Reunião familiar

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Três semanas depois...

Julie Molina

Meu coração decidiu bater nos lugares mais aleatórios que ele poderia bater, eu não me sentia nervosa assim desde a primeira apresentação, a verdade é que a última fase do concurso ocorrerá só em Novembro, então temos bastante tempo para decidir oque fazer, ensaiar e também, vamos finalmente poder aproveitar um tempinho livre, eu só não esperava fazer oque estou fazendo nesse exato momento, voltando pra casa.

Os pais de Luke vieram para a cidade para buscar ele e os meninos para passarem um tempo em casa, já que eles perderam o carro quando estavam vindo pra cá mesmo que eu tivesse adorado ver a Tia Emilly e o Tio Mitch que foram super carinhos comigo e ficaram muito felizes em me ver, eles fizeram a maior burrada da vida deles que foi me levar pra minha cidade natal, Dallas era um bom lugar, bem parado mas era bom, só que tinha algo ali que me dava agonia e um certo medo de voltar; meus tios.

Medeia estava indo conosco e foi no carro dos Pattersons oque fez com que Luke se oferecesse para vir no nosso carro, ele sabia que eu estava prestes a surtar, qualquer pessoa que me conhecesse sabia que eu não estava confortável com a ideia de voltar pra "casa", Luke segurou minha mão e sorriu, na tentativa de me acalmar.

—Quando formos voltar, vamos de avião, dirigir pra casa é horrível — Meu pai reclamou e eu só pude confirmar.

—São 11 horas e 40 minutos de distância, vocês queriam oque? podíamos ter pedido pizza e ficado em casa — Falei e vi minha mãe revirar os olhos.

—Já falamos que não convidamos seus tios Julie, de tia sua, só minha irmã, de resto, não vai mais ninguém Hija. — minha mãe falou e eu suspirei concordando com a cabeça.

—Sei que já falamos mas quem vai estar lá vão ser os pais do Luke, sua tia Victória, suas avós e a Lindsay que ficou completamente em surto quando soube que você estava voltando — Meu pai repetiu a lista novamente com toda paciência do mundo e eu só suspirei me sentindo mal por estar sendo tão chata.

Eu dormi, eu acordei e nada de chegarmos na bendita cidade, não sabia se era a ansiedade gritando até ver que Luke também não aguentava mais, então sem dúvidas aquilo estava sendo um porre, eu vou ser a primeira a optar pelo avião na hora da volta, minha bunda está completamente quadrada, eu nem sei se minhas pernas vão voltar a se movimentar algum dia.

Por mais que eu não esteja mais aguentando ficar dentro desse carro, eu queria nunca chegar ao destino, já que o medo e ansiedade de estar indo pra Dallas me consumia de uma forma sem explicação e quando nós chegamos, eu congelei, todos saíram do carro e eu ficava repetindo "já vou" toda vez que me chamavam, eu não podia sair, eu olhava aquela casa e me dava enjôo, eu estava morrendo de medo e só voltei pra realidade quando Luke se sentou ao meu lado no carro e fez carinho na minha coxa, oque me fez olhar pra ele.

—Hey Juls, já tem uns 30 minutos que você tá ai dentro — Ele falou e eu apenas suspirei encarando os meus pés.

—Eu... eu tô com medo Luke— Falei escondendo meu rosto no ombro dele que levou sua mão até meu cabelo, fazendo carinho ali.

—Eu sei e tá tudo bem estar com medo Julie mas eles não vão estar aqui e mesmo se estivessem, eles não poderiam mais te machucar, eu não ia deixar e você sabe se proteger.

Respirei fundo encarando a porta da casa e concordei com a cabeça levado a minha mão até a dele e a apertando levemente.

—É que por mais que eu já seja adulta e saiba que não vão poder me machucar, eu fico repetindo e repetindo tudo que acontecia dentro dessa casa, eu não pensei nisso por anos e agora, eu tô bem aqui— Disse conforme ia saindo do carro lentamente com Luke, caminhamos até a escadinha da entrada e então eu travei novamente.

—Julie, eu vou estar aqui pra te proteger, Ok? — Luke colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e fez carinho na minha bochecha— Meu maior arrependimento, foi não ter impedindo você de ir embora, foi de não ter te protegido, eu me cobrei por isso e eu nunca, nunca vou deixar algo assim ocorrer novamente.

Minha única reação foi abraçar ele em um abraço apertado, ele retribuiu e então quando nos afastamos do abraço, eu o beijei, eu estava completamente necessitada daquele beijo, um beijo calmo e cheio de carinho, coloquei meus braços em volta do pescoço dele e quando o beijo começou a ganhar mais intensidade, a porta abriu.

—Iae casal, da pra dar um tempinho ou vão se comer aí fora? — Lindsay minha prima falou, eu nem tive tempo de sentir vergonha, corri pra abraçar a garota.

Eu e Lindsay entramos abraçadas e rindo por conta do tombo que levamos quando eu pulei encima dela pra abraçar ela, todo aquele meu nervosismo estava diminuindo, conversei com meus parentes, abracei, chorei, respondi milhares de perguntas, oque foi bem estranho, agora eu, Lindsay, Medeia e os meninos estamos na beira da piscina conversando.

— Então vocês pegaram os dois transando? — Minha prima gargalhava enquanto Alex contava detalhadamente o dia mais constrangedor da minha vida.

—Olha só, em minha defesa, eles não bateram na porta— Falei levantado as mãos em forma de rendição.

—A PORTA ESTAVA ABERTA JULIE MOLINA! — Reggie gritou fazendo todos olharem pra gente, oque fez eu querer sumir.

—Julie, você é uma safada— a ruiva gritou e eu apenas dei um tapa como resposta pra ela.

— Ela é mesmo — Luke falou entre os dentes mas eu ouvi e não fui a única porque Alex começou a rir e falou alto oque ele havia dito.

Estava sendo um dia muito agradável, eu nem sei porque senti tanto medo de vir pra cá, é minha casa, minha família e eu morria de saudade deles, eu não podia simplesmente estragar tudo pelo meu medo bobo, me levantei pra pegar mais um pouco de sorvete e então alguém chegou falando.

— Porque ninguém me avisou dessa festa? — Mesmo depois de anos, eu reconheceria aquela voz de qualquer lugar, minhas pernas tremeram e era como se tudo tivesse escurecido e de fato escureceu porque eu não lembro de mais nada depois disso.

Flashback on

—SABE OQUE VOCÊ É JULIE? UMA GAROTINHA MIMADA, ARROGANTE, BURRA E SEM TALENTO NENHUM— Tio John gritava segurando meus braços com força.

—Pra que isso tudo aqui? tudo lixo, lixo... — Tia Agnes jogava as minhas músicas na lareira.

—Para, porfavor, não faz isso, oque eu fiz pra vocês? eu não dou trabalho nenhum, porfavor para, PORFAVOR.— eu gritava chorando, implorava pra eles não destruírem minhas coisas mas quando eles não estavam jogando minhas coisas no fogo e quebrando, eram em mim que as mãos deles estavam ocupadas, me batendo.

Flashback off

— Julie! acorda meu amor, Julie— Acordei com Luke me chamando.

—Oque houve? eu... eu não lembro— falei me levantando lentamente e me sentando no chão e então meus olhos pararam nas duas pessoas na minha frente.

— Julie, a gente gostaria de conversar com você, se não for muito pra você. — Agnes falou ajoelhada na minha frente.

Eu quero desaparecer, que tudo isso seja um sonho, que tudo isso seja um sonho.

Destined - JukeOnde histórias criam vida. Descubra agora