook, e isso era o suficiente para nós dois.

Jimin havia voltado para casa quando a carta chegou em suas mãos. Ele foi o primeiro a me ver antes que eu entrasse na igreja. Meu amigo havia me acompanhado na carruagem e eu estava tremendo nervosamente. Ele riu e contou algumas piadinhas, falando que não havia porquê ficar nervoso para rever meu marido que estava comigo na noite anterior, mas quando ele viu meus olhos apavorados, Jimin se moveu para estar no mesmo banco que o meu, ele respirou fundo segurando a minha mão e disse que estava orgulhoso de mim, aquilo foi o suficiente para que meus olhos lacrimejassem e eu chorasse de alegria.

Eu desci da carruagem com a sua ajuda, e Yoongi e Namjoon estavam lá sorrindo para mim, Yoongi estendeu o braço e eu segurei com força.

— Vou lhe levar até o altar. — Ele falou.

— Achei que seria Seokjin.

— Fizemos pedra, papel e tesoura porque todos queriam te levar. — Namjoon falou, me fazendo rir.

— Eu ganhei justamente. — Yoongi disse com um sorriso exibido.

Eles me descontraíram, fazendo com que eu me acalmasse. Senti quando as minhas pernas foram agarradas, olhei para baixo, encontrando Gael olhando para mim. Me agachei, ajeitando sua gravata, ele sorriu mostrando suas pequenas presas

— Vá com o tio Jimin, sim? — Falei. Ele afirmou com a cabeça, segurando a mão de Park e entrando na igreja.

Min estendeu o braço para mim e eu o segurei firme. As portas se abriram e então eu dei o primeiro passo, foi como da primeira vez. Eu olhei para Jungkook, ele estava lá em pé e eu o vi sorrir para mim, minhas memórias se misturavam e, a cada passo a que eu dava, eu me lembrava da primeira caminhada até o altar, onde eu sentia que tudo estava destruído e não havia mais esperança, porém agora, eu sentia fogos de artifício em meu peito em promessas do futuro feliz com Jungkook.

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