Segredos revelados

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Severus estava à espera que a sua mãe o fosse buscar à escola, apesar de as suas esperanças serem nulas, pois não era a primeira, nem a segunda ou a terceira que aquilo acontecia. Na verdade, as aulas já tinham começado há mais de dois meses e durante esse tempo Eileen só o foi buscar duas vezes.

No início, os funcionários da escola não queriam que ele andasse sozinho até casa, isto porque eles não sabiam onde a criança morava exatamente. Essa preocupação era estranha para Severus, visto que na sua vida passada essas pessoas nunca tentaram impedi-lo de se ir embora. No entanto, com o passar do tempo, eles não tiveram outra opção ao verem que ninguém viria buscar o menino. Alguns ofereceram-se para acompanhá-lo até casa, mas o menino preferiu ir sozinho.

Hoje era um daqueles dias, mas Severus ainda não podia sair da escola, porque os funcionários insistiam em acreditar que os progenitores estavam apenas atrasados.

Um deles suspirou e uma senhora de meia idade franziu um pouco os lábios, ela olhou para a criança que estava em pé à espera da mãe e abriu a boca, dando-lhe autorização para sair dos portões da escola. Snape agradeceu e inclusive fez uma vênia pelos cuidados e atenção que lhe ofereciam, atingindo o coração dos mais velhos com um ataque de fofura.

O menino ia fazer-se à estrada, mas então viu uma figura bastante familiar, alguém que ele adorava do fundo do coração.

-Charlotte!- gritou Severus para então correr na direção da mulher e dar-lhe um grande abraço

-Olá, meu amor, como estás?- perguntou a idosa a abraçar a criança e a fazer carinho no cabelo do menino

-Eu estou bem, mas o que fazes aqui?- perguntou o menino surpreso e confuso

-Oh, é uma longa história, mas de forma bem resumida eu fui ver o meu advogado que não fica muito longe daqui, passei pela escola e vi-te- respondeu a mulher com um sorriso doce

-Advogado? Para quê?- perguntou confuso o menino

Charlotte sorriu para ele e riu suavemente, passando a mão no cabelo do menor com ternura.

-Talvez no futuro descubras- foi o que respondeu

Severus ficou confuso, mas não importunou mais a mulher, afinal, ele não tinha nada a ver com o assunto.

-Mas, porque ainda estás na escola?- perguntou ela com a testa franzida

Severus ia responder, mas uma funcionária da escola notou a interação dos dois e decidiu falar com Queens.

-Desculpe, boa tarde, tem alguma relação com o menino?- perguntou a senhora

-Bom, nós vivemos na mesma zona, mas posso dizer que ele é como um neto para mim- respondeu Charlotte

-Oh, e tem contacto com os pais dele?- outra pergunta

-Não muito, Severus gosta muito de passar o tempo comigo, mas o pai trabalha a semana toda e a mãe... bom, é dona de casa, mas, como hei-de dizer isto, não, ela não interage muito com o filho, fica... deitada o tempo todo- disse Charlotte um pouco envergonhada e sem querer revelar muita informação

-Ah, coitadinha, é doente?- perguntou a funcionária chocada

-Só se for em empatia- murmurou Severus que recebeu uma palmadinha na cabeça, sem intenção de doer

-Pode-se dizer que sim- respondeu Queens com o seu melhor sorriso

-Entendo, isso explica porque ninguém veio buscar o jovem nestes dois meses- disse a funcionária em entendimente

Contudo, Charlotte congelou e o seu sorriso ficou tremido, os seus olhos arregalaram e as suas mãos apertaram a base do seu vestido.

-Perdão? Penso que não ouvi bem, está a dizer-me que Severus tem andado sozinho até casa completamente sozinho?- perguntou Queens horrorizada

RedençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora