Salvação

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A luz proveniente do meio ambiente adentrou no quarto azulado onde quatro pequenas águias dormiam aconchegadas e calmamente, como se não tivessem de se preocupar com nada. E não tinham, pelo menos não naquele momento.

A águia do meio acorda como de costume, o seu cabelo comprido e negro caía suavemente pelas suas costas, a sua pele branca era iluminada pelos raios solares que o despertaram e os seu olhos como ónix piscavam de forma lenta e meio sonolenta.

Severus bocejou, esfregando um pouco os seus olhos, para depois olhar para os rapazes nas suas respetivas camas. Os seus olhos pararam em Regulus que dormia feito um anjo, um pouco encolhido na cama e agarrado aos lençóis. Um sorriso surgiu nos seus lábios, ainda sem acreditar que o mais novo era, realmente, um Ravenclaw como ele. Lá está, ele também não quis acreditar quando ele próprio foi selecionar para a equipa das águias. Mas lá estava ele e agora com Regulus a acompanhá-lo.

Isso era bom, de certa forma. Severus podia cuidar de Regulus e talvez fazer com que este não cometesse os mesmos erros na vida passada, como se juntar a Voldemort. Ele ainda não sabia como ia fazê-lo, ele não tinha propriamente um lugar para Regulus se esconder dos seus pais, pois, ao contrário de Potter, Severus não tinha uma casa com proteções contra invasores ou inimigos, apesar de ele ser muito bem capaz de aplicá-las. O problema era que a sua casa não era o melhor esconderijo de todos e qualquer pessoa podia entrar através da rede floo.

Severus suspirou um pouco. No momento, o melhor que ele tinha a fazer era pensar no presente e fazer o melhor possível para que Regulus não se arrependesse de seguir o seu conselho ou palavras. Ele tinha de fazer com que Regulus se sentisse bem onde estava e protegido ou Severus iria perdê-lo mais uma vez pela sua incompetência.

Snape negou com a cabeça, acordando um pouco do seu transe de memórias, para então levantar-se da cama e dirigir-se para a casa de banho para tomar um duche e ficar bem desperto. Mesmo assim, a criança continuou um pouco perdida nos seus pensamentos, enquanto a água lhe caía pela cabeça e lhe escorria pelo corpo. Severus desejava poder fazer tudo bem e compensar Regulus por o ter condenado a uma morte certa e, provavelmente, dolorosa, apenas porque não conseguiu deixar o seu ódio pelo seu pai de lado, levando-o a juntar-se a Voldemort e punir inocentes que não tinham nada a ver com os seus sentimentos nada amigáveis pelo progenitor.

Severus respirou fundo enquanto se secava na casa de banho do dormitório e suspirou logo após. Certamente, ele queria o melhor para Regulus e agora que eles continuavam na mesma casa ele faria de tudo para protegê-lo e cuidá-lo.

Ao retornar para o dormitório, o menino vestiu o seu uniforme de forma lenta, enquanto observava a face adormecida dos seus companheiros. Ele riu suavemente ao ver Bryan de barriga para cima, com uma perna fora da cama, um braço acima da sua cabeça a formar um ângulo de noventa graus, o outro braço também a sair da cama e um pouco de baba a sair do canto da boca. Zayn, por outro lado, dormia numa posição que o lembrava de um defunto, de barriga para cima e com as mãos sob o abdómen, a sua expressão era tranquila e não babava como o seu irmão gémeo.

Ora, aquilo refletia perfeitamente a personalidade de cada um, sendo um mais extrovertido e espontâneo e o outro mais introvertido e observador.

Os olhos de Severus pararam em Regulus e sorriu um pouco ao ver o mais novo bem enrolado nos lençóis da sua cama e um pouco encolhido, tal e qual um gatinho.

Severus aproximou-se da cama de Bryan e sacudiu-o levemente, chamando-o não muito alto para não exaltar o outro. Mesmo assim, não adiantou de muito, porque Bryan abriu os olhos abrutamente, saltou na cama e gritou:

-Quem morreu?! Estamos sob ataque?!

Este grito fez com que as outras duas crianças presentes acordassem com o coração ao rubro e se levantassem com os seus olhos arregalados, mirando os seus arredores um pouco assustados. Severus também não ficou atrás, sendo, sem querer, empurrado por Bryan quando este lhe deu uma cabeçada no queixo por se ter levantado demasiado rápido.

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