Capitulo 7

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   Nesse momento difícil que, principalmente minha mãe se encontra após a ida sem volta de meu pai, alguns familiares mais próximos decidiram ficar na cidade por algum tempo, só para não nos deixar muito sozinhos.
   Minha tia Aurélia disse que passaria o dia todo em nossa casa o máximo de vezes por semana que ela conseguisse, desde o nascer ao pôr do sol. Porém, ela disse que viria acompanhada por alguém com minha idade, alegou que eu era muito fechado e que talvez assim eu pudesse me descontrair.
Mal ela sabe que escondo coisas até de mim mesmo.
   No dia seguinte do enterro dele, minha tia já começou suas visitas. Era um sábado de manhã quando escutei alguém chamando no portão, olhei no relógio que dizia 07:00 da manhã. Ela não estava brincando quando falou sobre o horário de sua chegada, mas tinha que ser justamente no meu dia de folga? onde a última coisa que eu queria era ter que abrir os olhos em plena manhã e ainda sair apressado para abrir o portão. Muita adrenalina pra uma pessoa só ao acordar.
  Ao abrir o portão me deparo com Aurélia e logo atrás dela, Katie. Eu não podia simplesmente acreditar que aquilo realmente estava acontecendo, qual a probabilidade de alguém que tem a probabilidade baixíssima de me encontrar aparecer na frente da minha porta? Ela tinha zerado todas as contas e estatísticas que eu havia feito, zerou minha cabeça como sempre faz. Pensei estar delirando, ficando louco, talvez fosse apenas um sonho (ou pesadelo) já que acabava de acordar, até que
— Bom dia querido. Vai nos deixar entrar ou só ficará olhando para nossa cara? -disse minha tia-
— Peço perdão, acabei de acordar, ainda estou procurando sentindo na vida.
— E ela tem algum? -disse Katie- (me surpreendendo).
   Fui tomar um banho e depois do café procurei meu caminho para atrás da casa, por algum motivo, aquele lugar se tornou meu lugar de refúgio e calmaria, como se me fizesse ter um branco de todos os problemas na memória.
  Ao chegar perto notei a presença dela, no mesmo lugar, já ia me retirando quando ela lançou:
— Você pode me fazer companhia se quiser. Afinal é pra isso que vim.
— Isso é sério? -disse eu, me aproximando-
— Na verdade não, minha tia deu essa desculpa, mas a real é que eu estou ficando na casa de minha madrinha enquanto meus pais viajam a trabalho, então ela não tinha o que fazer comigo além de me trazer junto com ela.
— Então você não veio pra me confortar ou distrair?
— Bom, esse não era o motivo inicial, mas pode ser se você quiser.
— Não quero ser tratado com pena.
— Isso não é pena. Vamos fazer assim, eu me torno sua amiga, amigos contam tudo um para o outro, se apoiam e confortam suas diárias melancolias. Se você aceitar ser meu amigo não estarei fazendo nada mais nada menos que lhe ouvindo, não estarei com pena, estarei sendo sua amiga.

Enquanto ouvia o que ela dizia, senti um misto de paz com conforto e com nervosismo. Novamente seus olhos tirando toda a minha atenção.

— Tá bom. -eu disse-
— Você pode começar agora, sabe disso?
— Sei, só não sei o que falar.
Eu sabia e não sabia na verdade, a única coisa que rodeava na minha mente eram coisas que não havia dito ainda nem a mim mesmo. E sinceramente, quem pensa em qualquer outra coisa em frente aqueles olhos? Estou me achando quase que obsessivo demais com isso, comecei até a ficar com medo de mim mesmo, o que ela fez comigo?
— Eu não sei o que pensar. -comecei-
— Como você está com ter que assumir toda a responsabilidade do seu pai? Sei que ele te treinou pra isso e sei que vai fazer um bom trabalho, mas mesmo assim é uma mudança querendo ou não repentina. Como você se dá com a mudança da rotina?
— Seus olhos
— O que disse?
— Nada.
— Você disse sim. O que tem meus olhos?
— Cor de mel
— O que você quer dizer?
— Quero dizer que são cor de mel.

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