(Re)Encontro

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O ambiente era silencioso e calmo, apenas com o som das páginas a ecoar pelo espaço acolhedor, com o cheiro dos livros, tanto novos como velhos, a infiltrar nas narinas daqueles que liam.

O sol da manhã infiltrava-se pelas grandes janelas do cômodo, iluminando o lugar com luz natural. As estantes cheias de livros transpareciam conhecimento e eram sedutoras para qualquer um que ansiasse aprender o que quer que fosse, algo completamente normal numa biblioteca.

Severus, que estava sentado numa secretária da biblioteca, escrevia no seu caderno anotações da aula que tivera com Erdem naquele dia, uma aula sobre a sua posição no Wizengamot, a corte Suprema dos Bruxos. Segundo Erdem, era muito importante que Severus aprendesse tudo o mais cedo e da melhor maneira possível, uma vez que a posição dos Drackarys na corte era de extrema importância, sendo dos assentos de maior importância pelo poder e influência da família.

Por esta razão, Erdem ensinava de tudo um pouco, indo desde economia até as leis mágicas, como também etiqueta e línguas, como latim. Escusado dizer que o mais velho ficou bem surpreso ao ver que a criança já sabia diversos conceitos sobre cada ensinamento, o que permitiu que o mesmo tivesse as aulas com a filha de Erdem, Zaria, que estava mais avançada.

Por falar em Zaria. Snape elevou um pouco a cabeça, olhando a jovem de dezassete anos que lia um livro sobre leis mágicas. Apesar dos Willow não possuírem uma posição no Wizengamot, Erdem achava muito importante ter conhecimento sobre as leis, sobretudo se ocorresse um problema em que eles estivessem em desvantagem. Assim, ele decidiu ensinar à sua única filha tais conhecimentos que seriam úteis no futuro, ou não, depende da perspetiva e da ocasião.

Zaria era muito parecida com o pai, com a pele escura sem imperfeições, olhos escuros e inteligentes, os dedos finos, que alisavam as páginas dos livros, e o seu cabelo longo e preto como o carvão, cujo estava entrançado em dezenas de tranças finas. Uma rapariga bonita, deveras.

Zaria, apesar de ser uma Hufflepuff, mantinha uma cara séria enquanto estudava e parecia muito concentrada, os seus olhos não vacilavam das palavras das páginas amarelas, mantendo uma postura nem mole nem rígida, estando encostada na cadeira e com o livro nas suas mãos.

Severus conviveu com Zaria naquele curto espaço de tempo que era conhecido como férias de verão, mas foi o suficiente para se conhecerem e estabelecerem uma boa relação, sobretudo quando Erdem era bastante considerativo com o menino e insistia que os dois se dessem bem.

Não foi difícil, para dizer a verdade, Zaria era alguém bastante sociável e fácil de se aproximar, mas ela conhecia os limites e sabia ler o ambiente, por isso ela notava quando Severus não queria falar ou não se sentia confortável com alguma coisa. A rapariga tinha muitos amigos, alguns dos quais eram bastante introvertidos o que a levou a aprender como interajir com os mesmos, fazendo com que a jovem se adaptasse aos diferentes tipos de pessoas.

Na verdade, Severus ficou um pouco surpreso ao ver a capacidade de adaptação da mesma, se ela quisesse Zaria podia ser uma atriz profissional. Isso preocupou um pouco o mais novo, que acreditava que esse tipo de pessoas, que conseguiam fingir e ser completamente diferentes à frente de determinadas pessoas, eram as mais perigosas. Se a outra não fosse uma Hufflepuff, Severus pensaria que teria más intenções. Não que os Hufflepuff não as tivessem, existiam vários seguidores de Voldemort que eram Hufflepuff e, como era de se esperar, eram os mais leais dos seguidores.

No entanto, o menino tinha a certeza que Zaria era uma boa pessoa, uma vez que ela lutou contra Voldemort sem mesmo pertencer à ordem da fénix. Ela era apenas uma pessoa que respeitava os limites dos outros.

Severus abaixou a cabeça e continuou a escrever algumas conclusões, pegando num livro sobre o Wizengamot para então folheá-lo até uma determinada página e escrever alguma coisa que lera. Um tempo depois ele mostrou à mais velha, tirando-a do seu estado de concentração. No entanto, em vez de ficar aborrecida Zaria sorriu para a criança à sua frente, desencostando-se da cadeira e inclinando-se para a frente e ler o que o mais novo fizera. Os dois trocaram algumas ideias e Severus sorriu ao ver que a outra não tinha nada a acrescentar e que concordava com tudo o que estava escrito, apesar de aconselhar mostrar ao seu pai.

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