Crônicas poéticas de Mikaeru

Pássaro engaiolado

Me sinto um pássaro engaiolado
Que tudo o que sabe fazer é cantar
Cantar sobre um céu maravilhoso e arriscado
Céu esse, que não posso voar...

Até os corvos podem rasgar o vento
Enquanto à mim?
Acho que permanecerei ao remendo
Bem, também acho que morrerei assim...

Cortaram minhas asas
E isso as fez sangrar
Nunca voarei observando do alto as casas
Essa ausência de liberdade vai me matar...

Talvez o meu canto seja o mais belo
Do que os pássaros que estão soltos
Pelo fato do meu canto ter um pranto esbelto
Enquanto os outros paracem loucos...

Quero sentir o bater do vento em meu rosto
Quero ser feliz e viver solto
Quero recitar minhas poesias com gosto
Quero roedar o mundo todo com meu canto...

Me sinto um pássaro com asas cortadas
Poesias que por mim serão contadas
Me sinto um pássaro com penas maltratadas
Poesias que em meu peito serão realizadas...

Por toda minha vida fui criado em cativeiro
E em cada dia que se passa minha gaiola está mais apertada
Já deixou de ser meu espaçoso viveiro
Parece que à vida só fica mais complicada...

Quero me sentir como um pássaro normal
Esse direito de mim foi roubado
Quero me tornar feliz pelo menos em meu dia final
Sou um pássaro amaldiçoado...

Ouve um período aonde passei por uma mão
Mão essa que me fez viver na ilusão
De que eu estava vivendo com razão
Mas essa razão, despedaçou meu coração...

Eu só quero me sentir vivo
Mesmo que eu tenha que viver livre e comer migalhas
Preciso sentir à liberdade percorrer pelo meu bico
Mesmo que para isso eu tenha que prefurar muralhas...