Talvez eu realmente não estivesse pronto para aquele jantar. Sentia quase como se os meus pulmões pudessem sair pela boca e o meu cérebro já havia desistido de me dizer que estava tudo bem, afinal eu estava com muito medo. Mesmo sendo muito bem acolhido pelo príncipe Hoseok, as palavras de Anne não foram calorosas, e talvez eu não estivesse pronto para encarar o rei. Jungkook ocupou-se com suas roupas, o uniforme combinava com ele, seus olhos me alcançaram e eu sorri tentando não parecer nervoso. Não podia jogar para cima dele todas as minhas inseguranças.
— Não faça isso, parece que seu maxilar está doendo de tanta força que você está usando.
— Eu estou nervoso, Guk. — Ele assentiu, se agachando em minha frente. — Antes ninguém sabia da minha existência, nem as pessoas do meu vilarejo, agora eu vou ter que jantar com a família real.
Seu sorriso foi compreensível, enquanto deixava um carinho na parte interna do meu joelho.
— Eu sei que é bastante diferente do que você está acostumado, mas eu estarei com você, não importa o que aconteça.
— Acho que não estou me sentindo bem. — Fiz drama e suspirei.
— O que está sentindo? — Ele perguntou preocupado.
— Meu coração dói, e eu não consigo pensar em algo, é como se minha mente estivesse vazia e cheia ao mesmo tempo. — Falei frustrado. — Eu quero chorar, mas não tenho lágrimas. — Jungkook estalou a língua, beijando a minha testa.
— Eu não tenho uma resposta para isto. — Ele falou e eu assenti com a cabeça apoiada em seu peito.
— Podemos ficar aqui por hoje. Não precisamos ir se não quiser. — Suspirei, ele era tão amável.
— Mas estão todos nos esperando, seria desrespeitoso.
— Eu vou estar segurando a sua mão à todo instante.
Jungkook entrelaçou nossos dedos assim que cruzei a porta do quarto, segurando firme. Meu marido recebia reverências dos outros soldados do castelo, ele era uma autoridade maior. Era quase como se ele estivesse com o peito mais inflado e seus passos haviam ficado mais duros e fortes. Não sei se era impressão minha, mas sua presença estava mais dominante. Um alfa de caça. As longas portas que davam acesso a sala de jantar foram abertas pelos conservos que não se atreveram a levantar o rosto voltado ao chão. Minhas pernas tremeram, eu estava com medo no instante em que vi Hoseok junto ao rei, que estava na ponta da mesa. Um senhor de meia idade com barba grisalha se levantou parecendo entusiasmado com a presença de Jungkook, que não o permitiu fazer uma reverência, ao invés disso, um abraço apertado foi lhe dado, fazendo com que sua mão escapasse da minha e eu, por instantes, me senti vulnerável.
O rei soltou meu marido, olhando diretamente em meus olhos, meu corpo havia sido congelado. Me curvei colocando a mão direita sobre o lado do meu coração em sinal de lealdade, e respirei fundo quando ele tocou o meu ombro em aprovação. Jungkook repetiu o ato, então sua mão esquerda segurou outra vez a minha.
— Sentem-se, é sempre uma honra tê-lo de volta, Jungkook.
— A honra é toda minha. — Jungkook disse.
Eu era capaz de sentir todos os dardos inflamados que Anne me lançava com o olhar, eu queria me levantar e correr para casa. Estava com medo de estragar tudo, principalmente na hora em que eles perguntassem algo para mim. E se eu respondesse errado? não queria vergonhar Jungkook.
Os pratos foram servidos, e eu tinha que admitir que o cheiro estava ótimo. Fiquei ansioso para experimentar.
— Ah, Taehyung! — Dirigi minha atenção para Anne. — Tenho certeza que são garfos demais para você, prefere usar uma colher? — Senti minhas bochechas rubras, era quase como se o veneno escorresse dos seus lábios, encolhi os ombros. — Afinal, camponeses só comem com colheres, não é mesmo?
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Dote
FanfictionA família Kim aceitou o dote oferecido pelo misterioso filho da família Jeon, o rapaz desejava Kim Taehyung e mesmo ele tendo irmãs para ficarem comprometidas em seu lugar, Jungkook havia o escolhido.