Escola

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No dia seguinte, Severus acordou com Charlotte a sacudir o seu ombro levemente enquanto o mandava vestir-se para tomar o pequeno-almoço.

A criança bocejou pela sonolência, mas levantou-se do conforto da cama, apesar a contragosto, vestindo uma outra roupa, tremendo um pouco durante o processo por causa do frio que começava a aparecer para dar as boas vindas à nova estação do ano que se aproximava.

O menino desceu as escadas, deparando-se com o pequeno-almoço na mesa. Charlotte convidou o pequeno a sentar-se e comer a sua refeição com ela, algo que o mais novo aceitou de bom grado.

Severus sentou-se ao lado da mulher idosa e tomou um gole do seu leite morno como também uma dentada na sua tosta mista. Um som de agrado saiu dos lábios fechados do rapaz, que se deliciava com o alimento. Era apenas uma tosta mista, mas Charlotte conseguia fazer com que o sabor fosse muito melhor.

A mais velha sorriu perante o agrado do menor e tomou o seu leite com cevada como também a sua tosta mista.

Durante a refeição, Queens entregou o papel com a nova rotina do menino. Severus ficou curioso e leu o conteúdo enquanto bebia o seu leite. A criança ficou muito surpresa ao ver que tinha um horário e, inclusive, as suas bochechas coraram de vergonha quando se deperou com "hora da sesta". Bolas, ele não era nenhum bebé. Pelo amor de Merlin!

Snape referiu a hora da sesta e tentou argumentar com a idosa sobre a sua remoção. Contudo, mula como Charlotte era, não ouviu e nem aceitou nenhuma contradição do menino, permanecendo fiel à sua ideia inicial e de que era o melhor para a criança. O menino continuou a insistir, mas apenas recebeu uma atitude descontraída da idosa que bebia o seu leite com cevada com um pequeno sorriso nos lábios. A criança fez um pequeno bico com os lábios por ter sido ignorada e continuou a comer a sua refeição com uma cara meio amuada. Contudo, o rapaz não conseguiu permanecer chateado por muito tempo, acabando por aceitar os termos e regras da mais velha.

Após terminarem de comer e lavarem a loiça, o par foi para a sala de estar e a idosa instruiu o menino para que pegasse na sua flauta e começasse a fazer os exercícios enquanto esta pegava nos novelos de lã, que tinha deixado na mesinha ao lado do seu cadeirão, e se sentava logo a seguir para começar a tricotar.

Severus olhou a mais velha com curiosidade sobre o que esta fazia, mas foi repreendido pela mesma por não estar a praticar. Como se tivesse cometido um erro muito grande, Severus corou e começou a praticar de uma forma desajeitada. Charlotte, enquanto tricotava, corrigia os erros do menor que ouvia atentamente as suas palavras e conselhos para depois pôr em prática o que ouvia.

A criança franziu um pouco a testa, já tinha feito os mesmos exercícios por tantas horas que até se surpreendeu por se ter enganado e ainda cometer alguns erros de respiração. A mais velha ensinava com paciência e inclusive insinuou que poderia lhe ensinar a tocar uma música caso o seu desempenho fosse bom. Como se Severus fosse uma verdadeira criança e não um adulto no corpo de uma, os seus olhos brilharam em contentamento e determinação, concentrando-se mais ainda nos exercícios que fazia e com cuidado para não cometer erros, não que ele os cometesse de propósito.

Charlotte abanava a cabeça em afirmação, satisfeita com o que ouvia. O menino estava a melhorar e isso era muito bom para quem tocava à pouco tempo. Ou ele era um excelente aluno ou ela era uma ótima professora. Com um sorriso nos lábios, Queens continuou a tricotar com o novelo branco enquanto ouvia os esforços da criança a tocar a sua flauta.

As duas horas passaram a voar e a idosa proibiu que Severus tocasse mais uma única nota, ordenando a seguir que arrumasse as suas coisas e se preparasse para dormir.

Um pouco a contragosto, Severus obedeceu, desmontando a sua flauta e colocando-a no estojo preto. A seguir ele subiu as escadas, sendo acompanhado pela mais velha que queria ter a certeza que dormiria ou, pelo menos, fosse para a cama. No quarto, o pequeno adentrou na cama mais uma vez, enquanto argumentava e insistia que não era necessário ele dormir uma sesta. Para ele era algo humilhante, ele não era um bebé. No entanto, Charlotte não lhe deu ouvidos e obrigou-o a deitar-se enquanto o aconchegava nos lençóis quentinhos.

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